quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

504 Buddha e as fadas



                Moedas de Kosala


504
Era o rei Bhallatiya … etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre Mallika, a Noiva Jasmin ( cf a introdução do jataka 306 ). Nos é dito que um dia houve uma querela entre ela e o rei sobre direitos conjugais. O rei ficou irado e não queria nem olhar para ela. “Suponho,” ela pensou, “que o Tathagata não sabe que o rei está irado comigo.” Quando o Mestre soube disto dia seguinte, ele buscou ofertas em Benares ( Varanasi ), acompanhado pela Irmandade, e então se dirigiu para o portão do palácio do rei. O rei veio encontrar com ele, pegou a tigela dele e o levou para o terraço, estabelecendo os Irmãos na parte de baixo em devida ordem, dando a eles àgua de boas vindas, e excelente comida ; após a refeição ele sentou em um dos lados. “Por quê,” perguntou o Mestre, “por quê Mallika não apareceu ?” O rei disse, “É o tolo orgulho pessoal dela na prosperidade.” O Mestre disse, “Ó grande rei ! Muito, muito tempo atrás quando vocês eram fada & fado, você se separou da sua companheira por apenas uma noite e depois ficaram se lamentando por setecentos anos.” Então com o pedido dele, contou uma história do passado.
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Certa vez, um rei chamado Bhallatiya reinava em Benares ( Varanasi ). Tomado pelo desejo de comer carne de caça assada na brasa, ele entregou o reino para os cortesãos tomarem conta, cingiu-se com as cinco armas e com uma matilha de cães de caça inteligentes, com pedigree e bem treinados saiu da cidade e foi para o Himalaia. Ele viajou subindo o Ganges até não poder ir mais alto, então seguiu um rio afluente por alguma distância, caçando cervos e porcos e comendo a carne, assada em carvão, até ter subido uma grande altura. Lá quando o agradável rio corria cheio, àgua chegava na altura do peito mas em outros tempos não chegava nos joelhos de fundura. Lá neste tempo haviam peixes e tartarugas de todos os tipos que pulavam n’água, areia qual prata nas margens, árvores dobravam-se carregadas de flores e frutos, muitos pássaros e abelhas esvoaçavam bêbados com o suco das frutas e o mel das flores na sombra, que hordas de todos os tipos de cervos frequentavam. Na margem deste belo rio da montanha fada & fado alegremente beijavam e abraçavam-se um ao outro e depois caíam gemendo e chorando miseravelmente.
Enquanto o rei subia o Monte Gandhamadana por este caminho da margem do rio ele espiou este casal fada & fado. “Por quê eles choram desta maneira ?” ele pensou. “Vou questioná-los.” Um olhar para seus cães, um estalar de dedos e com estes sinais os cães de raça, que sabiam bem fazer seu trabalho, arrastaram-se para o matagal e deitaram em suas barrigas. Assim que ele percebeu que os cães estavam fora do caminho, ele largou o arco e flecha, e as outras armas junto a uma árvore que havia perto e sem deixar seus passos serem escutados furtivamente colocou-se acima do casal fada & fado e perguntou-lhes, “Por quê vocês choram ?”
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Para explicar isto o Mestre repetiu três estrofes :

Era o rei Bhallatiyo
E ele partiu, indo caçando ;
Sobe o Monte Fragrante e o encontra
Cheio de espíritos e flores que se abrem.

Direto ele aquieta todos os cães de caça,
Larga arco e flecha no chão,
Avança alguns passos para fazer uma pergunta
Onde um casal fada & fado encontravam-se.

O inverno já foi : então por quê retornar
a falar e falar na margem do rio ?
Ó vocês criaturas humanoides
Os humanos chamam vocês de que, quero saber.
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Às perguntas do rei, o fado, fada macho, nada disse ; mas sua companheira respondeu como segue :

Malla, Três Picos, Monte Amarelo
Atravessamos, seguindo cada um dos córregos frios.
Humanoides o mundo selvagem nos considera :
Caçadores nos chamam ainda de duendes.

Então o rei recitou três estrofes :

Apesar de vocês se acariciarem qual amantes
Vocês choram como se cheios de profunda tristeza.
Ó criaturas humanoides,
Por quê este choro ? Vamos, confessem !

