Moedas de Kosala
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“Era
o rei Bhallatiya … etc.” - Esta história o Mestre contou
enquanto residia em Jetavana sobre Mallika, a Noiva Jasmin ( cf a
introdução do jataka 306 ). Nos é dito que um dia houve uma
querela entre ela e o rei sobre direitos conjugais. O rei ficou irado
e não queria nem olhar para ela. “Suponho,” ela pensou, “que o
Tathagata não sabe que o rei está irado comigo.” Quando o Mestre
soube disto dia seguinte, ele buscou ofertas em Benares ( Varanasi ),
acompanhado pela Irmandade, e então se dirigiu para o portão do
palácio do rei. O rei veio encontrar com ele, pegou a tigela dele e
o levou para o terraço, estabelecendo os Irmãos na parte
de baixo em devida ordem, dando a eles àgua de boas vindas, e
excelente comida ; após a refeição ele sentou em um dos lados.
“Por quê,” perguntou o Mestre, “por quê Mallika não apareceu
?” O rei disse, “É o tolo orgulho pessoal dela na
prosperidade.” O Mestre disse, “Ó grande rei ! Muito, muito
tempo atrás quando vocês eram fada & fado, você se separou da
sua companheira por apenas uma noite e depois ficaram se lamentando
por setecentos anos.” Então com o pedido dele, contou uma história
do passado.
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Certa
vez, um rei chamado Bhallatiya reinava em Benares ( Varanasi ).
Tomado pelo desejo de comer carne de caça assada na brasa, ele
entregou o reino para os cortesãos tomarem conta, cingiu-se com as
cinco armas e com uma matilha de cães de caça inteligentes, com
pedigree e bem treinados saiu da cidade e foi para o Himalaia. Ele
viajou subindo o Ganges até não poder ir mais alto, então seguiu
um rio afluente por alguma distância, caçando cervos e porcos e
comendo a carne, assada em carvão, até ter subido uma grande
altura. Lá quando o agradável rio corria cheio, àgua chegava na
altura do peito mas em outros tempos não chegava nos joelhos de
fundura. Lá neste tempo haviam peixes e tartarugas de todos os tipos
que pulavam n’água, areia qual prata nas margens, árvores
dobravam-se carregadas de flores e frutos, muitos pássaros e abelhas
esvoaçavam bêbados com o suco das frutas e o mel das flores na
sombra, que hordas de todos os tipos de cervos frequentavam. Na
margem deste belo rio da montanha fada & fado alegremente
beijavam e abraçavam-se um ao outro e depois caíam gemendo e
chorando miseravelmente.
Enquanto
o rei subia o Monte Gandhamadana por este caminho da margem do rio
ele espiou este casal fada & fado. “Por quê eles choram desta
maneira ?” ele pensou. “Vou questioná-los.” Um olhar para
seus cães, um estalar de dedos e com estes sinais os cães de raça,
que sabiam bem fazer seu trabalho, arrastaram-se para o matagal e
deitaram em suas barrigas. Assim que ele percebeu que os cães
estavam fora do caminho, ele largou o arco e flecha, e as outras
armas junto a uma árvore que havia perto e sem deixar seus passos
serem escutados furtivamente colocou-se acima do casal fada &
fado e perguntou-lhes, “Por quê vocês choram ?”
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Para
explicar isto o Mestre repetiu três estrofes :
Era
o rei Bhallatiyo
E
ele partiu, indo caçando ;
Sobe
o Monte Fragrante e o encontra
Cheio
de espíritos e flores que se abrem.
Direto
ele aquieta todos os cães de caça,
Larga
arco e flecha no chão,
Avança
alguns passos para fazer uma pergunta
Onde
um casal fada & fado encontravam-se.
“O
inverno já foi : então por quê retornar
a
falar e falar na margem do rio ?
Ó
vocês criaturas humanoides
Os
humanos chamam vocês de que, quero saber.
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Às
perguntas do rei, o fado, fada macho, nada disse ; mas sua
companheira respondeu como segue :
Malla,
Três Picos, Monte Amarelo
Atravessamos,
seguindo cada um dos córregos frios.
Humanoides
o mundo selvagem nos considera :
Caçadores
nos chamam ainda de duendes.
Então
o rei recitou três estrofes :
Apesar
de vocês se acariciarem qual amantes
Vocês
choram como se cheios de profunda tristeza.
Ó
criaturas humanoides,
Por
quê este choro ? Vamos, confessem !
Apesar
de vocês se acariciarem qual amantes
Vocês
choram como se cheios de profunda tristeza.
