sábado, 5 de janeiro de 2008

21 "O antílope bem sabe..."





21
O antílope bem sabe...etc”. – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto no bosque de Bambu sobre Devadatra. Pois uma vez em que os Irmãos juntaram-se no Salão da Verdade, sentaram falando mal de Devadatra, dizendo, “Senhores, para destruir o Buddha, Devadatra contratou arqueiros, rolou uma pedra em cima, e soltou o elefante Dhana-pālaka; de todo modo tentava matar o Senhor da Sabedoria.” Entrando e sentando-se no lugar preparado para si, o Mestre perguntou, dizendo, “Senhores, que tema discutem aqui em conclave?” “Senhor,” foi a resposta, “discutíamos a vilania de Devadatra, dizendo que está sempre tentando te matar.” Disse o Mestre, “Não é apenas nos dias presentes, Irmãos, que Devadatra busca matar-me ; ocupou-se em intento semelhante também em dias passados, - mas foi incapaz de matar-me.” E assim falando, contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como um antílope, e vivia de frutas no seu refúgio na floresta.

Num determinado período subsistia de fruta de sepanni. E lá havia um caçador da aldeia, cujo método de caça era construir plataforma nas árvores em que encontrava rastros de cervos, e vigia lá de cima quando vierem comer frutas das árvores. Quando o cervo vem, ele joga uma azagaia nele derrubando-o, e vende a carne para viver. Esta caçador um dia notou os rastros do Bodhisatva aos pés da árvore, e fez para si uma plataforma em cima nos galhos. Tendo tomado café cedo, foi com a azagaia para a floresta e sentou na sua plataforma. O Bodhisatva, também, veio cedo para comer fruta a árvore; mas não estava com tanta pressa assim para aproximar-se dela. “Pois,” pensou ele consigo mesmo, “algumas vezes caçadores constrõem plataformas nos galhos. Será que não acontecerá isto aqui?” E deu uma pausa no caminho para reconhecimento. Vendo que o Bodhisatva não se aproximava, o caçador, ainda sentado na plataforma, jogou uma fruta em frente do antílope. Disse este último para si mesmo, “Eis que a fruta vem até mim; imagino que há um caçador lá em cima.” Assim ele olhou, e olhou, até conseguir enxergar o caçador na árvore; mas, fingindo não ter visto o homem, ele gritou, “Minha cara árvore, até agora você tinha o hábito de deixar os frutos caírem direto no chão como uma trepadeira pendente; mas ho-je deixaste de agir como árvore. E portanto, como deixaste de agir como árvore, devo mudar também, e buscar comida debaixo de outra árvore.” E assim dizendo, repetiu a estrofe:-

O antílope bem sabe a fruta que você jogou.
Não gostei dela; buscarei em outra árvore.

Então o caçador da sua plataforma atirou a azagaia no Bodhisatva, gritando, “Fora! Te perdi desta vez.” Rodando, o Bodhisatva parou e disse, “Você pode ter me perdido, meu bom homem; mas por causa disto, não perdeste o prêmio da tua conduta, qual seja, os oito Maiores e os dezesseis Menores ínferos e todas as cinco formas de laços e torturas.” Com estas palavras o antílope saltou fora no seu caminho; e o caçador, também, desceu e seguiu seu caminho.

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Quando o Mestre terminou o discurso e repetiu o que dissera de Devadatra ter tentado matá-lo em dias passados também, ele mostrou a conexão e identificou o Jātaka, dizendo, “Devadatra era o caçador em plataforma daqueles dias, e eu mesmo o antílope.”

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