terça-feira, 30 de junho de 2015

490 O Voto de Sábado.








               ( Moedas de Magadha onde se vê o dharma chakra e as quatro nobres verdades, a cruz do sofrimento,  entre outros símbolos )

490
Estás contente...”. - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre quinhentos Irmãos leigos que estavam debaixo em votos de Sábado. Naquele tempo eles disseram que o Mestre, sentado no glorioso assento de Buddha, no Salão da Verdade, no meio dos quatro tipos de grupos ( Irmãos, Irmãs, Irmãos leigos, Irmãs leigas ), olhando ao redor a reunião com coração gentil, percebeu que neste dia o ensino seria um conto de Irmãos leigos. Então dirigiu-se a estes e disse, “Os Irmãos leigos tomaram os votos de Sábado ?” “Sim, Senhor, les tomaram,” foi a resposta. “Fizeram bem, esta celebração do sábado era prática de sábios antigos : sábios antigos, digo, guardavam a celebração do sábado para dominar os pecados paixões e luxúrias.” Então ao pedido deles ele contou uma história do passado.

_______________________

Certa vez havia uma grande floresta que separava o reino de Magadha de dois reinos que faziam limites com ele. O Bodhisatva nascera em Magadha, como alguém de uma grande família brahmin. Quando ele cresceu, renunciou os desejos e partiu indo para a floresta, onde fez um eremitério e lá habitou. Bem, não muito longe deste eremitério, em uma moita de bambus, vivia um Pombo selvagem com sua companheira ; em um certo cupinzeiro vivia uma Cobra ; em uma mata um Chacal tinha sua toca e em outra um Urso. Estas quatro criaturas costumavam visitar o sábio de tempos em tempos e escutavam seu discurso.

Um dia o Pombo e sua companheira deixaram o ninho e foram catar comida. A fêmea estava atrás e enquanto ia, um Gavião a agarrou e a levou. Escutando seu grito o macho virou e olhou e a viu sendo carregada por ele ! O Gavião a matou no meio dos gritos e a devorou. Neste momento o pássaro queimava com o fogo do amor por sua companheira assim arrancada dele. Então pensou, “Esta paixão me atormenta excessivamente ; não buscarei comida até descobrir como dominá-la.” Encurtando então sua busca foi até o asceta e tomando seu voto de dominar desejo, sentou em um dos lados.

O Cobra também saiu em busca de comida ; e saiu de seu buraco e procurava algo na trilha de pasto próxima das vilas ao redor. Justo então havia um touro que pertencia ao prefeito da aldeia, uma criatura gloriosa toda branca, que após alimentar-se sentou-se sobre as patas ao pé de um cupinzeiro e remexia a terra com seus chifres esportivamente. A Cobra aterrorizou-se com o barulho dos cascos do touro e correu para se esconder no cupinzeiro. O touro a ameaçou e a Cobra ficou irada e picou o touro ; e o touro morreu lá e então ( 'then and there' ). Quando os aldeões encontraram o touro morto, todos correram lastimosos e honraram o morto com grinaldas, o enterraram numa cova e retornaram para suas casas. A Cobra saiu quando eles já tinham ido e pensou, “Através da ira tirei a vida desta criatura e causei sofrimento aos corações de muitos. Nunca mais sairei em busca de comida até ter aprendido a dominá-la.” Então virou-se e foi para o eremitério e tomando sobre sio voto de dominar a raiva, sentou-se em um dos lados.

O Chacal do emsmo modo saiu em busca de comida e encontrou um elefante morto ( cf. jataka 148 onde acontece a mesma coisa ). Ficou deliciado : “Muita comida aqui !” ele gritou e e deu uma mordida na tromba – foi como se mordera um tronco d'árvore. Não gostou nada e mordeu a presa – era como morder pedra. Tentou a barriga - parecia uma cesta. Então caiu em cima do rabo e era como uma tigela de ferro. Então atacou as ancas e, olhem !, estava macia como um bolo de manteiga. Gostou tanto que devorou até formar um caminho para dentro. Lá permaneceu, comendo quando estava com fome e quando estava com sede bebia sangue ; e quando descansava, espalhou-se pelas entranhas da besta, deitando nos pulmões como cama. “Aqui”, pensou ele, “encontrei comida e bebida e uma cama ; por quê iria para outro lugar ?” E assim permaneceu, bem contente, dentro da barriga do elefante e não saia mais de lá. Logo logo o corpo ficou seco com o vento e o calor e o caminho para fora nas ancas foi fechado. O Chacal atormentado dentro perdeu carne e sangue, seu corpo ficou amarelo mas achar o caminho de saída ele não conseguia. Então um dia veio uma chuva inesperada ; a entrada foi ensopada e aumentou mostrando uma abertura. Quando ele viu a fresta, gritou, “Muito tempo ficquei aqui atormentado e agora sairei por este buraco.” E colocou a cabeça pelo buraco. A passagem era estreita e ele passou apertado de modo que seu corpo foi escovado e ele perdeu todos os pelos. Quando saiu estava pelado como tronco de palmeira, nem um fio de pelo se via nele. “Ah,” pensou ele, “minha cobiça me trouxe esta desgraça. Nunca novamente sairei em busca de alimento , até ter aprendido a dominar minha cobiça.” Então dirigiu-se para o eremitério e tomou para si o voto de dominar a ganância e sentou em um dos lados.

O Urso também saiu da floresta e sendo escravo da cobiça, foi para uma vila da
fronteira do reino de Mala. “Eis um urso !” gritaram os aldeões todos ; e saíram armados com arcos, paus, porretes e o quê havia e cercaram a moita em que ele se escondia. Ele vendo-se cercado por uma multidão, correu e saiu fora e enquanto fugia foi surrado com os arcos e porretes. Chegou em casa com a cabeça quebrada e sangue escorrendo. “Ah,” ele pensou, “é minha ganância excessiva que me trouxe tantos problemas. Nunca mais sairei em busca de comida até ter aprendido a controlá-la.” Então foipara o eremitério e tomou o voto de controlar ganância e sentou em um dos lados.

