sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

505 Buddha príncipe Somanassa


                    pintura de Ajanta, Índia

505
Quem te machuca ...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, como Devadatra seguia querendo matá-lo. Então o Mestre disse, “Esta não é a primeira vez Irmãos que Devadatra busca matar-me mas ele fez a mesma coisa antes.” Então ele contou uma história do passado.
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Certa vez, no reino Kuru e na cidade de Utttara-pañcala, reinou um rei cujo nome era Renu. Naquele tempo havia um asceta Maharakkhita que habitava no Himalaia em companhia de quinhentos outros ascetas. Enquanto visitava o país para pegar sal e temperos, chegou em Uttara-pañcala e estabeleceu-se no parque real. Colhendo ofertas com seu pessoal chegou na porta do rei e o rei vendo os sábios e agraciado com os modos deles, convidou-os a sentar no magnífico estrado e deu-lhes comida boa para comer. Ele então pediu que permanecessem no parque durante a estação das chuvas. Acompanhou-os até o parque e arranjou os lugares para morar, deu-lhes as coisas necessárias para a vida religiosa e se despediu deles. Após isto todos eles passaram a receber a refeição no palácio. Bem, o rei era sem filhos e desejava filhos mas nenhum filho nascia para ele.

Quando a estação das chuvas tinha acabado, Maharakkhita disse, “Agora a região do Himalaia está agradável ; retornemos para lá.’ Então ele pediu licença ao rei que lhe mostrou todo respeito e bondade e depois partiu. Durante a viagem, ao meio dia ele deixou a auto estrada e com seu pessoal sentou na grama macia debaixo da sombra de uma árvore. Os ascetas começaram a conversar. “Não há um filho,” diziam, “no palácio para continuar a linhagem real. Seria uma benção se o rei conseguisse um filho e continuasse a sucessão.” Maharakkhita escutando a conversa deles, ponderou : “Terá o rei um filho ou não ?” Ele percebeu que o rei teria um filho e disse, “Não fiquem ansiosos senhores ; nesta noite, aurora, um filho dos deuses descerá e será concebido pela rainha esposado rei. Um asceta shamânico escutou isto e pensou - “Agora me tornarei íntimo da casa real.” Quando chegou a hora dos ascetas partirem, ele deitou e fez como se estivesse doente. “Venha, vamos,” eles disseram. “Não posso,” ele disse. Maharakkhita entendeu porque o homem ficava deitado. “Siga-nos quando você puder,” ele disse e com o resto dos sábios seguiu par o Himalaia.

Bem, o tratante correu de volta tão rápido quanto podia e permanecendo na porta do palácio enviou mensagem dizendo que um dos ajudantes de Maharakkhita tinha retornado. Ele foi chamado imediatamente pelo rei e subindo para o terraço sentou em uma cadeira que lhe mostraram. O rei saudou-o e sentando em um dos lados questionou sobre a saúde dos sábios. “Você retornou muito cedo,” ele disse ; “qual a causa do teu retorno tão rápido ?” “Ó rei poderoso,” ele respondeu, “quando os sábios estavam todos sentados juntos, eles começaram a falar como seria grande benção se o rei pudesse ter um filho e continuar sua linhagem. Quando eu escutei isto, ponderei se o rei teria um filho ou não ; e por visão divina contemplei um filho poderoso dos deuses e vi que ele estava já pronto para descer e que seria concebido pelo sua esposa rainha Sudhamma. Então pensei, se eles não tomam conhecimento talvez destruam a vida concebida então devo lhes comunicar ; e assim para te contar a novidade, Ó rei, que vim. Agora que já falei deixe-me partir novamente.” “Não, não, amigo,” cotejou o rei, “isto não deve acontecer” ; e altamente deliciado ele levou o mentiroso para seu parque e designou para ele um lugar para ficar. Daí em diante ele viveu na corte do rei e pegava comida lá e seu nome era Dibbacakkhuta, o homem da Divina Visão.

Então o Bodhisatva desceu do céu dos Trinta e Três e foi concebido lá ; e quando nasceu lhe deram o nome de Somanassa Kumara, Príncipe Delícia e foi criado como um príncipe.

