sábado, 2 de fevereiro de 2008

46 "É o conhecimento...".




46
É o conhecimento...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre numa certa aldeia de Kosala sobre alguém que estragou um jardim.

Tradição diz que, no curso de uma coleta de oferta por entre o povo de Kosala, o Mestre chegou em uma certa aldeia. Um escudeiro do lugar convidou o Buddha para almoçar na sua casa, e fez seu convidado sentar-se num jardim, onde mostrou hospitalidade à Irmandade com o Buddha à sua cabeça, e cortesmente deu licença a eles de passearem ao redor. Assim os Irmãos levantaram-se e deram uma volta andando com o jardineiro. Observando ao passearem, uma área nua, disseram ao jardineiro, “Discípulo-leigo, em todo lugar neste jardim há sombra abundante; mas aqui não há nem árvore nem arbusto. Como aconteceu isto?”

“Senhores,” respondeu o homem, “quando este jardim estava sendo arrumado, um moleque da vila, que carregava água, retirou todas as árvores jovens daqui e deu-lhes muita ou pouca água de acordo com o tamanho de suas raízes. Assim as árvores jovens secaram e morreram; e daí porque este espaço está nu, deserto.”

Aproximando-se do Mestre, os Irmãos contaram a ele isto. “Sim, Irmãos,” ele disse, “esta não é a primeira vez que um moleque da vila estraga um jardim; ele fez precisamente o mesmo em dias passados.” E assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra era rei de Benares ( Varanasi ), um festival foi proclamado na cidade; e às primeiras notas do tambor do festival, chamando, derramou-se o povo para fora, guardando o feriado.

Bem, naqueles dias, uma tribo de macacos vivia no jardim do rei ; e o jardineiro do rei pensou consigo mesmo, “As pessoas estão festejando o feriado na cidade. Vou colocar os macacos para aguarem as plantas para mim, e sair fora para festejar com o resto.” Assim dizendo, ele foi até o rei dos macacos, e, primeiro estendendo-se nos benefícios que sua majestade e seus súditos gozavam por residir no jardim com flores e frutos para comer, terminou falando, “Ho-je há festival de feriado na cidade, e sairei para aproveitar também. Poderiam vocês, aguarem as jovens árvores enquanto estou fora?”

“Oh! sim,” disse o macaco.

“ Apenas prestem atenção no que fazem,” disse o jardineiro; e saiu fora, deixando com os macacos os vasos de couro e madeira de fazer o trabalho de aguar.

Os macacos então pegaram os vasos de couro e madeira e desceram para aguar as plantas jovens. “Mas devemos prestar atenção para não desperdiçar água,” observou o rei deles; enquanto águam, primeiro retirem cada árvore jovem e olhem o tamanho de suas raízes. Então deem água bastante para a que tem raízes fundas , mas apenas pouca para aquelas com poucas raízes. Quando a água tiver ido, teremos dificuldades em pegar mais.”

“Podes crer,” disseram os outros macacos, e fizeram como ele ordenou a eles.

Nesta conjuntura um certo sábio, vendo os macacos assim atarefados, perguntou-lhes por quê retiravam árvore atrás de árvore e as aguavam de acordo com suas raízes.

“Porque tal foi a ordem de nosso rei,” responderam os macacos.

A resposta deles moveu o sábio a refletir como, com todo o desejo de fazer o bem, o ignorante e tolo apenas consegue fazer dano. E recitou esta estrofe:

É o conhecimento que coroa o esforço com sucesso,
Pois os tolos são frustrados em suas tolices,
- Testemunhem o macaco que matou as árvores do jardim.

Com esta censura ao rei dos macacos, o sábio saiu com seus seguidores do jardim.

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Disse o Mestre, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que este moleque da vila estraga jardins; ele fez justo o mesmo em tempos passados.” Sua lição terminada, ele mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “O moleque da vila que estragou o jardim era o rei dos macacos naqueles dias, e eu mesmo o homem sábio e bom.”
Cf. Jātakas // : 268 e 271.


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