Mas o asceta era incapaz de induzir o ênstase místico, porque ele estava cheio de orgulho devido a seu nascimento nobre. Um Pacceka Buddha , percebendo que ele estava possesso de soberba, ainda assim reconheceu que ele não era uma criatura qualquer. “O homem ( ele pensou ) estádestinado a ser um Buddha e neste ciclo mesmo atingirá a sabedoria perfeita. Vou ajudá-lo a controlar orgulho e o farei desenvolver as Consecuções.” Então enquanto ele estva sentado na cabana de folhas, o Pacceka Buddha desceu dos Altos Himalaias e sentou-se na lage de pedra do asceta. O asceta saiu e o viu em seu assento e na sua soberba não era mais senhor de si. Ele subiu e estalando os dedos para ele, gritou, “Maldito sejas, vilão vagabundo, hipócrita careca, por quê sentas no meu assento ?” “Santo homem,” disse o outro, “por quê estais possesso de orgulho ? Penetrei a sabedoria de um Pacceka Buddha e te digo que durante este mesmo ciclo de vida serás omnisciente ; estás destinado a se tornar um Buddha ! Quando tiveres atingido as Virtudes Perfeitas, após o lapso de um mesmo período de tempo, serás um Buddha ; e quando te tornares um Buddha, Siddharta será teu nome.” Disse depois nomes de clãs e famílias, discípulos chefes, e assim por diante, adicionando, “Agora por quê és tão assoberbado e apaixonado ? Estas coisas são sem valor para ti.” Tal foi aviso do Pacceka Buddha. A estas palavras o outro nada disse : nem saudação, nem perguntas de quando ouonde se tornaria um Buddha. Então o visitante disse, “Compare a medida do seu nascimento com meus poderes como este : se puderes elevar-se nos ares como eu faço.” assim falando, ele elevou-se nos ares e chacoalhou a poeira dos seus pés sobre o coque de cabelo que o outro trazia amarrado na cabeça e então retornou de volta para o Alto Himalaia. Com sua partida o asceta foi tomado pela tristeza. “Há um homem santo,” ele disse, “com um corpo pesado como aquele, passando pelos ares como um floco de algodão soprado pelo vento ! Tal pessoa, um Pacceka Buddha, e eu nem lavei os pés dele devido ao meu orgulho de nascimento, nem perguntei a ele quando deverei me tornar um Buddha. O quê este nascimento pode fazr por mim ? Neste mundo um ato de poder é ter uma vida correta ; mas esta minha soberba leva-me para o ínfero. Nunca novamente sairei em coleta de frutos até que tenha aprendido como controlar meu orgulho.” Então ele entrou em sua cabana de folhas e tomou sobre si o voto de dominar soberba. Sentado em seu catre de gravetos, o jovem sábio nobre dominou seu orgulho, induziu o transe místico, desenvolveu as Faculdades e as Consecuções ( os Conseguimentos ) e depois veio para fora e sentou no assento de pedra que estava na extremidade do caminho coberto.

O Pombo então e os outros levantaram-se, saudaram-no e sentaram em um dos lados. O Grande Ser disse ao Pombo, “Nos outros dias você nunca veio aqui nesta hora mas sais em busca de alimento : estás guardando um jejum de sábado ho-je ?” “Sim, Senhor, estou.” Então ele disse,”Por quê isto ?” recitando a primeira estrofe :

Tu te contentas com pouco, estou certo.
Não queres mais comida,Ó pombo voador, agora ?
Fome e sede por quê aguentar voluntariamente ?
Por quê tomar sobre si, Senhor, o voto de sábado ?

Ao que o Pombo respondeu em duas estrofes :

Uma vez cheio de ganância minha companheira e eu
Divertíamos qual amantes neste lugar.
A ela um gavião agarrando levou embora voando :
Assim, arrancada de mim, aquela que amava não estava mais !

De vários modos minha perda cruel saboreei ;
Sinto dor em tudo que vejo ;
Portanto procuro ajuda dos votos de sábado,
Para que tal paixão nunca mais retorne em mim.

Quando o Pombo assim louvou sueu ato em relação aos votos, o Grande Ser fez a mesma pergunta para a Cobra, o Chacal e o Urso. Cada um declarou as razões de suas ações.

Moradora d'árvore, cobra espiralada de barriga rastejante,
Armada com fortes presas e veneno rápido e certo
Estes votos de sábado por quê queres tomar ?
Por quê fome e sede voluntariamente aguentar ?

O touro do prefeito, cheio de força e poder,
Com a corcova trepidando, bela e harmônica,
Me pisou : irada o piquei :
Tomado de dor morreu lá e então

Derramam-se todos os moradores para fora da vila,
Lamentando-se e chorando pela visão que veem.
Portanto corro para a ajuda do voto de sábado
Que tal paixão nunca mais retorne em mim.

Carniça para ti é comida rara e rica,
Cadáveres que em chão sepucral jazem apodrecendo.
Por quê um Chacal resiste fome e sede ?
Por quê tomar para si votos de sábado, por quê ?

Encontrei um elefante e gostei da carne
Então, bem, dentro da barriga dele fiquei.
Mas o vento quente e o calor escaldante do Sol
Secou a pasagem por onde abri meu caminho.

Todo magro e amarelo me tornei, meu Senhor !
Não havia caminho para sair, tinha que ficar.
Então veio uma tempestade que encharcou veementemente,
Umedecendo e amaciando o caminho posterno.

Para sair não fui lento,
Como a Lua deixando as mandíbulas de Rahu :
Portanto voo para a ajuda dos votos de sábado
Que cobiça fique longe de mim : esta é a causa.

Teus modos antes já foram de fazer uma refeição
De formigas no formigueiro, Mestre Urso :
Por quê desejar agora fome e sede sentir ?
Por quê desejar agora o voto de sábado jurar ?

Cobiçoso, com desdém em excesso, minha própria casa
Para os Malatas fugi correndo.
Para fora da cidade todos do povo vieram,
Com arcos e porretes me surraram.

Sujo de sangue e com a cabeça quebrada
Corri de volta para minha moradia fugindo
Portanto aos votos de sábado agora me refugio
Que cobiça possa nunca mais se aproximar.

Desde modo todo os quatro proclamaram seuspróprios atos ao tomarem estes votos sobre si ; levantando-se e saudando o Grande Ser eles fizeram então esta pergunta , “Senhor, em outros dias sais para fora nesta hora para buscar frutos do campo. Por quê ho-je não foste mas observas os votos de sábado ?” Eles recitaram esta estrofe :

A razão, Senhor, a qual tu que tens a mente para entender
No nosso melhor entendimento te contamos :
Mas faríamos uma pergunta na nossa vez :
Por quê tu, Ó brahmin, tomaste ovoto de sábado ?

