quinta-feira, 14 de agosto de 2008

164 Buddha Abutre



                            ( Pintura de teto de Ajanta, Índia )

164
Um abutre vê um cadáver...etc.” - Esta história o Mestre contou sobre um Irmão que tinha que amparar sua mãe. As circunstâncias serão relatas no Jataka 532. O Mestre perguntou-lhe se, ele, um Irmão, amparava realmente pessoas que ainda viviam no mundo. O Irmão admitiu que sim. “Qual a relação deles contigo ?” o Mestre continuou. “Eles são meus pais, Senhor.” “Excelente, excelente,” o Mestre disse ; e pediu aos Irmãos não ficarem irados com este Irmão. “Sábios antigos,” ele falou, “prestaram serviço mesmo para aqueles que não eram seus parentes ; mas o trabalho deste homem tem sido amparar seus próprios pais.” Assim falando, ele contou a eles esta história de dias idos.

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Certa vez quando Brahmadatra era rei de Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio a vida como um jovem Abutre no Monte do Abutre e ele tinha que alimentar seu pai e sua mãe.

Certa vez veio uma grande tempestade de vento e chuva. Os Abutres não conseguiram seguir firmes contra ela ; meio congelados, voaram para Benares, e lá junto ao muro meio congelados e próximos ao fosso, sentaram, tiritando de frio.

Um mercador de Benares saía da cidade no seu caminho para se banhar, quando espreitou estes Abutres na miséria. Ele os juntou num lugar seco, fez fogo, mandou chamar e trouxe para eles pedaços de carne de boi do lugar de churrasco do gado e colocou alguém para tomar conta deles.

Quando a tempestade passou, nossos Abutres estavam bem e voaram de imediato para as montanhas. Sem demora eles se reuniram e fizeram conselho. “Um mercador de Benares nos tratou com carinho ; e 'amor com amor se paga' como é dito : por isto quando qualquer um de nós ver uma roupa ou ornamento ela deve ser jogada no jardim do mercador.” Daí em diante quando viam alguma pessoa secando roupas ou ornamentos ao sol, olhando num momento de descuido, eles àpanhavam rapidamente, como gaviões mergulhando em um pedaço de carne, e a jogavam no jardim do mercador. Este contudo, quando via que eles traziam algo, fazia com que fosse deixado de lado.

Contaram ao rei como os abutres saqueavam a cidade. “Tragam-me apenas um abutre,” disse o rei, “e eu os farei devolver tudo.” Deste modo armadilhas e laços foram por todo lado colocadas ; nosso zeloso Abutre pego. O apanharam com o intuito de levá-lo ao rei. O Mercador referido acima, no caminho em direção à sua majestade, viu este pessoal andando com o Abutre. Ele foi junto, temendo que machucassem o Abutre.

Eles deram o Abutre ao rei, que exclamou :
Você rouba nossa cidade e carrega as roupas e toda tipo de coisa,” ele começou. - “Sim, Senhor.” - “A quem elas foram dadas ?” - “Para um mercador de Benares.” - “Por quê ?” - “Porque ele salvou nossas vidas e dizem que 'amor com amor se paga' ; daí porque demos as roupas para ele.”
Abutres, dizem,” cotejou o rei, “podem espreitar um cadáver cem léguas de distância ; e não pudeste ver uma armadilha colocada para ti ?” E com estas palavras ele repetiu a primeira estrofe:

Um abutre vê cadáver que jaz uma centena de léguas longe :
Quando pousaste n'armadilha não a viste, prego ?

O Abutre escutou e respondeu repetindo a segunda estrofe:

Quando a vida está chegando ao término e a hora da morte aproxima-se,
Apesar de você estar muito perto, não espreitas nem laço nem armadilha.

Após esta resposta do Abutre, o rei dirigiu-se ao nosso Mercador. “Foram todas as coisas realmente levadas para ti, deste jeito, pelos Abutres ?” “Sim, meu senhor.” “Onde elas estão ?” “Meu senhor, elas foram todas separadas ; cada indivíduo receberá o seu de volta :- apenas deixe o Abutre ir !” Ele fez a vontade dele ; o Abutre foi colocado em liberdade e o Mercador retornou a todos os donos, suas propriedades.

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Esta lição terminada, o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jataka : - na conclusão das Verdades o Irmão zeloso foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho : - “Ānanda era o rei daqueles dias ; Sariputra era o Mercador ; e eu mesmo era o Abutre que amparava os pais.”





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