O falso asceta em um canto do parque costumava plantar vegetais, ervas e raízes e os vendendo no mercado de ervas & raízes ele juntou muita riqueza. Quando o Bodhisatva tinha sete anos de idade, houve uma rebelião na fronteira. O rei saiu para apaziguá-la, deixando o asceta Dibbacakkhuka encarregado do príncipe, com ordens de não negligenciá-lo. Um dia o príncipe saiu para ver o asceta. Ele o encontrou com ambos os mantos amarelos, o de baixo e o de cima, amarrados no alto, segurando um jarro d’água em cada mão e aguando as plantas. “Este falso asceta,” ele pensou, “ao invés de fazer os deveres ascéticos faz trabalho de jardineiro.” Então perguntou - “O que estás fazendo jardineiro mundano ?” assim o envergonhou e o deixou sem saudar. “Agora fiz deste sujeito um inimigo,” pensou o homem. “Quem sabe o quê ele fará ? Devo dar um fim nele de uma vez.”

Próximo do tempo em que o rei retornava, este sujeito derrubou seu banco de pedra para um lado, fez em pedaços seu pote d’água, espalhou grama por sua cabana, esfregou óleo em todo seu corpo, foi para a cabana e ficou deitado no catre, enfaixou a cabeça e o resto também,fazendo como se estivesse em grande sofrimento. O rei retornou e fez a volta pela cidade no sentido horário. Mas antes de entrar em sua própria casa foi visitar seu amigo Dibbacakkhuka. De pé na porta da cabana, ele viu tudo em desordem e entrou cogitando qual seria o problema. Lá estava o sujeito prostrado. O rei esfregou os pés dele, repetindo a primeira estrofe :

Quem te machucou ou te desprezou ?
Por quê tu sofres amargamente
Os pais de quem agora devem se lamentar?
Quem está aqui prostrado no chão ?

Com isto o impostor levantou-se resmungando e disse a segunda estrofe :

A ti alegro-me em ver,
Ó Rei, apesar de ausente longamente !
Teu filho, que veio até mim,
Fez este mal sem qualquer provocação minha.

A ligação com os versos seguintes é clara : eles estão colocados em devida sucessão.

Alô, Executores !
Ajudantes, tomem suas espadas e vão,
Batam em Príncipe Somanassa até a morte,
Tragam aqui sua nobre cabeça !

Lá está o príncipe lamentando,
Suplicando graça com as mãos juntas :
Poupem-me por enquanto e levem-me
Vivo para ver o Rei !’

Eles escutaram seu pedido e para o Rei levaram, os ajudantes, o filho.
Ele viu de longe o pai e para ele disse :

Deixe que teus homens peguem a espada e matem,
Apenas me escute antes, peço !
Ó grande monarca ! Diga-me isto -
O que fiz de incorreto ?’

O rei respondeu, “Alto escalão cai bem baixo : teu erro é muito grande,” e explicou nesta estrofe :

Água de manhã e à tarde ele carrega,
Cuida do fogo sem descanso.
Como ousas chamar este santo homem
Mundano ? Responda se podes !

Meu senhor,” disse o príncipe, “se chamo um mundano de mundano, que erro foi cometido ?!” e repetiu uma estrofe :

Ele possui árvores e frutos,
E, meu senhor, todos os tipos de raízes,
Cuida deles com atenção ininterrupta :
Então ele é mundano, declaro.

E esta é a razão,” ele continuou, “porque chamo a ele mundano. Se não acredita em mim, enquira no mercado de ervas & raízes nos quatro portões.” O rei fez o inquérito. Eles disseram, “Sim, compramos dele vegetais e todo tipo de frutos.” Quando descobriram seu negócio de produtos verdes, ele contou tudo. O pessoal do príncipe foi para a cabana do sujeito e descobriram um saco de rúpias e pequenas moedas, o preço do alimento plantado, que apresentaram para o rei. Então o rei soube que o Grande Ser era sem culpa e disse uma estrofe :

Verdade era que árvores e raízes
Ele possuía, com muitas frutas,
Cuidando com atenção incessante,
Mundano, como tu declaraste.

Então o Grande Ser pensou, “Enquanto um tolo ignorante como este é da corte do rei, a melhor coisa para fazer é ir para o Himalaia e abraçar a vida religiosa. Primeiro proclamarei seu pecado diante da assembleia aqui reunida e então ho-je mesmo irei e me tornarei religioso.” Então com uma saudação à assembleia ele gritou,
Escute Povo enquanto falo,
Povo do campo e da cidade, todos :
Pelo conselho deste tolo, o Rei
pessoas sem culpa para a morte levaria.

Isto dito, ele pediu licença para partir na estrofe seguinte :

Você uma árvore forte e espalhada,
Sou um broto, rebento, fixado em ti,
Aqui te implorando, curvando baixo,
Licença para largar o mundo e ir embora !

As estrofes seguintes dão a conversação entre o rei e seu filho.