Ele lhes explicou :

Foi um Pacceka Buddha, que veio só
E permaneceu um momento em minha cabana e apresentou-me
Minhas idas e vindas, nome e fama,
Minha família e todo meu futuro caminho.

Então devorado pela soberba, não atirei -
Me a seus pés ; nada questionei.
Portanto para os votos de sábado me refugio,
Que orgulho não mais se aproxime como antes.

Deste modo o Grande Ser explicou seu próprio guardar dos votos. Então os aconselhou e o despachou e entrou na sua cabana. Os outros retornaram cada um para seu próprio lugar. O Grande Ser sem interromper seu ênstase tornou-se destinado ao Mundo de Brahma, e os outros sustentando seus conselhos, foram destinados a preencher as hostes celestes.

______________________

O Mestre, tendo terminado este discurso, disse, “Assim, Irmãos leigos, o votode sábado er costume de sábios antigos e deve ser guardado agora também.” Então ele identificou o Jataka : “Neste tempo Anurudha era o Pombo, Kassapa era o Urso, Moggaallana o Chacal, Sariputra a Cobra e eu mesmo era o asceta.”


quinta-feira, 25 de junho de 2015

489 Buddha e Visakha




    ( Imagem de Mithila atualmente )


489
Sou...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia proximo a Savatthi na mansão da mãe de Migara, como ela, Visakha a grande Irmã laica, recebeu Oito Dons. Um dia ela escutou a Lei ( Dharma ) pregada em Jetavana e voltou para casa após convidar o Buddha com seus seguidores para o dia seguinte. Mas tarde naquela noite um tempetaste imensa caiu como um dilúvio nos quatro continentes do mundo. O abençoado dirigiu-se aos Irmãos como segue : “Como a chuva cai aqui em Jetavana, do mesmo modo, Irmãos, cai nos quatro continentes do mundo. Vocês estão encharcados até a pele : esta é minha última grande tempestade !” Então com os Irmãos, cujos corpos já estavam encharcados, pelo seu poder sobrenatural ele desapareceu de Jetavana e apareceu em um aposento da mansão de Visakha. Ela gritou, “Uma maravilha realmente ! Um acontecimento misterioso ! Milagre feito pelo poder do Tathagata ! Com água até os joelhos, não, com água rolando até os quadris, nem mesmo o pé ou o hábito de um único Irmão será molhado !” Alegre e feliz, ela serviu o Buddha e toda a sua companhia. Após a refeição ela disse ao Buddha, “Verdadeiramente anseio dons das mãos do Abençoado.” “Visakha, os Tathagatas têm dons além da medida.” “Mas quais os permitidos, quais os sem culpa ?” “Fale Visakha.” “Anseio que toda a minha vida eu possa ter o direito de oferecer mantos para a estação das chuvas aos Irmãos, comida para todos que venham como convidados, comida para os padres viajantes, comida para os doentes, comida para aqueles que cuidam dos doentes, remédios para os doentes, uma contínua distribuição de mingau de arroz ; e para as Irmãs por toda a vida hábitos para o banho.” O Mestre respondeu “Que benção tens em vista, Visakha, quando pedes estes oito dons ao Tathagata ?” Ela disse a ele o benefício que esperava e ele disse, “ Está bem, está bem, Visakha, está bom realmente, Visakha, este benefício que esperas ao pedir os oito dons do Tathagata.” Então ele disse, “ Concedo-te os oito dons, Visakha.” Tendo concedido os oito dons e agradecido-a ele partiu.
Uma dia quando o Mestre residia no parque Leste, os Irmãos começaram a falar no Salão da Verdade : “Irmão, Visakha a grande Irmã leiga, sendo mulher recebeu oito dons das mãos do Dasabala. Ah, grandes são as virtudes dela !” O Mestre entrou e perguntou o quê conversavam. Disseram a ele. Ele repondeu, “Esta não é a primeira vez que esta mulher recebe dons de mim pois recebeu tais antes” ; e ele contou-lhes uma história do passado.
______________________

Certa vez reinou um rei Suruci em Mithila. Este rei, tendo nascido um filho dele, deu-lhe o nome de Suruci kumara, ou príncipe Esplêndido. Quando ele cresceu, decidiu estudar em Takkasila ( Taxila ) ; então para lá se dirigiu e e sentou numa sala no grande portão da cidade. Bem, o filho do rei de Benares também, cujo nome era Príncipe Brahmadatra, foi para o mesmo lugar e sentou-se no mesmo banco onde Príncipe Suruci sentou. Travaram conversação e tornaram-se amigos e dirigiram-se juntos para o professor. Pagaram a taxa, estudaram e não muito tempo depois a educação deles estava completa. Eles então despediram-se do professor e foram para a estrada juntos. Após viajarem assim uma pequena distância, chegaram num lugar onde a estrada bifurcava. Então abraçaram-se e de modo a manter a amizade viva fizeram um acordo : “S'eu tiver um filho e você tiver uma filha ou você um filho e eu uma filha, faremos um casamento entre os dois.”
Quando eles estavamno trono, um filho nasceu do rei Suruci e a ele também o nome de Príncipe Suruci foi dado. Brahmadatra teve uma filha e o nome dela era Sumedha, a Senhora Sábia. Príncipe Suruci no devido tempo cresceu, foi para Takkasila ( Taxila ) educar-se e tendo terminado retornou. Então seu pai, desejando ungí-lo rei com a aspersão cerimonial, pensou consigo mesmo, “Meu amigo o rei de Benares tem uma filha, me falaram : farei dela a esposa do meu filho.” Com este propósito enviou uma embaixada com ricos presentes.
Mas antes que eles chegassem, o rei de Benares perguntou a rainha uma pergunta : “Senhora, qual a pior desgraça para uma mulher ?” “Polemizar com suas companheiras esposas.” “Então, minha senhora, para salvar nossa própria filha a Princesa Sumedha desta miséria, a daremos apenas para aquele que a terá sem outra outra esposa.” Então quando os embaixadores chegaram e falou o nome da sua filha, ele lhes disse, “Bons amigos, realmente é verdade que prometi minha filha a meu filho amigo. Mas não temos nenhum desejo de atirá-la no meio de uma multidão de mulheres, e a daremos apenas àquele que com ela casará e com mais nenhuma outra.” Esta mensagem eles trouxeram de volta ao rei. Mas o rei ficou desgostoso. “Nosso reino é grande,” ele disse, “a cidade de Mithila cobre sete léguas, a medida de todo o reino é de trezentas léguas. Tal rei deve ter dezesseis mil esposas no mínimo [ um harém ].” Mas Príncipe Suruci, escutando falar da grande beleza de Sumedha, ficou apaixonado só de escutar. E então enviou mensagem aos pais dizendo : “A terei e mais nenhuma outra : por quê quereria uma multidãode mulheres ? Tragam-na .” Eles não frustaram seu desejo mas enviaram um rico presente e uma grande embaixada para trazê-la para casa. Então ela foi feita sua rainha e ambos juntos foram consagrados com a aspersão.

