( pintura de teto de Ajanta, Índia, antigo mosteiro, convento, vihara buddhista, escavado na rocha )
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“Faleço,
parece-me...etc.” - Esta é uma história que o Mestre
contou, enquanto residia no bosque de banyan junto a Kapilapura sobre
a mãe de Rahula quando ela estava no palácio.
Este Jataka
deve ser contado lembrando da Época Distante da existência
de Buddha. Mas a história das Épocas, até o
rugido de leão de Kassapa de Uruvela ( um dos três
irmãos brahmins convertidos por Buddha ) em Latthivana (
próximo de Rajagaha ), a Floresta de Bambu, foi contada antes
no Nidana-katha desta coleção. Começando
neste ponto você lerá no Vessantara Jataka, nº 547,
a continuação dela até a chegada a Kapilavasthu
( a época distante estende-se até o nascimento no céu
Tusita, a época média até a obtenção
de Buddhidade e a época próxima até a 'morte' ).
O Mestre, sentado na casa de seu pai, durante a refeição
recontou o Mahadhammapala Jataka, nº 447 ; e após a
refeição ter terminado ele disse, - “Louvarei as
nobres qualidades da mãe de Rahula na própria casa
dela, contando o Canda Kinnara Jataka ( Jataka da Fada da Lua ).”
Entregando então sua tigela para o rei, com os dois
Discípulos Chefes dirigiu-se para a casa da mãe de
Rahula. Naquele tempo haviam 40 mil garotas dançarinas que
viviam na presença dela e destas mil e noventa eram empregadas
da casta guerreira. Quando a senhora escutou sobre a chegada do
Tathagata, pediu que todas elas colocassem hábitos amarelos e
elas fizeram isto. O Mestre veio e sentou-se no lugar designado para
ele. Então todas as mulheres choraram em uníssono e
houve um grande som de lamentação. A mãe de
Rahula tendo chorado e assim colocado para fora sua dor, acolheu o
Mestre e sentou com a reverência profunda devida a um rei.
Então o rei começou a história sobre a bondade
dela : “Escute, Senhor, ; ela entendeu que você vestia
roupas amarelas e então ela se vestiu de amarelo ; que
guirlandas e tais coisas são para ser largadas e veja ela
largou guirlandas e sentou no chão. Quando você entrou
para a vida religiosa ela se tornou uma viúva ; e recusou os
presentes que outros reis mandaram para ela. De modo que o coração
ela é fiel a ti.” Assim ele falou da bondade dela de
muitos modos diferentes. O Mestre disse, “Não é
nenhuma maravilha, grande rei ! Que agora em minha última
existência a senhora deva me amar, ser fiel de coração
e guiada por mim apenas. Assim também, mesmo quando nascida
como um animal, ela foi fiel e minha apenas.” Então com o
pedido do rei ele contou uma história do passado.
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Certa
vez quando Brahmadatra reinava em Benares o Grande Ser nasceu na
região do Himalaia como uma fada ( kinnara ). Sua
esposa chamava-se Canda ( Lua, a história parece conter um
mito da natureza ). Os dois moravam juntos em uma montanha prateada
chamada Canda-pabbata ou a Montanha da Lua. Naquele tempo o rei de
Benares confiou o governo a seus ministros e sozinho vestido com
manto e hábito amarelo, armado com as cinco armas ( espada,
lança, arco, machado e escudo ), dirigiu-se aos Himalaias.
