sábado, 5 de dezembro de 2009

385 Buddha Cervo


385
“Irás ao Parque do Rei...etc.” - O Mestre contou esta história em Jetavana sobre um Irmão que amparava pai e mãe. Ele perguntou o Irmão, “É verdade que amparas leigos?” “Sim, senhor.” “Quem são eles?” “Meu pai e minha mãe, senhor.” “Muito bem, muito bem, Irmão : guardas a regra de sábios antigos pois eles também quando natos bestas, deram a vida pelos pais,” e contou um conto antigo.
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Certa vez quando o rei Kosala reinava entre os Kosalas em Sāketa (Oudh), o Bodhisatva nasceu como cervo; quando cresceu foi chamado Nandiyamiga e sendo excelente em caráter e conduta amparava pai e mãe. O rei de Kosala gostava de caçar e saía todo dia para caçar com uma grande escolta, de modo que o povo não conseguia continuar a plantar e comerciar. O povo se uniu e em consulta disse, “Senhores, este rei nosso está destruindo o comércio e nosso modo de viver ; e se cercássemos o parque Añjanavana, colocássemos um portão, cavássemos um poço e gramasse e então indo até a floresta com paus e bastões nas mãos, batéssemos nas árvores e enxotássemos os cervos e os dirigíssemos à força para o parque como gado numa fazenda ? Então poderíamos fechar os portões, avisar o rei e retornar ao comércio e plantações.” “Este é o jeito,” eles disseram e assim com vontade unívoca prepararam o parque e entrando na floresta cercaram um espaço de dois quilômetros. Naquele momento Nandiya tinha levado seus pais para um bosque e descansavam no chão. O povo com muitos escudos e armas nas mãos cercou o bosque; e algum entrava procurando cervos. Nandiya os viu e pensou, “É bom que ho-je eu abandone a vida e a dê para meus pais,” e assim levantando e falando a seus pais disse, “Pai e mãe, estas pessoas verão nós três se entrarem neste bosque; só há um jeito de vocês sobreviverem, e é melhor a vida de vocês: darei a vocês suas vidas, ficando na margem do bosque e saindo logo que eles batam: eles pensarão que só tem um cervo e não entrarão: estejam prontos” : e assim com a permissão deles ficou pronto para correr. Logo que o bosque foi batido nas margens pelas pessoas que gritavam ele saiu, e pensando que só tinha um cervo lá, não entraram. Nandiya foi com os outros cervos, e o povo os dirigiram para dentro do parque; e então fechando os portões comunicaram ao rei e foram para suas próprias casas. A partir daí o rei passou a sempre ir e matar um cervo; então ele mesmo ia ou mandava alguém pegar o cervo. Os cervos fizeram turnos, e aquele que chegava a vez ficava de lado : e o pegavam depois de acertar, abater. Nandiya bebeu água do poço e comeu grama mas ainda não era sua vez. Então depois de muitos dias seus pais ansiando em vê-lo pensaram, “Nosso filho Nandiya, rei dos cervos, era forte como um elefante e de saúde perfeita : se ele está vivo certamente pulará a cerca e virá nos ver; enviemos uma mensagem” : então eles permaneceram próximos à estrada e vendo um brahmin perguntaram com voz humana, “Senhor, onde vais?” “Para Sāketa,” ele disse; e assim enviando uma mensagem para o filho eles falaram a primeira estrofe:

Irás ao Parque do Rei, brahmin, quando por Oudh estiveres atravessando ?
Encontre nosso querido filho Nandiya, e fale nossa mensagem verdadeira,
“Seu pai e sua mãe estão acometidos de anos e os corações deles anseiam por ti.”

O brahmin, dizendo, “’Tá bem,” aceitou, e indo para Sāketa no dia seguinte entrou no parque e perguntou “Quem é Nandiya ?” O cervo veio e aproximou-se e disse, “Eu.” O brahmin deu a mensagem. Nandiya, escutando disse, “Devo ir, brahmin; certamente devo pular a cerca e ir : mas gozei de comida e bebida do rei e isto fica para mim como um débito : além do que vivi bem entre estes cervos e seria impróprio sair sem fazer algum bem a este rei e a eles, ou sem mostrar minha força: quando chegar minha vez farei bem a eles e irei feliz” : e assim explicando, falou duas estrofes:

Devo ao Rei, a comida e a bebida diária:
Não posso ir até ter-lhes feito bem.

Mostrarei meu lado às flechas do Rei:
Depois ver minha mãe e me justificar.

O brahmin escutando isto foi embora. Depois no dia que chegou a vez dele, o rei com um grande séquito chegou ao parque. O Bodhisatva ficou de lado: e o rei dizendo, “Acertarei o cervo,” ajustou um flecha afiada na corda. O Bodhisatva não correu como os outros animais fazem quando aterrorizados com o medo da morte mas destemido e fazendo da caridade a guia permaneceu firme, expondo seu lado de poderosas estruturas. O rei devido a eficácia do amor não pode disparar a flecha. O Bodhisatva disse, “Grande rei, por que não disparas a flecha? Atire ! “ “Rei dos cervos, não posso.” “Veja o mérito [n. do tr. : há um trocadilho com guna que significa mérito e corda] do virtuoso, ó grande Rei.” Então o rei, feliz com o Bodhisatva, largou o arco e disse, “Este pedaço de madeira insensível sabe seu mérito : deveria eu sensível que sou sendo gente não saber ? Perdoe-me ; dou-lhe proteção.” “Grande rei, dá-me proteção mas o que será desta horda de cervos?” “Dou proteção a todos também.” Assim o Bodhisatva tendo ganho proteção para todos os cervos no parque para os pássaros nos ares e os peixes na água, da maneira descrita no Jātaka 12 e 445, estabeleceu o rei nos cinco preceitos e disse, “Grande rei, é bom para um rei reinar o reino evitando os caminhos errados, não ofendendo nenhuma das virtudes reais e agindo com retidão justa.

Ofertas, princípios, caridade, justiça e penitência,
Paz, mansidão, misericórdia, doçura, paciência:

Estas virtudes plantadas na alma sinto,
Delas brota o Amor e o perfeito bem interior.

Com estas palavras ele mostrou as virtudes reais na forma de estrofes, e depois de ficar uns dias com o rei este envia um tambor dourado ao redor da cidade proclamando o dom da proteção a todos os seres : e dizendo então, “Ó rei, vigie,” foi para seus pais.

Antigamente em Oudh um rei dos cervos chamei-me
De nome e natureza, Nandiya, Delícia [Prazer, Deleite].

Para matar-me no parque dos cervos veio o Rei,
Seu arco estava curvado e a flecha na corda.

À flecha do Rei expus o lado ;
E então fui ver mamãe para me justificar.

Estas foram estrofes inspiradas pela Perfeita Sabedoria.
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No fim, o Mestre declarou as Verdades, e identificou o Jātaka: - Ao final das Verdades, o Irmão que amparava sua mãe foi estabelecido no Primeiro Caminho: - “Naquele tempo o pai e a mãe eram membros da família real, o brahmin Sāriputra, o rei Ananda, o cervo eu mesmo.”




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