Ele tornou-se rei Suruci e legislou com justiça viveu uma vida altamente feliz com sua esposa. Mas apesar de habitarem no palácio dele por dez mil anos nunca nem filha nem filho ela teve dele.

Então todo o Povo reuniu-se no jardim do palácio com gritos e brados. “O quê é isto ?” o rei perguntou. “Não vemos nehuma outra falta a não ser esta, que você não tenha filho pára manter a linhagem. Tens apenas uma esposa ainda que um príncipe real deva ter dezesseis mil pelo menos. Escolha uma companhia de mulheres, meu senhor : alguma esposa valiosa lhe dará um filho.” “Queridos amigos, o quê é isto que dizes ? Dei minha palavra que não tomaria outra esposa e nestes termos a desposei. Não posso emntir, sem hoste de mulheres para mim.” Então ele recusou o pedido e eles partiram. Mas Sumedha escutou o quê foi dito. “O rei se recusa a escolher concubinas para o bem da verdade” pensou ela ; “bem, encontrarei alguém para ele.” fazendo a parte de mãe e esposa do rei, ela escolheu por si mesmamil garotas da casta guerreria, mil das cortesãs (da corte ), mil das donas de casa, mil de todos os tipos de dançarinas, quatro mil no total, e as entregou a ele. E todas estas moraram no palácio por dez mil anos e nunca um filho ou uma filha elas fizeram crescer entre elas. Deste modo ela trouxe três vezes quatro mil garotas mas elas não tiveram nem filho nem filha. Assim ela trouxe para ele dezesseis mil mulheres no total. Quarenta mil anos se passaram, quer dizer, cinquenta mil no total, contando os dez mil que viveram sozinhos juntos. Então o Povo novamente se reuniu em reprovação. “O quê é isto agora ?” o rei perguntou. “Meu senhor mande as mulheres rezarem por um filho.” O rei aceitou a ideia e as mandou rezarem. Daí em diante rezando por um filho, elas veneraram todo tipo de deidade e ofereceram todo tipo de voto ; ainda assim nenhum filho apareceu. Então o rei mandou Sumedha rezar por um filho. Ela aceitou. No jejum do décimo quinto dia do mês, ela tomou sobre si o óctuplo voto de sábado [ os oito silani : contra matar, roubar, impurezas, mentir, bebidas intoxicantes, comer em horas proibidas, prazeres mundanos, unguentos e ornamentos ] e sentou meditando nas virtudes em um aposento magnífico em uma cama magnífica. As outras estavam no parque, fazendo votos de sacrifícios de cabras e gado. Pela glória da virtude de Sumedha a residência de Sakra começou a tremer. Sakra ponderou e entendeu que Sumedha pedia por um filho ; bem, ela deve ter um. “Mas não posso dar a ela este ou aquele filho indiferentemente ; vou procurar um que seja adequado.” Então ele viu um jovem deus chamado Nalakara, o Trançador de Cestos. Ele era um ser dotado de mérito, que numa vida anterior viveu em Benares, quando aconteceu isto com ele. Na época de semear quando estava no seu caminho para os campos ele percebeu um Pacceka Buddha. Enviou seus empregados mandando-lhes semear a semente mas ele mesmo retornou e levou o Pacceka Buddha para casa e deu a ele o quê comer e então o conduziu novamente para as margens do Ganges. Ele e seu filho juntos fizeram uma cabana, troncos de figueiras para a fundação e galhos trançados para as paredes ; colocou uma porta e fez um caminho. Lá por três meses fez o Pacceka Buddha viver ; e após as chuvas terminarem, eles dois, pai e filho, colocaram nele três vestes e o deixaram ir. Do mesmo modo cuidaram de sete Pacceka Buddha naquele cabana e deram a eles três vestes e os deixaram seguir seus caminhos. Então as pessoas ainda falam como estes dois, pai e filho, tornaram-se trançadores de cestos e catavam vime nas margens do Ganges e quando percebiam um Pacceka Buddha faziam como disseram. Quando eles morreram, nasceram no céu dos Trinta e Três e habitaram nos seis céus dos sentidos um após outro em sucessão direta e reversa, gozando de grande majestade entre os deuses. Estes dois após morrerem naquela região estavam desejosos de ganhar o mundo superior divino. Sakra percebendo que um deles seria o Tathagata, foi até a porta da mansão deles e saudando-o quando levantava-se e encontrando com ele disse, “Senhor, deves ir para o mundo dos seres humanos.” Mas ele disse, “Ó rei,o mundo dos seres humanos é odioso e repulsivo : aqueles que moram lá fazem o bem e dão ofertas ansiando pelo mundo dos deuses. Que devo fazer quando chegar lá ?” “Senhor, deves gozar com perfeição tudo que pode ser gozado naqule mundo ; habitarás um palácio feito de pedras preciosas, vinte e cinco léguas de altura. Aceite.” Ele aceitou. Quando Sakra recebeu esta promessa, disfarçado de sábio ele desceu no parque do rei e apresentou-se planando acima daquelas mulheres noas ares de um lado para o outro, enquanto cantava, “A quem darei a benção de um filho, quem anela a benção de um filho ?” “Para mim, Senhor, para mim !” milhares de mãos se ergueram. Então ele disse, “Dou filhos para a virtuosa : qual a sua virtude, qual a sua vida e conversação ?” Elas abaixaram as mãos dizendo, “Se recompensarás virtude, vás procurar Sumedha.” Ele seguiu seu caminho pelos ares e parou na janela do quarto dela. Elas foram e disseram a ela, “Veja, minha senhora, um rei dos deuses desceu pelos ares e permanece na janela do quarto, te oferecendo o dom de um filho !” Com grande pompa ela dirigiu-se para lá e abrindo a janela disse, “É verdade, Senhor, o quê escutei, que ofereces a benção de um filho para uma mulher virtuosa ?” “É e isto eu faço.” “Então me conceda.” “Qual a sua virtude, diga-me ; e se me agradares te concedo o dom.” Então declarando sua virtude ela recitou estas quinze estrofes :

Sou rainha do rei Ruci, a primeira com quem jamais casou ;
Com Suruci dez mil anos levei vida de casada.