Enquanto
comia sua caça lembrou-se onde havia um pequeno córrego
e começou a subir a montanha. Bem, as fadas que viviam na
Montanha da Lua na estação das chuvas permaneciam na
montanha e desciam apenas no clima quente. Naquele tempo esta fada
Canda, com seu companheiro, descera e vagava ao redor, ungindo-se com
perfumes, comendo o pólen das flores, vestindo-se com tecidos
finos de flores nas roupas interiores e exteriores, balançando-se
nas trepadeiras para divertir-se, cantando canções com
voz melíflua. Ele também veio para este córrego
; e em um lugar de parada desceu para dentro dele com sua esposa,
espalhando flores ao redor e brincando n'água. Então
colocaram novamente suas vestes de flores e em uma praia de areia
branca como um placa de prata espalharam um leito de flores e lá
deitaram. Pegando um pedaço de bambu, a fada macho passou a
tocar com ele e cantar com voz melíflua ; enquanto sua
companheira ondulando as mãos macias dançava e cantava
junto. O rei captou o som e andando delicadamente para que seus
passos não fossem escutados, aproximou-se, e permaneceu
olhando as fadas em um lugar escondido. Ele imediatamente
apaixonou-se pela fada fêmea. “Vou atingir o marido,” ele
pensou, “matá-lo e viverei aqui com a esposa.” Então
acertou o 'fado' Canda, que lamentando-se de dor pronunciou quatro
estrofes :
Faleço,
parece-me, meu sangue jorra e flue,
Perco o
sustento da minha vida, Ó Canda ! minha respiração
se vae !
Afundo,
estou com dores, meu coração queima, aquecido :
Mas é por
teu sofrimento, Canda, que meu coração apieda-se por
dentro.
Qual grama,
qual árvore pereço, qual rio sem água, eu seco :
Mas
é por teu sofrimento, Canda, que meu coração
apieda-se por dentro.
Qual
chuva em lago ao sopé de montanha são as lágrimas
que caem dos meu olhos :
Mas
é por teu sofrimento, Canda, que meu coração
apieda-se por dentro.
Assim
o Grande Ser lamentava-se em quatro estrofes
; e deitado no leito de flores, ele perdeu sua consciência e
desmaiou. O rei ficou onde estava. Mas a fada não sabia que o
Grande Ser estava ferido nem mesmo quando pronunciou seu lamento,
estando intoxicada com o próprio prazer. Vendo-o deitado lá
virado e sem vida, ela começou o pensar em qual seria o
problema com seu senhor. Quando o examinava, ela viu sangue vertendo
da abertura da ferida e sendo incapaz de suportar a grande dor pelo
sofrimento de seu amado marido, ela gritou em alta voz. “O 'fado'
deve estar morto,” pensou o rei, saiu e apresentou-se. Quando Canda
o viu ela pensou, “Este deve ser o bandido que atingiu meu caro
marido !” e tremendo fugiu. De pé no topo da montanha
denunciou o rei em cinco estrofes :
Aquele
príncipe mau – ah, meu pesar ! - meu marido querido feriu,
Que lá
debaixo d'árvore do bosque agora jaz no chão.
Ó
príncipe ! o pesar que aperta meu
coração possa tua própria mãe pagar,
O pesar
que aperta meu coração ver meu 'fado' morto ho-je !
Sim, príncipe
! O pesar que aperta meu coração possa tua própria
esposa repagar,
O
pesar que aperta meu coração ver meu 'fado' morto ho-je
!
E
possa tua mãe chorar seu pai e possa ela chorar seu filho,
Quem
a meu senhor sem defesa por luxúria cometeu tal ato.
E
possa tua esposa olhar e ver a perda de pai e filho,
Pois tu
a meu senhor indefeso por luxúria cometeste tal gesto.
Após ela ter
feito deste modo seu lamento nestas cinco estrofes, de pé no
topo do monte o rei a confortou com outra estrofe :
Não
chore, nem sofra : a escuridão da floresta te cegou, creio :
Uma casa
real te honrará e serás minha rainha.
“O que foi isto
que você falou ?” gritou Canda quando escutou a fala ; e alto
como o rugido de uma leoa ela proclamou a próxima estrofe :
Não !
Certamente me matarei ! Tua nunca serei,
De quem
matou meu marido indefeso e só por luxúria por mim.
Quando ele escutou
isto sua paixão o deixou e ele recitou outra estrofe :
Viva se
queres, Ó tímida ! Vá para o Himalaia :
Criaturas que se
alimentam de árvores e arbustos amam a floresta, eu sei.
