domingo, 24 de agosto de 2008

172 Buddha Leão



                 ( Pintura de teto de Ajanta, Índia )


172
Quem é este que com poderoso urro...etc.” - Esta é uma história que o Mestre contou em Jetavana sobre um Kokalika. Neste tempo, escutamos, que haviam numerosos Irmãos muito letrados no distrito de Manosila, que discursavam como jovens leões, alto o suficiente para fazer descer o celeste Ganges, enquanto recitam passagens da escritura diante da Comunidade. Enquanto eles recitam seus textos, Kokalika ( sem saber como tolo e vazio se mostrava ) pensou que gostaria de fazer a mesma coisa. E assim passou para junto dos Irmãos, sem contudo tomar a Palavra para si, mas dizendo, “Eles não me pedem para recitar uma parte da escritura. Se me pedissem, eu o faria.” Toda a Comunidade vem a saber disso ; e decidiram que iriam testá-lo. “Amigo Kokalika,” eles disseram, “faça à Comunidade a leitura de alguma escritura ho-je.” Com isto ele concordou, sem se dar conta da sua loucura ; naquele dia leria à Comunidade.

Primeiro ele bebeu mingau feito ao gosto dele, comeu comida, e tomou sopa. Ao entardecer o gongo soou para a hora do sermão ; e toda a comunidade se reuniu. O 'hábito amarelo' que ele colocou era azul como uma campânula ; seu manto era branco puro. Assim vestido, ele entrou no encontro saudando os Anciãos, subindo para o Assento da Pregação debaixo de um grande pálio em jóias, segurando um leque elegante esculpido e sentou pronto para começar sua leitura. Mas justo naquele momento gotas de suor começam a cair dele, que fica envergonhado. O primeiro verso da primeira estrofe ele repetiu ; mas o quê veio depois não conseguiu concatenar. Então levantando-se do assento, confuso, ele passa pela assembléia saindo do encontro e vai para a própria cela. Outra pessoa, um letrado verdadeiro, recitou a Escritura. Após o quê todos os Irmãos entenderam quão vazio ele era.

Um dia os Irmãos ficaram falando disto no Salão da Verdade : “Amigo, não era fácil ver quão vazio Kokalika era antes ; mas agora ele mesmo soltou a língua e se mostrou.” O Mestre entrou e perguntou sobre o quê falavam. Eles disseram. Ele falou - “Irmãos, esta não é a primeira vez que Kokalika se traiu com sua voz ; a mesma coisa aconteceu antes;” e então ele contou a eles um conto do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como um jovem Leão e era o rei de muitos leões. Com seguidores leões habitava a Cova Prateada. Vizinho havia um Chacal, vivendo em outra cova.

Um dia, após um banho de chuva, todos os Leões estavam juntos na entrada da cova do seu líder, rugindo alto e brincando como usam fazer os leões. Enquanto assim estavam rugindo e brincando, o Chacal também levantou sua voz. “Aí está este Chacal, soltando a voz com a gente !” disseram os Leões ; sentiram-se envergonhados e ficaram em silêncio. Quando eles todos ficaram em silêncio, o filhote cachorro do Bodhisatva perguntou a ele esta questão. “Pai, todos estes Leões que rugiam e brincavam caíram em silêncio por vergonha mesmo em escutar aquela criatura lá. Que criatura é esta que se trai assim com sua voz ?” e repetiu a primeira estrofe:

Quem é este que com poderoso urro faz Daddara ressoar ?
Quem é este, Senhor das Bestas ? E por quê não foi bem vindo ?

Com as palavras de seu filho o velho Leão repetiu a segunda estrofe:

O Chacal, de todos os bichos o mais vil, é ele que faz este som :
Os Leões são aversos à vileza dele, enquanto sentam em roda silenciosos.

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Irmãos,” adicionou o Mestre, “esta não é a primeira vez que Kokalika se trai pela voz ; aconteceu justo o mesmo antes ;” e terminando sua fala, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo Kokalika era o Chacal, Rahula o cachorro de leão e eu mesmo o rei Leão.”




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