Suruci rei de Mithila, capital de Videha,
Nunca desprezei seu desejo, nem o considerei ruim ou baixo,
Em atos ou pensamentos ou palavra, por trás de suas costas nem na sua frente.

Se isto é verdade, Ó santo, então possa este filho ser dado :
Mas se meus lábios falam mentiras então exploda minha cabeça em sete.

Os pais do meu esposo querido, enquanto governaram,
Enquanto viveram, sempre me treinaram no Caminho.

Minha paixão era não tirar a vida e desejava fazer o certo :
Servi-os com cuidado extremo sem descanso dia e noite.

Se isto é verdade, etc.

Não menos que dezesseis mil damas foram minhas esposas companheiras :
Ainda assim, brahmin, nunca ciúme nem raiva surgiu entre nós.

Com a boa fortuna delas me alegrei ; cada uma me é cara ;
Meu coração é mole com todas estes esposas como se fora eu mesma.

Se isto é verdade, etc.

Escravos, mensageiros e empregados, todos circulando pelo paço,
Dou-lhes comida, trato-lhes bem, com rosto alegre e feliz.

Se isto é verdade, etc.

Ascetas, brahmins, qualquer mendicante é visto aqui,
Conforto-lhes com bebida e comida, minhas mãos sempre lavadas limpas
Se isto é verdade, etc.

O dia oitavo da quinzena, o décimo quarto, o décimo quinto,
E o jejum especial, guardo a todos, ando pelos caminhos sagrados.

Se isto é verdade, Ó santo, então possa este filho ser dado :
Mas se meus lábios falam mentiras então exploda minha cabeça em sete.

Na realidade nem cem versos, nem mil, seriam suficientes para cantar os louvores de suas virtudes : ainda assim Sakra permitiu-a cantar seus próprios louvores nestas quinze estrofes, nem a interrompeu apesar de ter muito o quê fazer em outro lugar ; então ele disse “Abundante e maravilhosa são suas virtudes” ; então em louvor dela ele recitou um par de estrofes :

Todas estas grandes virtudes, gloriosa dama, Ó filha de rei,
São encontradas em ti, que de si mesmo, Ó senhora, cantaste.

Um guerreiro, nascido de sangue nobre, glorioso e sábio,
Imperador justo de Videha, teu filho, surgirá logo.

Quando estas palavras ela escutou, em grande alegria ela recitou duas estrofes, colocando uma questão a ele :

Despenteado, enfarruscado de poeira e sujeira, pousado no céu,
Falas com voz amável que me aferroa o coração.

És um deus poderoso, Ó sábio, e moras no alto céu ?
Ó digas-me de onde vens, Ó digas-me quem és ?

Ele disse a ela em seis estrofes :

Sakra o Cem olhos tu vês, pois assim os deuses me chamam
Quando costumam se reunir na sala de julgamento celeste.

Quando mulheres virtuosas, sábias e e boas aqui no mundo são encontradas
Esposas verdadeiras, gentis com a mãe do marido em laço de dever mesmo,

Quando tal mulher sábia de coração e boa de atitudes eles percebem,
Até ela, apesar de mulher, eles divindades, os deuses mesmo irão.

Portanto senhora, tu, através da vida valorosa, através de boas ações feitas,
Nascida princesa, toda a felicidade que o coração pode desejar, ganhaste.

Assim deves colher teus atos, princesa, com a glória na terra,
E depois no mundo dos deuses um nascimento novo e celeste.

Ó sábia, Ó abençoada ! Vivas portanto, preserve tua conduta reta :
Agora devo retornar ao céu, deliciado com a visão de ti.

Tenho negócios a fazer no mundo dos deuses”, cotejou ele, “por isto me vou ; mas tu permaneças vigilante”. Com este aviso ele partiu.
De manhã, o deus Nalakara foi concebido dentro do útero dela. Quando ela entendeu isto, contou ao rei e ele fez o necessário para uma mulher grávida. No final de dez meses ela deu à luz um filho e deram a ele o nome de Maha-panada. Todas as pessoas dos dois países vieram gritando, “Meu senhor, trazemos como presente para o bebê” e cada um jogou uma moeda no jardim do rei : uma grande monte se formou delas então. O rei não queria aceitá-las mas eles não pegariam o dinheiro de volta e disseram quando partiram, “Quando o garoto crescer, meu senhor, isto pagará o sustento dele.”

