segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

27 Buddha e os bichos





             ( Savatthi, capital de Kosala,  ruínas atuais )

27
Nenhum pedaço ele come...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um discípulo leigo e um Ancião idoso.

Tradição diz que havia em Sāvatthi dois amigos, dos quais um juntou-se à Irmandade mas usava ir todo dia à casa do outro, onde seu amigo dava-lhe ofertas de comida e alimentava-se ele mesmo, e depois acompanhava-o de volta ao Mosteiro, onde ele sentava falando por todo dia até o sol sair, quando voltava para a cidade. E seu amigo o Irmão usava escoltá-lo em seu caminho para casa, indo até os portões da cidade antes de voltar.

A intimidade destes dois tornou-se conhecida entre os Irmãos, que estavam sentados um dia no Salão da Verdade, falando da intimidade entre o par, quando o Mestre, entrando no Salão, perguntou qual o assunto da conversa; e os Irmãos contaram a ele.

“Não apenas agora, Irmãos, são estes dois íntimos um do outro,” disse o Mestre; “eles eram íntimos em dias passados também.” E, assim dizendo, ele contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva era seu ministro. Naqueles dias havia um cão que usava ir ao estábulo do elefante de estado, e comer os pedaços de arroz que caíam de onde o elefante comia. Freqüentando o lugar por causa da comida, o cão ficou muito amigo do elefante, e por fim só comia com ele. E nem podia ser montado sem o outro. O cão usava divertir-se volteando para frente e para trás no tronco do elefante. Um dia um cidadão comprou o cão do tratador e levou-o para casa com ele. Daí em diante, o elefante, perdendo o cachorro, recusou-se comer, beber e banhar-se; e contaram ao rei sobre. Sua majestade despachou o Bodhisatva para descobrir por quê o elefante comportava-se assim. Dirigindo-se até a ‘casa’ do elefante, o Bodhisatva, vendo como estava triste o elefante, disse a si mesmo, “Ele não tem doença corporal; deve ter feito uma ardente amizade, e chora a perda de seu amigo.” E assim perguntou se o elefante formara amizade com alguém.

“Sim, meu senhor,” foi a resposta; “há um amizade muito calorosa entre ele e um cão.” “Onde está este cão agora?” “Um homem o levou.” “Saberias dizer onde vive este homem?” “Não, meu senhor.” O Bodhisatva foi ao rei e disse, “Nada há de errado com o elefante, senhor; mas era muito amigo de um cão, e perder seu amigo o fez recusar comer, imagino.” E assim dizendo repetiu a estrofe:-

Nenhum pedaço ele come, nem arroz nem grama;
E não tem prazer em banhar-se agora.
Me parece, que o cão tornou-se tão familiar,
Que o elefante e o cão ficaram amigos unidos.

“Bem,” disse o rei escutando isto; “que devemos fazer agora, sábio?” “Proclame com tambor, sua majestade, que uma pessoa carregou um cão amigo do elefante de estado, e que esta pessoa em cuja casa for encontrada o cão, deve pagar tal multa.” O rei agiu conforme o conselho; e o homem, quando escutou isto, prontamente deixou-o sair solto. Logo correu o cão, e foi até o elefante. Este o tomou em seu tronco, e o colocou na cabeça, e chorou e gritou, e, novamente colocando o cão no chão, viu-o comer primeiro e depois comeu sua própria comida.

“Mesmo a mente dos animais são conhecidas dele,” disse o rei, e encheu o Bodhisatva de honras.

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Assim o Mestre terminou sua lição para mostrar que os dois foram íntimos em dias passados como naqueles dias. Isto feito, ele expôs as Quatro Verdades. (Esta exposição das Quatro Verdades forma parte de todos os outros Jātakas, mas só a mencionamos onde é expressamente dito que houve benção em fruto.) Então ele mostrou a conexão, e identificou o Jātaka dizendo, “O leigo discípulo era o cão daqueles dias, o Ancião idoso era o elefante, e eu mesmo o sábio ministro.”

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