Apesar de vocês se acariciarem qual amantes
Vocês choram como se cheios de profunda tristeza.
Ó criaturas humanoides,
Por quê este sofrimento ? Vamos, confessem !

Apesar de vocês se acariciarem qual amantes
Vocês choram como se cheios de profunda tristeza.
Ó criaturas humanoides,
Por quê esta lamentação ? Vamos, confessem !

As estrofes que seguem foram ditas como pergunta e resposta :
Separados, uma noite ficamos,
Ambos sem amor, cheios de dor amarga,
Pensando cada um no outro : mas nunca
Esta noite voltará novamente.

Por quê então ficaram essa noite sozinhos
Que custou a vocês muito suspiro e gemido,
Ó criaturas humanoides -
Dinheiro perdido ? Um pai que se foi ?

Sombra grossa o rio lá mostrou
Entre as pedras : uma tempestade se levantou :
Então com ansioso cuidado em me achar
Direto através do rio meu amado vai.

Enquanto isto com pés ocupados
Juntei tomilho e ulmária
Tudo para fazer para meu amado uma guirlanda
E para mim mesma, quando nos encontrássemos.

Feixes de flores azuis, violetas,
E narcisos brancos úmidos de orvalho,
Tudo para fazer para meu amado uma guirlanda
E para mim mesma, quando nos encontrássemos.

Então colhi um buquê de rosas,
Que é a flor mais bela das que crescem,
Tudo para fazer para meu amado uma guirlanda
E para mim mesma, quando nos encontrássemos.

Encontrei depois flores e folhas,
E espalhei-as largamente pelo chão,
Onde a longa noite juntos
Pudéssemos dormir suave e firmemente.

Logo sândalo e madeiras doces
Esmigalhei sobre uma pedra,
Fazendo perfumes para os membros do meu amado,
E o aroma mais doce para mim mesma.

Junto ao rio correndo rápido
Juntei lírios por fim :
A noite veio – o rio encheu
Tornando sem esperança a passagem.

Lá permanecemos em ambas as margens,
Cada um olhando fixo para o outro.
Como rimos e choramos juntos !
Ah! Naquela noite sofremos amargamente.

Manhã veio, o Sol estava alto
E logo vimos o rio mais seco.
Então atravessamos e nos abraçamos apertado.
Ao mesmo tempo nós ríamos e chorávamos.

Setecentos nos e mais três
Desde que nos separamos, ele e eu.
Quando dois corações amantes são separados
Parece toda uma longa vida.

Qual o limite de anos de vocês ?
Seja por rumor antigo que apareça.
Ou ensino de anciões,
Diga-me e nada tema.

Mil verões, fortes e sãos.
Nunca dores mortais assaltando
Pouco sofrimento, benção abundante,
No fim alegria do amor prevalece.

O rei pensava enquanto escutava., “Estas criaturas, que são não menos que humanas, choram setecentos anos por causa de uma noite separados : e aqui estou eu, senhor de um reino de trezentas léguas largando toda minha magnificência e vagando pela floresta. É um grande erro.” Ele voltou imediatamente. Chegou em Benares ( Varanasi ) e os cortesãos lhe perguntaram se havia visto alguma maravilha nos Himalaias. Ele lhes contou toda a história e daí em diante fez ofertas e gozou de sua saúde.
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Explicando este assunto o Mestre repetiu estas estrofes :

Assim instruído pelas fadas
O Rei retornou em seus caminhos,
Parou de caçar e alimentou os necessitados,
E gozou dos fugazes dias.

Adicionou ainda mais duas estrofes :

Aprendam a lição das fadas :
E não briguem mas emendem seus caminhos.
Para que não sofrais como as fadas,
Teus próprios erros todos os dias.

Então levantou-se a Senhora Mallika se seu sofá quando escutou os conselhos do Tathagata e juntando as mãos fez reverente obediência, enquanto repetia a última estrofe :
Santo homem, de boa mente
Escutei tuas palavras tão boas e gentis.
Bençãos sobre ti ! Falaste
Todos meus sofrimentos ficaram para trás.

A partir de então o Rei de Kosala viveu com ela em harmonia.

Este discurso terminado o Mestre identificou o Jataka : “Naquele tempo o Rei de Kosala era o fado, Senhora Mallika a fada e eu mesmo era Rei Bhallatiya.”




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