O garoto cresceu no meio de muita magnificência ; e quando amadureceu, era perfeito em todas as realizações. O rei pensando na idade do filho, disse à rainha, “Minha senhora, quando o tempo chegar da aspersão cerimonial de nosso filho, façamos para ele um belo palácio para a ocasião”. Ela ficou bem satisfeita. O rei mandou chamar aqueles que eram hábeis em adivinhar a sorte, prospectar, o lugar ideal para a construção e disse a eles : “ Meus amigos, arranjem um mestre construtor e construam para mim um palácio não muito distante do meu próprio. Será para o meu filho ao qual consagraremos como meu sucessor.” Eles aceitaram e passaram a examinar a superfície do chão. Naquele momento o trono de Sakra ficou quente. Percebendo isto, ele imediatamente chamou Vishvakarma ( o arquiteto celeste ) e disse, “Vá, meu bom Vishvakarma, faça para Príncipe Maha-panada um palácio de meia légua de comprimento e largura e de vinte e cinco léguas de altura, tudo com pedras preciosas.” Vishvakarma tomou a forma de um construtor e aproximando-se dos trabalhadores disse, “Vão, comam o almoço de vocês e depois voltem.” Tendo assim se livrado das pessoas, ele bateu na terra com sua vara ( de agrimensor ) ; naquele instante elevou-se um palácio com sete andares conforme as medidas citadas. Bem, para Maha-panada estas três cerimônias foram feitas juntas : a cerimônia para consagração do palácio, a cerimônia para cobrí-lo com o parassol real, a cerimônia de seu casamento. No tempo da cerimônia todo o Povo de ambos os países reuniram-se e gastaram sete anos comemorando, sem o rei dispensá-los : suas roupas, seus ornamentos, sua comida e bebida, todo o resto, estas coisas foram todas providas pela família real. No final dos sete anos eles começaram a murmurar e rei Suruci perguntou por quê. “Ó rei,” eles disseram, “enquanto nos refestelamos sete anos se passaram. Quando a festa terminará ?” Ele respondeu, “Meus bons amigos, tudo isto e meu filho não sorriu nem uma vez. Assim que ele sorrir, nos dispersaremos.” Então a multidão bateu os tambores e reuniu os acróbatas e malabaristas. Milhares de acróbatas reuniram-se e divididos em sete grupos dançaram ; mas não conseguiram fazer o príncipe sorrir. Claro que quem viu a dança de dançarinos no céu não ligaria para tais dançarinos como estes. Então vieram dois malabaristas inteligentes, Bhandu-kanna e Pandu-kanna, Orelha cortada e Orelha amarela, e eles disseram, “Faremos o príncipe sorrir.” Bhandu-kanna fez uma grande árvore de manga, qu'ele chamou Sem Igual, crescer diante da porta do palácio : então ele atirou uma bola de linha e a fez prender em um ramo d'árvore e subiu pela linha para a Magueira Sem Igual. Bem, a Mangueira Sem Igual dizem é a Mangueira de Vassavana ( cf. Jataka 281 ) . E os servos de Vessavana o pegaram, como de praxe, cortaram os membros e atiraram para baixo os pedaços. Os outros malabaristas juntaram estas partes e derramaram água nelas. O homem restituiu-se com roupas de flores e levantando-se começou a dançar novamente. Mesmo olhando isto o príncipe não sorriu. Então Pandu-kanna juntou lenha do jardim e entrou no fogo com sua trupe. Quando o fogo estava queimado, o Povo aspergiu a pilha com água. Pandu-kanna com sua trupe levantou-se dançando e com roupas de flores. Quando o Povo entendeu que não conseguiu fazê-lo sorrir, ficou com raiva. Sakra, percebendo isto, enviou um dançarino divino, mandando-o fazer príncipe Maha-panada rir. Então ele veio e permaneceu pousado nos ares acima do jardim real e realizou o quê é chamado Dança da Metade do Corpo : uma mão, um pé, um olho, um dente, dançam, pulsando, vibrando, para cá e lá, todo o resto ficando parado. Maha-panada, quando viu isto, deu um pequeno sorriso. Mas a multidão rugiu de rir, sem conseguir parar, rindo até perder os sentidos e o controle dos membros, rolando de um lado para o outro do jardim real. Este foi o fim do festival. O resto dele -

Grande Panada, rei poderoso,
Com seu palácio todo de ouro,

será explicado no Jataka 264 cuja primeira estrofe é a reproduzida acima.

Rei Maha-panada fez o bem e ofereceu ofertas e ao final da vida foi para o mundo dos deuses.
_________________

Quando o Mestre terminou este discurso, ele disse, “Assim, Irmãos, Visakha recebeu um dom antes,” e então identificou o Jataka : “Naquele tempo, Bhaddaji era Maha-panada, Visakha era Senhora Sumedha, Ananda era Vishvakarma e eu mesmo era Sakra.

Para a compreensão dos gestos rituais de Bhandu-kanna e Pandu-kanna cf texto abaixo.



quarta-feira, 10 de junho de 2015

488 Buddha e Sakra




  ( Imagem de Indra / Sakra / Vasava )


488
Possa cavalo e gado...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre um Irmão relapso. As circunstâncias vão aparecer no Kusa Jataka, número 531. Aqui também o Mestre pergunta - “É verdade, Irmão, que és relapso ?” “Sim, Senhor, é verdade.” “Por qual razão ?” “Por causa do pecado , Senhor.” “Irmão, por quê és relapso depois de juntar-se a uma fé tal como esta que leva à salvação ; e tudo por causa do pecado ? Em dias antigos, antes que Buddha surgisse, sábios que abraçavam a vida religiosa, e mesmo aqueles de fora dela, fizeram um juramento e renunciaram a uma ideia concebida ligada a tentações e desejos !” Assim falando, ele contou uma história do passado.

