quarta-feira, 2 de julho de 2008

146 Buddha Espírito do mar



                        ( Pintura de teto de Ajanta, Índia )

146
Nossas gargantas estão cansadas...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana sobre alguns Irmãos idosos. Ainda no mundo , eram escudeiros ricos de Savatthi, todos amigos ; e tradição diz que enquanto engajados em obras boas , escutaram o Mestre pregar. Unanimemente gritaram, “Somos idosos ; o quê são para nós, casas e coisas ? Que nos juntemos à Irmandade e seguindo a amável doutrina de Buddha terminemos com a dor.”

Então partilharam todos seus bens com crianças e famílias, e, deixando seus parentes chorosos, vieram pedir ao Mestre que os recebessem na Irmandade. Mas quando admitidos não viveram vida de Irmãos ; e devido à idade falharam em ter mestria na Verdade. Enquanto em suas vidas como donos de casa, agora também como Irmãos viviam juntos, ao construírem um agrupamento de cabanas vizinhas nas 'franjas' do mosteiro. Mesmo quando saíam em coleta de ofertas, eles geralmente iam para as casas das esposas e dos filhos e lá comiam. Particularmente, todos estes homens idosos eram mantidos pela bondade da esposa de um deles, a casa de quem todos mobiliaram. Uma doença tendo-a carregado, os idosos Irmãos seguiram de volta para o mosteiro e caíam uns aos ombros dos outros chorando andando a morte da benfeitora deles, doadora de temperos. O barulho do choro deles, trouxe ao lugar os Irmãos, querendo saber o quê os afligiam. E os homens idosos contaram como morrera a gentil benfeitora e que choravam porque a perderam e nunca encontrariam outra como ela. Chocados com tal impropriedade, os Irmãos falavam no Salão da Verdade o que causara o sofrer dos homens idosos e falaram ao Mestre também, quando ele entra no Salão da Verdade e pergunta do quê falam. “Ah, Irmãos,” diz ele, “em dias idos, também, a morte desta mesma mulher, os fez lamentar e chorar por aí ; naqueles dias ela era uma 'corva' (corvo fêmea) que foi afogada pelo mar, e estes atarefavam-se em esvaziar o mar de água de modo a tirá-la de lá, quando o sábio daqueles dias os salvou.”

E assim falando ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era um espírito do mar. Bem, um corvo com sua companheira desceram à praia em busca de comida, onde, junto antes, certas pessoas haviam ofertado um sacrifício às Nagas de leite, e arroz, e peixe, e carne e bebida forte e semelhantes. Caiu em cima o corvo com sua companheira e comeram livremente dos alimentos do sacrifício e beberam bastante bebida forte. Ambos então ficaram bêbados. E passaram a querer brincar n'água do mar e tentando surfar, foi quando uma onda carregou a corva para o mar afora e veio um peixe e a engoliu.

Oh, minha pobre esposa está morta,” chorava o corvo, explodindo em lágrimas e lamentos. Então uma multidão de corvos levados pelo choro dele ao local quer saber o quê o aflige. E quando ele conta que sua esposa foi carregada mar afora eles então começam a chorar também unanimemente. De repente o pensamento de que eram mais fortes que o mar, atinge a eles e o quê tinha que fazer era esvaziá-lo e resgatar a companheira. Começam então a trabalhar com seus bicos para esvaziar o oceano com a boca, logo descansando em terra firme quando suas gargantas ardiam com àgua salgada. E continuaram atarefados até que as bocas estavam feridas e as mandíbulas inflamadas e os olhos vermelhos e prontos a caíram de cansados. Em desespero viraram um ao outro e disseram que era em vão que trabalhavam para esvaziar o mar pois logo que tiravam uma água de um lugar, outra fluía para dentro, e todo o trabalho tinha que ser feito de novo ; eles nunca teriam sucesso em baldear àgua para fora do mar. E, assim falando, pronunciaram esta estrofe:-

Nossas gargantas estão cansadas, as bocas em chagas;
Reflui o mar sem parar.

Os corvos todos então passam a louvar a beleza do bico e dos olhos dela, sua postura, figura e doce voz, dizendo que fora as excelências dela que provocaram o mar a roubá-la deles.

 Mas enquanto falavam este nonsense o espírito do mar fez um espectro aparecer no mar e colocar eles todos para correr. Deste modo foram salvos.

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Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jataka dizendo, “A mulher idosa esposa do Irmão era a corva daqueles dias, e o marido o corvo macho; os outros Irmãos idosos eram o resto dos corvos, e eu o espírito do mar.”




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