terça-feira, 29 de janeiro de 2008

42 Buddha Pombo



42
A pessoa teimosa...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana , sobre um certo Irmão ganancioso. Sua cobiça será relatada nos Jātakas 274, 275, 375 e 395 [a mesma conta, Jataka, Vida passada, do pombo e do corvo com versos diferentes].

Mas nesta ocasião os Irmãos contaram ao Mestre, dizendo, “Senhor, este Irmão é ganancioso.”
Disse o Mestre, “É verdade como dizem Irmão que és ganancioso?” “Sim, senhor,” foi a resposta.
“Também em tempos passados, Irmão , fostes ganancioso, e por causa de sua ganância perdeste a vida; também fizeste que o sábio e bom perdesse a casa.” E assim falando contou uma história do passado.

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Certa quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como pombo. Bem, o povo de Benares naqueles dias, em ato de bondade, costumava pendurar cestas de palha em diversos lugares para abrigo e conforto dos pássaros; e o cozinheiro do Alto Senhor Tesoureiro de Benares pendurava um destes balaios na sua cozinha. Nesta cesta o Bodhisatva tomou domicílio, saindo aurora em busca de comida e retornava ao crepúsculo; e assim vivia sua vida.

Um dia contudo um corvo, voando pela cozinha sentiu o aroma saboroso de peixe e carne fresca salgada, e encheu-se de ânsia de prová-los. Considerando como realizar seu desejo, pendurou-se por ali, e a noitinha viu o Bodhisatva chegando em casa e indo para a cozinha. “Ah!” ele pensou, “posso arranjar isto através do pombo.”

Então voltou no dia seguinte aurora, e, quando o Bodhisatva saía para sua busca de comida, seguiu-o em todos os lugares como sua sombra. Então o Bodhisatva diz, “Por quê me segues, amigo?”

“Meu senhor,” respondeu o corvo, “seu comportamento ganhou minha admiração; e daí é meu desejo segui-lo.” “Mas teu tipo de comida e o meu, amigo, não é o mesmo,” disse o Bodhisatva; “dificilmente você a aceitaria seguindo-me.” “Meu senhor,” disse o corvo, “enquanto buscas tua comida, me alimentarei também, do teu lado.” “Que seja, então,” disse o Bodhisatva; “apenas sejas diligente.” E com este conselho ao corvo, o Bodhisatva vagou aos redores bicando semente de grama; enquanto o outro saiu revirando estrume e pegando insectos debaixo até ficar satisfeito. Então ele voltou até o Bodhisatva e falou, “Meu senhor, dedicas muito tempo para alimentação; deve-se evitar os excessos.”

E quando o Bodhisatva já tinha alimentado-se e voltado para casa ao crepúsculo, entrou o corvo voando com ele na cozinha.

“Pois nosso pássaro trouxe outro para casa com ele;” exclamou o cozinheiro, e pendurou uma segunda cesta na cozinha. Cheio de ânsia gananciosa à visão, o corvo colocou na mente de ficar em casa no dia seguinte e regalar-se com aqueles pratos excelentes.

Assim toda a noite ficou gemendo e no dia seguinte, quando o Bodhisatva partia para a busca de comida, e gritava, “Vamos, amigo corvo,” o corvo respondeu, “Vá sem mim, meu senhor; pois estou com dores no estômago.” “Amigo,” respondeu o Bodhisatva, “nunca ouvi falar antes em corvo com dor de estômago. É vero, que corvos ficam fracos em cada uma das três vigílias; mas se eles comem um vaga-lume a fome deles apazigua no momento. Você deve estar ansiando pelo peixe aqui da cozinha. Venha agora, você não gostará da comida das pessoas. Não siga tal caminho, mas venha e busque comida comigo.” “É vero, estou incapaz, meu senhor,” disse o corvo. “Bem, sua conduta mesma mostrará,” disse o Bodhisatva. “Apenas não caia presa da cobiça, mas permaneça constante.” E com este conselho, saiu voando para encontrar a comida diária.

O cozinheiro pegou diversos tipos de peixe, e arranjou uns de um jeito outros de outro. Levantando então um pouco as tampas das panelas para deixar o vapor sair, colocou um escoador, em cima de uma delas e saiu para fora pela porta, onde ficou limpando o suor da testa. Justo naquele momento a cabeça do corvo pipoca para fora do balaio. De uma olhada viu que o cozinheiro saíra, e, “Agora ou nunca,” pensou ele, “é minha hora. A única questão é devo escolher carne picada ou pegar um pedaço grande?” Argumentando consigo mesmo que levaria muito tempo para fazer uma refeição de carne picada, ele resolveu pegar um pedaço grande de peixe e sentar e comê-lo na cesta. Portanto voou para fora e pousou no escoador. “Cleck” fez o escoador.

“Que será isto?” disse o cozinheiro, correndo ao escutar o barulho. Vendo o corvo, ele gritou, “Ah, aí está aquele corvo tratante esperando para comer a comida do patrão. Devo trabalhar para o mestre não para este farsante! O quê é ele para mim, gostaria de saber?” Então, primeiro fechando a porta, ele pegou o corvo e tirou todas as penas do corpo dele. Depois passou nele gengibre com sal e cominho, e misturando em manteiga rançosa – e finalmente mergulhou o corvo em picles e jogou de volta na cesta. E lá o corvo jazia gemendo, tomado pela agonia da dor.

À noitinha o Bodhisatva volta, e vê a situação de desgraça do corvo. “Ah! corvo ganancioso,” ele exclama, “não escutaste minhas palavras e agora sua ganância mesma causou seu dano.” E assim falando repetiu a estrofe:-

A pessoa teimosa que, quando exortada, presta
Nenhuma atenção à amigos que gentis conselhos lhes dão,
Certamente perecerá, como o corvo ganancioso,
Que riu e debochou dos conselhos do pombo.

Então exclamando “Também não posso morar mais aqui,” o Bodhisatva voou embora. Mas o corvo morreu then and there lá e então, e o cozinheiro atirou-o com cesta e tudo no monte de lixo.

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Disse o Mestre, “Foste ganancioso, Irmão, em dias passados justo como és agora; e tudo por causa da sua cobiça o sábio e bom daqueles dias teve de abandonar sua casa.” Tendo terminado sua lição, o Mestre pregou as Quatro Verdades, no final das quais o Irmão ganhou o Fruto do Segundo caminho. Então o Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka como segue:- “O Irmão ganancioso era o corvo daqueles dias e eu o pombo.”







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