_____________________

Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu como o filho de um grande brahmin magnífico que possuia uma fortuna de oitocentos milhões de dinheiros. O nome que deram a ele era meu senhor Maha Kañcana, Grande Senhor do Ouro. No tempo em que já podia firmar-se nas pernas, outro filho nasceu do brahmin e eles o chamaram meu senhor Upa Kañcana, o Senhor Menor do Ouro. Assim sucessivamente, sete filhos vieram e mais jovem de todos uma filha, que chamaram de Kañcana devi, a Senhora do Ouro.
Maha Kañcana quando cresceu, estudou em Taxila ( Takkasila ) todas as artes e ciências e depois voltou para casa. Então seus pais desejavam estabelecê-lo em uma propriedade própria. “Buscaremos para você,” eles disseram, “uma garota de família adequada que combine contigo e então terás tua própria propriedade.” Mas ele disse, “Mãe e pai, não quero propriedade. Para mim os três tipos de existências ( sensível, corporal e não corporal – kama, rupa, arupa loka ) são terríveis quais fogos, envolvidos em cadeias qual uma prisão, repugnante como um cupinzeiro. Nunca tomei conhecimento dos atos desta espécie, nem mesmo em sonhos. Vocês têm outros filhos,peçam a eles que sejam chefes de família e deixe-me sozinho.” Apesar de pedirem a ele repetidamente, de chamarem os amigos para falar com ele por seus lábios, nada adiantou. Então seus amigos perguntaram : “O quê você deseja, meu bom amigo, pois não ligas nada para os prazeres do amor e os desejos ?” Ele contou a eles como renunciara a todo o mundo. Quando os pais entenderam isto, fizeram proposta semelhante aos outros filhos mas nenhum deles escutou ; nem mesmo a Senhora Kañcana. Logo logo os pais morreram. O sábio Maha Kañcana fez as exéquias de seus pais ; o tesouro de oitocentos milhões ele distribuiu munificentemente para mendicantes e para homens que vagavam pelo mundo ; então tomando consigo seus seis irmãos, sua irmã, um empregado masculino e uma feminina, e mais um acompanhante, fez a grande renúncia e retirou-se para dentro da região dos Himalaia. Lá em um lugar aprazível, próximo a um lago de lótus, construíram um eremitério e viveram uma vida santa comendo frutos e raízes da floresta. Quando entravam na floresta, iam um de cada vez e se alguém encontrasse fruta ou folha chamava os outros : então contando o quê tinham visto ou escutado, apanhavam o que havia – parecia um mercado de cidade. Mas o professor, o asceta Maha-Kañcana, pensou consigo mesmo : “Nós largamos uma fortuna de oitocentos milhões e assumimos vida religiosa e ir gananciosamente procurar raízes e frutos não parece adequado. De agora em diante buscarei eu mesmo os frutos do mato.” Retornando para o eremitério, à noitinha ele reuniu a todos e disse-lhes o quê pensava. “Vocês ficam aqui”, ele disse, “e pratiquem a vida de reclusos, eu buscarei frutos para vocês.” No mesmo instante Upa Kañcana e todos os outros contestaram, “Nos tornamos religiosos sob suas asas, você deve ficar e praticar a vida de recluso. Que nossa irmã permaneça aqui também e a empregada fique com ela : nós oito faremos turnos de catar frutos mas vocês três ficam fora dos turnos.” Ele concordou. Daí em diante estes oito revezavam-se em buscar frutos um de cada vez : os outros cada um recebia sua porção do encontrado e a levava para sua moradia e permanecia em sua cabana de folha. Assim não ficavam juntos sem alguma razão ou causa. Aquele de que era o turno trazia os mantimentos ( havia um recinto ) e o depositando em uma laje de pedra dividia em onze porções ; então soando o gongo pegava sua própria porção e partia para seu lugar de residência ; os outros chegando com o som do gongo, sem correria, mas com toda ordem e cerimônia devida, pegavam cada um sua parte do encontrado e retornava para seu próprio lugar, lá se alimentando e então reassumindo sua meditação e austeridade religiosa. Após um tempo eles juntaram fibras de lótus e as comeram e lá moravam mortificando-se com calor escorchante e outros tipos de tormentos, seus sentidos todos mortos, batalhando para induzir o transe enstático.

Pela glória de suas virtudes o trono de Sakra tremeu. “Estão estes libertos do desejo apenas,” disse ele, “ou eles são sábios ? São sábios ? Descobrirei agora.” Então através de seu poder sobrenatural por três dias ele fez que a porção do Grande Ser desaparecesse. No primeiro dia, não vendo sua parte, ele pensou, “Minha parte deve ter sido esquecida.” No segundo dia, “Devo ter algum pecado : é um modo respeitoso de me lembrar disto.” No terceiro, “Por quê será que não me dão uma porção ? Se houver pecado em mim, saberei.” Então à noitinha ele soou o gongo. Todos reuniram-se e perguntaram quem soara o gongo. “Fui eu, meus irmãos.” “Por quê, bom mestre ?” “Meus irmãos, que trouxe a comida três dias atrás ?” Um deles se levantou e disse, “Eu trouxe,” levantando-se com todo o respeito. “Quando fizeste a divisão separaste uma parte para mim ?” “Sim mestre a porção do mais velho.” “E quem trouxe comida ontem ?” Outro se levantou e disse “Eu trouxe” , e esperou respeitosamente. “Lembraste de mim ao fazer a divisão ?” “Separei a parte do mais velho para você.” Então ele disse, “Irmãos, este é o terceiro dia que estou sem nenhuma porção. No primeiro dia quando não vi nenhuma, pensei, sem dúvida aquele que fez a divisão esqueceu de mim. No segundo dia pensei que havia algum pecado em mim. Mas ho-je decidi que se pecado houver, saberei e daí reuni vocês ao som do gongo. Vocês me dizem que separaram para mim estas porções de fibras de lótus : não comi nenhuma delas. Devo descobrir quem as roubou e comeu. Quando alguém abandona o mundo e todos as luxúrias dele, furtar é inconcebível, seja não mais que um talo de lótus.” Quando eles escutaram estas palavras , gritaram, “Oh, que crueldade !” e todos ficaram muito agitados.

Bem, a deidade que habitava numa árvore ao lado do eremitério, àrvore principal da floresta, saiu e sentou no meio deles. Havia também um elefante, que foi incapaz de ficar apaziguado com o treinamento e quebrando a cerca que estava preso escapou para a floresta : de tempos em tempos costumava vir e saudar o bando de sábios e agora ele veio também e permaneceu do lado. Havia também um macaco, que era usado para brincar com as serpentes e que escapu das mãos do encantador de serpentes para a floresta : e morava no eremitério e naquele dia também saudou o bando de ascetas e permaneceu do lado. Sakra, decidido a testar os ascetas, estava lá também em forma invisível junto deles. Naquele momento o irmão mais novo do Bodhisatva, o recluso Upa Kañcana, levantou-se de seu assento e saudando o Buddha, com uma saudação ao resto da companhia, disse o seguinte : “Mestre, separando-me dos outros posso me limpar de tal culpa ?” “Você pode, irmão.” Ele então permanecendo de pé no meio dos sábios disse, “ Se comi estas tuas fibras, sou isto e mais isto”, fazendo um juramento solene nas palavras da primeira estrofe :

Possa cavalo e gado ser dele, prata, ouro,
Uma esposa amorosa, estes ele preciosamente segure,
Que possa ter filhos e filhas muitas,
O brahmin que furtou tua porção de comida.

( O significado é que a pessoa cujo coração está nestas coisas sente dor em separar-se delas e assim está despreparada para morrer de um ponto de vista buddhista. O verso portanto é uma maldição )

Com isto os ascetas colocaram as mãos em seus ouvidos, gritando, “Não, não, senhor, este juramento é muito pesado !” E o Bodhisatva também disse, “Irmão, teu juramento é muito pesado : você não comeu a comida, sente no teu catre.” Ele tendo assim feito seu juramento e sentado, levanta-se o segundo irmão, e saudando o Grande Ser, recita a segunda estrofe para limpar-se da culpa :

Que ele possa ter filhos e roupas à vontade,
Mãos cheias de sândalo e guirlandas,
Seu coração seja apegado à luxúria e ao desejo,
O brahmin que furtou tua porção de comida.