Ó
criaturas humanoides,
Por
quê este sofrimento ? Vamos, confessem !
Apesar
de vocês se acariciarem qual amantes
Vocês
choram como se cheios de profunda tristeza.
Ó
criaturas humanoides,
Por
quê esta lamentação ? Vamos, confessem !
As
estrofes que seguem foram ditas como pergunta e resposta :
Separados,
uma noite ficamos,
Ambos
sem amor, cheios de dor amarga,
Pensando
cada um no outro : mas nunca
Esta
noite voltará novamente.
Por
quê então ficaram essa noite sozinhos
Que
custou a vocês muito suspiro e gemido,
Ó
criaturas humanoides -
Dinheiro
perdido ? Um pai que se foi ?
Sombra
grossa o rio lá mostrou
Entre
as pedras : uma tempestade se levantou :
Então
com ansioso cuidado em me achar
Direto
através do rio meu amado vai.
Enquanto
isto com pés ocupados
Juntei
tomilho e ulmária
Tudo
para fazer para meu amado uma guirlanda
E
para mim mesma, quando nos encontrássemos.
Feixes
de flores azuis, violetas,
E
narcisos brancos úmidos de orvalho,
Tudo
para fazer para meu amado uma guirlanda
E
para mim mesma, quando nos encontrássemos.
Então
colhi um buquê de rosas,
Que
é a flor mais bela das que crescem,
Tudo
para fazer para meu amado uma guirlanda
E
para mim mesma, quando nos encontrássemos.
Encontrei
depois flores e folhas,
E
espalhei-as largamente pelo chão,
Onde
a longa noite juntos
Pudéssemos
dormir suave e firmemente.
Logo
sândalo e madeiras doces
Esmigalhei
sobre uma pedra,
Fazendo
perfumes para os membros do meu amado,
E
o aroma mais doce para mim mesma.
Junto
ao rio correndo rápido
Juntei
lírios por fim :
A
noite veio – o rio encheu
Tornando
sem esperança a passagem.
Lá
permanecemos em ambas as margens,
Cada
um olhando fixo para o outro.
Como
rimos e choramos juntos !
Ah!
Naquela noite sofremos amargamente.
Manhã
veio, o Sol estava alto
E
logo vimos o rio mais seco.
Então
atravessamos e nos abraçamos apertado.
Ao
mesmo tempo nós ríamos e chorávamos.
Setecentos
nos e mais três
Desde
que nos separamos, ele e eu.
Quando
dois corações amantes são separados
Parece
toda uma longa vida.
Qual
o limite de anos de vocês ?
Seja
por rumor antigo que apareça.
Ou
ensino de anciões,
Diga-me
e nada tema.
Mil
verões, fortes e sãos.
Nunca
dores mortais assaltando
Pouco
sofrimento, benção abundante,
No
fim alegria do amor prevalece.
O
rei pensava enquanto escutava., “Estas criaturas, que são não
menos que humanas, choram setecentos anos por causa de uma noite
separados : e aqui estou eu, senhor de um reino de trezentas léguas
largando toda minha magnificência e vagando pela floresta. É um
grande erro.” Ele voltou imediatamente. Chegou em Benares (
Varanasi ) e os cortesãos lhe perguntaram se havia visto alguma
maravilha nos Himalaias. Ele lhes contou toda a história e daí em
diante fez ofertas e gozou de sua saúde.
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Explicando
este assunto o Mestre repetiu estas estrofes :
Assim
instruído pelas fadas
O
Rei retornou em seus caminhos,
Parou
de caçar e alimentou os necessitados,
E
gozou dos fugazes dias.
Adicionou
ainda mais duas estrofes :
Aprendam
a lição das fadas :
E
não briguem mas emendem seus caminhos.
Para
que não sofrais como as fadas,
Teus
próprios erros todos os dias.
Então
levantou-se a Senhora Mallika se seu sofá quando escutou os
conselhos do Tathagata e juntando as mãos fez reverente obediência,
enquanto repetia a última estrofe :
Santo
homem, de boa mente
Escutei
tuas palavras tão boas e gentis.
Bençãos
sobre ti ! Falaste
Todos
meus sofrimentos ficaram para trás.
A
partir de então o Rei de Kosala viveu com ela em harmonia.
Este
discurso terminado o Mestre identificou o Jataka : “Naquele tempo o
Rei de Kosala era o fado, Senhora Mallika a fada e eu mesmo era Rei
Bhallatiya.”
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