quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

478 Buddha e o Ganges




478
Ei, mergulhado em pensamento...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre o louvor de sua própria sabedoria. No Salão da Verdade estavam fofocando : “Vejam, Irmãos, a habilidade em recursos do Dasabala ! Ele mostrou àquele jovem nobre Nanda ( meio irmão de Buddha ) a hoste das ninfas e deu a ele santidade ; deu uma roupa para seu pajem de pé pequeno e lhe outorgou santidade junto com os quatro ramos da ciência mística ( attha-, dhamma-, niruti-, patibhana- ) ; ao ferreiro apresentou uma lótus e lhe deu santidade ; com quantos expedientes diversos ele instrui os seres vivos !” O Mestre entrando perguntou sobre o quê conversavam lá sentados ; eles disseram. Ele falou, “Não é a primeira vez que o Tathagata é hábil em recursos e inteligente para saber o quê terá o efeito desejado ; inteligente ele já foi antes.” Assim falando, contou uma história do passado.
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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, o país estava sem ouro ; e então o rei oprimiu o país e conseguiu riquezas. Naquele tempo o Bodhisatva nasceu em uma família brahmin em uma certa cidade em Kasi. Quando atingiu a idade, foi para Takkasilla ( Taxila ), falando, “Conseguirei dinheiro para pagar meu professor depois, pedindo ofertas honradamente.” Ele adquiriu conhecimento e quando sua educação estava completa, disse, “Usarei de toda a diligência, meu professor, para trazer o dinheiro devido por seu ensino.” Então pedindo licença a ele, partiu e atravessando a terra buscou ofertas. Quando tinha com justiça e honradamente acumulado umas poucas onças de ouro, foi entregá-las a seu professor ; e no caminho embarcou em um bote para atravessar o Ganges. Quando o barco oscilava de um lado para outro n'água, o ouro caiu. Então ele pensou, “Este é um país difícil de conseguir ouro ; s'eu sair buscando novamente dinheiro para pagar meu professor, haverá um longo atraso. E se eu sentar jejuando às margens do Ganges ? O rei logo logo saberá do meu sentar aqui e enviará alguns cortesãos mas nada terei a dizer a eles. Então o rei mesmo virá e deste jeito conseguirei o pagamento do meu professor com ele.” Então envolveu-se com seu manto e colocando para fora a trança sacrificial, sentou às margens do Ganges, como uma estátua de ouro em cima da areia de prata. As multidões que passavam, vendo-o sentado lá e sem comer, questionavam-no porque estava sentado. Mas nem uma palavra disse a nenhum deles. Dia seguinte os cidadãos do subúrbio ouviram falar do seu jejum sentado e eles também vieram e perguntaram mas nada disse a estes também ; os cidadãos vendo sua condição exausta saíram em lamentos. No terceiro dia veio gente da cidade e no quarto pessoas eminentes, no quinto os próximos ao rei e no sexto dia o rei enviou seus ministros ; mas para nenhum destes o homem falaria. No sétimo dia o rei alarmado veio até ele e pediu uma explicação, recitando a primeira estrofe :

Ei, mergulhado em pensamentos às margens do Ganges, por quê não
Respondes às minhas mensagens ? Guardarás a tua dor ?

Quando escutou isto, o Grande Ser respondeu, “Ó grande rei ! O sofrimento deve ser falado para aquele que é capaz de acabar com ele e para nenhum outro “ : e repetiu sete estrofes :

Ó senhor cuidador da terra de Kasi ! Se sofrimento é teu lote,
Não conte este sofrer para alguém se ele não pode ajudá-lo.

Mas quem quer que possa aliviar uma parte dele com justiça,
A este deixe todo teu desejo declarar, toda pessoa assolada de dor.
O grito de chacais ou de pássaros é entendido com facilidade ;
Mas as palavras dos homens, Ó Rei, é mais sombria que estes.

Um homem pode pensar, 'Este é meu amigo, meu camarada, meu parente' :
Mas amizade vae e frequentemente raiva e inimizade começam !

Aquele que sem ser questionado repetidamente
Fora do devido tempo declara seu sofrimento,
Certamente desagrada aqueles que são seus amigos,
E aqueles que lhe desejam bem lamentam vigorosamente.

Sabendo encontrar, para falar, o tempo adequado
Conhecendo um sábio de mente amiga,
O sábio, a tal, sua dor declara,
Em palavras calmas com significados escondidos atrás.

Mas, vendo ele, que nada pode corrigir
Suas necessidades e que contá-las não levará
A nenhum resultado bom, deixe o sábio sozinho
Perseverando, reservado e envergonhado até o fim.

Assim o Grande Ser discursou nestas sete estrofes para ensinar ao rei ; e então repetiu outras quatro para indicar sua busca por dinheiro para pagar o professor :

Ó Rei ! Percorri reinos inteiros, cidades de vários reis, vilas e aldeias
Colhendo ofertas, para pagar os honorários de meu professor.
Donos de casa, cortesãos, pessoas ricas, brahmins – em toda porta
Buscando, um pouco de ouro ganhei, uma onça ou duas, não mais.
Bem, estas estão perdidas, Ó rei poderoso ! E daí o lamento dolorido.

Nenhum poder tem seus mensageiros de me livrar da dor :-
Os considerei bem, Ó poderoso rei ! Daí nada expliquei.

Mas você tem poder, Ó poderoso rei ! Para me livrar do sofrimento,
Pois pesei bem teu mérito ; a ti me explico.

Quando o rei entendeu seu pronunciamento, respondeu, “Não se avexe não, brahmin, pois pagarei os honorários de teu professor ;” e lhe deu em dobro.
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Para tornar isto claro o Mestre repetiu a última estrofe :

O senhor cuidador da terra de Kasi restaurou a este homem
(Em total confiança ) o dobro do ouro refinado que ele tinha antes.

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Quando o Grande Ser assim se salvou, foi pagar os honorários do professor ; e o rei de modo semelhante habitou com seus conselhos, fazendo ofertas e atos de bondade, legislando com retidão. Assim ambos finalmente passaram de acordo com seus atos.
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Quando o Mestre terminou seu discurso, disse: “Assim, Irmãos, não é apenas agora que o Tathagata é fértil em recursos mas ele sempre foi o mesmo.” Então identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era o rei, Sariputra o professor e eu mesmo o jovem brahmin.” 

 

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