Príncipe, goze de sua própria riquezas
E ascenda ao trono Kuru.
Não deixe o mundo, trazendo
Sofrimento para ti mesmo – seja Rei !

Que alegria este mundo pode dar ?
Quando no céu costumava viver
Lá onde olhares, sons e cheiros,
Gostos e toques, o coração ama bem !

Alegrias celestes e ninfas divinas,
Renunciei ao que antes era meu.
Com um Rei fraco como tu
Não vou ficar mais.

Se sou fraco e tolo, meu filho,
Isto que fiz antes perdoe-me.
E se faço o mesmo novamente
Faça o que queres, não reclamarei.

O Grande Ser então repetiu oito estrofes, aconselhando o rei.

Um ato impensado ou feito sem discernimento
Como o fracasso de um remédio, o resultado deve ser ruim.

Um ato pensado, em que persegue-se política cuidadosa,
Como um remédio com sucesso, o resultado deve ser bom.

O laico laxo sensual detesto
O falso asceta um tratante confesso ;
Um Rei ruim decide um caso sem inquérito ;
Cólera em um sábio nunca justifica-se.
O príncipe guerreiro pensa cuidadosamente e dá julgamentos bem pesados :
Quando Reis seus julgamentos bem ponderam, vive sua fama para sempre.
( esta estrofe encontra-se também nos jatakas 332 e 351 )

Reis devem punir com medida cuidadosa :
Coisas feitas apressadamente arrepende-se eventualmente.
Existem boas resoluções no coração,
Sem tardar arrependimento traz sua pontada amarga.

Aqueles que agem ações que não trazem arrependimento,
Cuidadosamente pesando cada coisa singular,
Ganha o que é bom e faz aquilo que satisfaz
O são, ganha aprovação do sábio.

Alô, executores !’ tu gritaste,
Vão, busquem meu filho e e matem-no onde encontrarem !’
Onde eu estava do lado de minha mãe
Eles me encontraram, cruelmente me arrastando embora.

Uma tenra nutriz, tratada deste jeito,
Senti dolorosamente o tratamento cruel.
Liberto de um destino cruel ho-je
Deixarei o mundo e não viverei mais nele.

Quando o Grande Ser discursou assim, o rei disse para sua rainha,

Então meu jovem filho, Sudhamma, me diz não,
Príncipe Somanassa, delicado e bom.
Agora já que não consigo ganhar meu objetivo ho-je,
Você deve ver se consegue mudar a mente dele.

Mas ela o incentivou a renunciar o mundo nesta estrofe :

Ó, seja a vida santa teu prazer, filho !
Renuncie ao mundo, ao correto agarre-se :
Quem com todas as criaturas não é cruel com nenhuma,
Sem culpa para o mundo de Brahma irá por fim.

Então repetiu a estrofe :

Isto é uma maravilha que escuto de ti,
Empilhando sofrimento com sofrimento em cima de mim.
Te pedi para convencer nosso filho a ficar,
Mas tu o incentivou ainda mais a afastar-se depressa.

Novamente a rainha repetiu uma estrofe :

Existem aqueles que livres do pecado e do sofrimento,
Sem culpa e que atingem a altura do Nirvana :
Se o príncipe for do nobre caminho deles
Participante, segurá-lo é vão.

Em resposta o rei recitou a última estrofe :

Certamente é bom venerar o sábio,
Em quem sabedoria profunda e pensamentos elevados surgem.
( esta linhas ocorrem no Jataka 391 )
A rainha escutou as palavras deles e aprendeu seu ensinamento,
Ela não sente mais nem dor nem apego.

O Grande Ser então saudou seus pais, pedindo-os que o perdoassem se estivesse errado e com reverente mesura à assembleia dirigiu seu rosto para o Himalaia. Quando o Povo voltou, ele, com as deidades que chegaram lá na forma humana, atravessaram as sete cadeias de montanhas e chegaram no Himalaia. Em uma cabana de folhas feita pelo arquiteto celeste Vishvakarma ele entrou na vida religiosa e lá ele foi servido pelas deidades na forma de uma comitiva de príncipe até seu décimo sexto ano. Mas o asceta mentiroso foi atacado pela multidão que bateu nele até morrer. O Grande Ser cultivou as Faculdades do Ênstase e tornou-se destinado a céu de Brahma.
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Este discurso terminado o Mestre disse, “Assim Irmãos, ele segue querendo me matar em dias idos como agora,” e então identificou o Jataka : ‘Naquele tempo Devadatraera o impostor, Mahamaya era a mãe, Sariputra era Rakkhita e eu mesmo era Príncipe Somanassa.”


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