sábado, 5 de janeiro de 2008

22 Buddha Cão.




          ( Jetavana atualmente na Índia )


22
Os cães que no palácio real crescem...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre agir em benefício dos seus parentes, como será relatado no Jātaka 465. Para explicar esta lição que contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, resultado de ato da vida passada, o Bodhisatva veio à vida como cão, e morava num grande cemitério chefiando várias centenas de cães.

Bem, um dia, o rei saiu para o jardim em sua carruagem de estado puxada por cavalos brancos como leite, e depois de divertir-se por todo o dia nos campos voltou para a cidade depois do crepúsculo. Os arreios foram deixados no átrio, ainda arreados na carruagem. À noite choveu e os arreios molharam. Depois disso os cães do rei desceram dos aposentos superiores e mastigaram as tiras e trabalhos de couro. No dia seguinte contaram ao rei dizendo, “Senhor, cães mastigaram as costuras do trabalho de couro e as tiras da carruagem de sua majestade.” Com raiva dos cães, o rei disse, “Mate todo cão que for visto.” Então começou um grande massacre de cães; e as criaturas, descobrindo que eram mortas onde quer que fossem vistas, acorreram para o cemitério para o Bodhisatva. “Qual o significado,” perguntou ele, “desta reunião vossa em tanto número?” Eles disseram, “O rei está tão enraivecido com o relato de que suas correias e tiras de couro foram roídas pelos cães dentro de recinto real, que ordenou que todos os cães fossem mortos. Cães estão sendo mortos indiscriminadamente, e um grande perigo aproxima-se.”

Pensou o Bodhisatva consigo mesmo, “Nenhum cão de fora conseguiria entrar em um lugar tão bem vigiado; devem ter sido os cães de raça de de dentro do palácio que fizeram isto. No momento nada acontece aos reais culpados, enquanto os inocentes estão sendo posto à morte. E se eu revelasse os culpados ao rei e salvasse a vida de meus amigos e parentes?” Confortando seu povo dizendo, “Não temam; os salvarei. Apenas esperem aqui até eu falar com o rei.”

Então, guiado por pensamentos de amor, e chamando à mente as Dez Perfeições, seguiu seu caminho só e sem ajudantes para a cidade, assim inspirando-se, “Que nenhuma mão levante-se para me atirar pau ou pedra.” Concordemente, quando ele apareceu, nenhuma pessoa enraiveceu-se ao vê-lo.

O rei enquanto isto, após ordenar a destruição dos cães, sentou-se no salão da justiça. E direto até ele correu o Bodhisatva, pulando em baixo do trono real. Os empregados do rei tentaram tirá-lo ; mas sua majestade os impediu. Descansando um pouco, o Bodhisatva saiu de debaixo do trono, e inclinando-se diante do rei disse, “Foi você que mandou destruírem os cães?” “Sim, fui eu.” “Qual foi a ofensa deles, rei das pessoas?” “Eles mastigaram as correias de couro que cobrem minha carruagem.” “Você quais foram os cães que realmente causaram dano?” “Não, não sei.” “Mas, sua majestade, se não sabes ao certo os reais culpados, não é certo ordenar a destruição de todos os cães vistos.” Foi porque cães mastigaram meu couro da carruagem que ordenei que todos fossem mortos.” “O seu pessoal mata todos os cães sem exceção , ou alguns cães são poupados?” “Alguns são poupados, - os cães de raça de meu próprio palácio.” “Senhor, justamente agora disseste que ordenaste o massacre universal de todos os cães encontrados, porque os cães roeram as correias da sua carruagem; contudo, agora, dizes que os cães de raça de seu palácio escapam da morte. Portanto estais seguindo os quatro Cursos Errados da parcialidade, dessemelhança, ignorância e medo. Tais cursos são errados, e não é próprio de reis. Pois reis em julgar casos devem ser equilibrados como o eixo de uma balança. Mas neste caso já que os cães reais estão soltos, enquanto os cães pobres são mortos, não há fado semelhante para todos os cães igualmente, mas só matança dos cães pobres.” O Grande Ser então, elevando sua doce voz, disse, “Senhor, não estais fazendo justiça,” e ensinou a Verdade ao rei nesta estrofe:-

Os cães que no palácio real crescem
Os cães bem nutridos, fortes e belos de formas,-
Não estes mas apenas nós, estamos condenados a morrer.
Aqui não há sentença imparcial conferida
Igual a todos; é matança dos pobres.

Após escutar as palavras do Bodhisatva, o rei disse, “Tu em tua sabedoria sabe quem realmente mastigou o couro da minha carruagem?” “Sim, senhor.” “Quem foi?” “Os cães de raça que vivem no seu próprio palácio.” “Como pode ser provado que foram eles que mastigaram o couro?” “Provarei para você.” “Faça isto, sábio.” “Então chame seus cachorros, e traga um pouco de leite engordurado e grama kusa.” O rei fez isto.
Então disse o Grande Ser, “Que esta grama seja amassada e misturada no leite, e que os cães o bebam.”
O rei fez isto; - com resultado que cada um dos vários cachorros, enquanto bebiam, vomitavam. E todos botaram para fora pedaços de couro! “Pois eis que é como o juízo de um Perfeito Buddha mesmo,” gritou o rei esfuziante, e fez homenagem ao Bodhisatva oferecendo-o o guarda-sol real. E o Bodhisatva ensinou a Verdade nas dez estrofes sobre retidão no Jātaka 521, começando com as palavras:-

Ande em retidão, grande rei de raça principesca.

Então tendo estabelecido o rei nos Cinco Preceitos, e tendo exortado sua majestade a ser constante, o Bodhisatva devolveu ao rei o guarda-sol branco da realeza.
Terminada as palavras do Grande Ser, o rei ordenou que a vida de todos os seres vivos fossem poupadas de dano. Ordenou que todos os cães do Bodhisatva para baixo, deveriam ter suprimento de alimento como ele próprio alimentava-se; e, permanecendo nos ensinamentos do Bodhisatva, passou a vida toda em caridade e boas obras, de modo que quando morreu, re-nasceu no Céu Deva. Os ‘Ensinamentos do Cão’ duraram por dez mil anos. O Bodhisatva também viveu até a madura anciedade, e então passou, sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Quando o Mestre terminou sua lição, e disse, “Não apenas agora, Irmãos, o Buddha fez o bem a seus parentes; em dias anteriores também ele fez semelhantemente,” – mostrou a conexão, e identificou o Jātaka dizendo, “Ānanda era o rei naqueles dias, os seguidores do Buddha eram os outros, e eu mesmo era o cão.”

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