quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

64 Buddha Professor


  ( Pintura de teto de Ajanta vihara buddhista construída por Arhat Acharya ; clique na imagem para vê-la ampliada ).

64
Pensas tu ...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um irmão leigo. Tradição diz que morava em Sāvatthi um irmão-leigo, que estava estabelecido nas Três Gemas e nos Cinco Mandamentos, um devoto amante do Buddha, da Doutrina e da Irmandade [Buddha, Dharma, Sangha].

 Mas a esposa dele era uma mulher fraca e pecadora. Nos dias em que ela errava, ficava mansa como uma garota escrava comprada por cem dinheiro; enquanto nos dias em que não errava, virava dama, apaixonada e tirânica. O esposo não conseguia entendê-la. Ela o aborrecia tanto que ele não foi visitar o Buddha.

Um dia ele foi com perfumes e flores, e tendo tomado seu lugar após devida saudação, quando o Mestre disse a ele:- “Prego, irmão leigo, como aconteceu de você ficar sete oito dias sem ir visitar o Buddha?” “Minha esposa, senhor, um dia está como uma garota escrava comprada por cem dinheiros, e outro dia a encontro como uma patroa apaixonada e tirânica. Não consigo entendê-la ; e foi porque ela me aborreceu tanto que não vim visitar o Buddha.”

Bem, quando ele escutou estas palavras, o Mestre disse, “Pois, irmão-leigo, o sábio e bom de dias passados tinha te contado que é difícil entender a natureza das mulheres.” E continuou  “mas suas existências prévias tornaram-se confusas em sua mente, de modo que não pode se lembrar.” E assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio a ser um professor de fama mundial, com quinhentos jovens brahmins estudando com ele. Um destes pupilos era um jovem brahmin de uma terra estrangeira, que caiu de amor por uma mulher e fez dela sua esposa. Apesar de continuar a viver em Benares, ele falhou duas ou três vezes no serviço ao mestre. Pois, deves saber, sua esposa era uma mulher fraca e pecadora, que ficava mansa como uma escrava nos dias que errava, mas nos dias em que não errava, ficava senhora, apaixonada e tirânica. Seu esposo não conseguia entendê-la de jeito nenhum ; e tão aborrecido e importunado por ela ele foi , que ausentou-se de visitar o Mestre. Bem, sete ou oito dias depois ele foi aos serviços, e foi perguntado pelo Bodhisatva por quê estava sem vê-lo.

“Mestre, por causa da minha esposa,” ele disse. E contou ao Bodhisatva como ficava mansa um dia como garota escrava, e tirânica no dia seguinte ; como não conseguia entendê-la e como ficou tão importunado e aborrecido com humores cambiantes dela que ficou afastado.

“Assim, precisamente, jovem brahmin,” disse o Bodhisatva; “em dias quando erram, mulheres humilham-se diante de seus maridos e tornam-se mansas e submissas como uma garota escrava ; mas em dias quando não erram, tornam-se mandonas e insubordinadas a seus maridos. Assim são as mulheres fracas e pecadoras ; e é difícil de entender a natureza delas. Nenhuma atenção deve ser dada a seus gostos e desgostos.” E assim falando, o Bodhisatva repetiu para a edificação de seu pupilo esta estrofe:-

Pensas tu que uma mulher te ama? - não fique feliz.
Pensas tu que ela não te ama? - evite chorar.
Imperscrutável, incerto como o caminho
Dos peixes na água, mostram-se as mulheres.

Tal foi a instrução do Bodhisatva a seu pupilo, que daí em diante não prestou mais atenção aos caprichos da sua esposa. E ela, escutando que seus erros chegaram aos ouvidos do Bodhisatva, cessou dali em diante em errar.

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Também a esposa deste irmão leigo disse para si mesma, “O Perfeito Buddha sabe, me disseram, do meu erro,” e daí em diante não mais errou. Sua lição terminada, o Mestre pregou as Verdades, ao final das quais o irmão leigo ganhou o Fruto do Primeiro Caminho. Então o Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo – “Este esposo e esposa eram os mesmos daquele dias, e eu mesmo o professor.”