Quando ele sentou, os outros, cada um na sua vez, pronunciaram sua própria estrofe expressando seus sentimentos :

Possa ter plenitude, ganhando ambos fama e terras,
Filhos, casas, tesouros, tudo a seu comando,
Possa ele não entender o passar dos anos,
O brahmin que furtou tua porção de comida.

Que seja conhecido como poderoso chefe guerreiro,
Como rei dos reis estabelecido em trono de glória,
A terra e seus quatro cantos, tudo seu,
O brahmin que furtou tua porção de comida.

Seja ele um brahmin, com paixão descontrolada,
Com fé nas estrelas e em dias de sorte,
Honrado com a gratidão de monarcas,
O brahmin que furtou tua porção de comida.

Um estudante no conhecimento Védico aprofundado,
Que todos as pessoas reverenciam a santidade,
E venerado pelo Povo
O brahmin que furtou tua porção de comida.

Tenha uma cidade como presente de Indra,
Rica, escolhida, possuidora de todos os quatro bens,
E possa morrer com paixões descontroladas,
O brahmin, que furtou tua porção de comida.

Chefe de cidade, seus camaradas ao redor,
Sua alegria em danças e doces sons de músicas ;
Possa o favor do rei acumular-se sobre ele :
O brahmin que furtou tua porção de comida. ( fala do empregado )

Que ela possa a ser a mais bela das mulheres,
Possa o alto monarca de todo o mundo achá-la
A principal entre dez mil na sua mente,
A brahmin que furtou tua porção de comida. ( fala da irmã )

Quando todas as empregadas se juntam
Possa ela sem se inferiorizar sentar em seu assento,
Orgulhosa de seus ganhos e com comida gostosa.
A brahmin que furtou tua porção de comida. ( fala da empregada )

O grande claustro de Kajañgal seja seu cuidado
E possa reparar as ruínas,
E todo dia concertar lá uma nova janela,
O brahmin que furtou tua porção de comida
( fala do espírito d'árvore )

Amarrado em seiscentos laços possa ele ser pego,
Da querida floresta para a cidade trazido,
Castigado com chicotes e açoites, destratado,
O brahmin que furtou tua porção de comida.
( fala do elefante )

Guirlanda no pescoço, brinco de cobre em cada orelha,
Amarrado, que ande na estrada temeroso,
Educado com varas para aproximar-se de serpentes,
O brahmin que furtou tua porção de comida.
( fala do macaco )

Quando os juramentos foram feitos nestas treze estrofes, o Grande Ser pensou, “Talvez ele imaginem que eu esteja mentindo dizendo que a comida não estava lá quando estaa.” Então fez um juramento por si mesmo na estrofe quatorze :

Aquele que jura que a comida se foi, sem ter ido,
Que ele goze de desejo e seus efeitos,
Possa a morte mundana ser por fim seu lote.
O mesmo que vocês senhores, se agora suspeitam.

Quando os sábios fizeram seus juramentos assim, Sakra pensou consigo mesmo, “Nada tema ; fiz estas fibras de lótus desaparecerem de modo a testar estas pessoas e todos fizeram juramentos, desprezando o gesto como se fora muco de cuspe. Agora vou questioná-los sobre por quê desprezam luxúria e desejo.” Esta questão ele colocou ao Bodhisatva na próxima estrofe, após assumir forma visível :

O quê no mundo as pessoas buscam
Aquela coisa que para muitos é amada e querida,
Desejada, prazerosa nesa vida : por quê então,
Não prezam os santos as coisas desejadas pelas pessoas ?

Respondendo a esta questão, o Grande Ser recitou duas estrofes :

Desejos são golpes mortais e cadeias que amarram,
Nestes ambos miséria e medo encontramos :
Quando tentados pelo desejo reis imperiais
Enfastiados fazem coisas vis e pecaminosas.

Estes pecadores fazem surgir pecado, para o ínfero irão
Na dissolução desta estrutura mortal.
Porquê conhecem a miséria da luxúria
Por isto os santos não a louvam mas apenas a condenam.

Quando Sakra escutou a explicação do Grande Ser, muito mexido no coração repetiu a seguinte estrofe :

Eu mesmo para testar estes sábios furtei
A comida, que coloquei próxima ao lago.
Sábios realmente são, puros e bons.
Ó homem de vida santa, contemple teu alimento !

Escutando isto o Bodhisatva recitou a estrofe :

Não somos acrobatas, te divertindo,
Nem parentes, nem amigos teus.
Então, por quê, Ó divino rei, Ó mil olhos,
Pensas que sábios ser tua diversão ?

E Sakra recitou a estrofe vinte, pacificando-o :

Tu és meu professor e meu pai,
Da minha ofensa me proteja agora.
Perdoe este meu erro, Ó sábio sabido !
A sabedoria nunca se enfurece raivosa.

Então o Grande Ser perdoou Sakra, rei dos deuses e de sua parte para reconciliá-lo com a companhia de sábios recitou outra estrofe :

Feliz para os santos foi esta noite,
Quando Senhor Vasava foi visto por nós.
E, senhores, sejam felizes de todo coração ao ver
A comida antes furtada agora restaurada para mim.

Sakra saudou a companhia de sábios e retornou para o mundo dos deuses. E eles fizeram o transe místico e as faculdades transcendentes brotar de dentro deles e tornaram-se destinados ao mundo de Brahma.

___________________________

Quando o Mestre terminou este discurso, disse, “ Assim, Irmãos, sábios antigos fizeram juramento e renunciaram ao pecado.” Isto dito, ele declarou as Verdades. Na conclusão das Verdades, o irmão relapso foi estabelecido no fruto do Primeiro Caminho. Identificando o Jataka, ele recitou três estrofes :

Sariputra, Moggaallaana, Punna, Kassapa e eu,
Anuruddha e Ananda eram então os sete irmãos.

Uppalavanna era a irmã e Khujjuttara a empregada.
Satagira era o espírito d'árvore, Citta o empregado,

O elefante era Parileyya, Madhuvasettha era o macaco,

Kaludayi então era Sakra. Agora entendam o Jataka.