(
são nomeadas duas plantas Corypha Taliera e Tabernaemontana
Coronaria. )
Com estas
palavras ele partiu indiferente. Canda logo que o viu partir desceu
e abraçou o Grande Ser levando-o para o topo do morro e
deixando em um chão reto lá : colocando a cabeça
dele no seu colo, ela fez seu lamento em doze estrofes :
Aqui nas montes
e nas cavernas das montanhas, em muitas clareiras e grotões,
O que devo
fazer, Ó 'fado' meu ! Agora que não te vejo ?
No ambiente das bestas
selvagens, folhas espalham-se em muitos lugares legais :
Que devo
fazer, Ó 'fado' meu, agora que não te vejo ?
No ambiente das bestas
selvagens, doces flores espalham-se em muitos lugares legais :
Que devo fazer, Ó
'fado' meu, agora que não te vejo ?
Rápido
descem os rios dos montes, com flores tudo cobrindo :
Que devo
fazer, Ó 'fado' meu, agora que me deixaste sozinha ?
Azul são
as montanhas do Himalaia, muito belas de ver :
Que devo
fazer, Ó 'fado' meu, agora que não te vejo ?
Ouro entorna os
montes dos Himalaias, muito belos de ver :
Que devo
fazer, Ó 'fado' meu, agora que não te vejo ?
Brilham de
vermelho os montes dos Himalaias, muito belos de ver :
Que devo
fazer, Ó 'fado' meu, agora que não te vejo ?
Agudos são
os picos dos Himalaias, muito belos de ver :
Que devo
fazer, Ó 'fado' meu, agora que não te vejo ?
Lampeja
branco os picos do Himalaia, muito belos de ver :
Que
devo fazer, Ó 'fado' meu, agora que não te vejo ?
O
Himalaia côr de arco-íris, muito belo de ver :
Que
devo fazer, Ó 'fado' meu, agora que não te vejo ?
Monte
Fragrante ( Gandha-mandana ) é cara aos duendes ; plantas
cobrem todo canto
Que
devo fazer, Ó 'fado' meu, agora que não te vejo ?
As
fadas amam o Monte Fragrante, plantas cobrem todo canto :
Que
devo fazer, Ó 'fado' meu, agora que não te vejo ?
Deste
modo ela fez seu lamento ; e colocando a mão do Grande Ser em
seu seio sentiu que ele ainda estava quente. “Canda ainda vive !”
ela pensou : “Vou censurar os deuses até trazê-lo à
vida novamente !” Então ela gritou alto, censurando-os,
“Não há ninguém que governe o mundo ? Eles
estão viajando ? Ou talvez estejam mortos e daí não
salvam meu querido marido !” Pelo poder da dor dela o trono de
Sakra tornou-se quente. Ponderando ele percebeu a causa ; na forma
de um brahmin aproximou-se e de uma cabaça retirou água
e aspergiu o Grande Ser com ela. No mesmo instante o veneno cessou
de agir, a cor dele retornou, ele soube apenas o lugar em que a
ferida tinha sido : o Grande Ser levantou-se completamente bem.
Canda vendo seu marido bem amado inteiro, em alegria caiu aos pés
de Sakra e cantou seu louvor na seguinte estrofe :
Benção,
brahmin santo ! Que deste a uma esposa infeliz
Seu
marido bem amado, aspergindo-o com o elixir da vida !
Sakra
então deu este conselho : “A partir deste dia não
desça da Montanha da Lua para os caminhos dos homens mas more
aqui.” Duas vezes repetiu isto e então retornou para seu
próprio lugar. E Canda disse a seu marido, “Por quê
ficar aqui em perigo, meu senhor ? Vamos, vamos para a Montanha da
Lua,” recitando a última estofe :
Para
a montanha vamos,
Onde
os amáveis rios fluem,
Rios
cobertos de flores :
Lá
para sempre, enquanto a brisa
Sussurra
em árvores mil,
Encantar
com conversas as horas felizes.
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Quando
o Mestre terminou este discurso, ele disse : “Não agora
apenas, mas muito tempo atrás também, ela foi devota e
fiel de coração a mim.” Então ele
identificou o Jataka : “Naquele tempo Anurudha era o rei, a Mãe
de Rahula era Canda e eu mesmo era o 'fado'.”
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