quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

15 "Pois enquanto um cervo...".




15
Pois enquanto um cervo...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana sobre um Irmão relapso. Tradição diz que este Irmão era relapso e não escutava advertência. Concordemente, o Mestre perguntou sobre ele, dizendo, “É verdade, como dizem, que és relapso e não escutas advertência?”
“É verdade, Abençoado,” foi a resposta.
“Em dias passados também,” disse o Mestre, “foste relapso e não escutaste advertência do que era sábio e bom, - resultando que foste pego por armadilha e morto.” E assim contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares o Bodhisatva nasceu como um cervo e morava na floresta liderando uma horda de cervos. Sua irmã trouxe o filhote até ele, dizendo, “Irmão, este é seu sobrinho; ensine a ele os truques dos cervos.” E assim colocou o filho aos cuidados do Bodhisatva. Disse este último a seu sobrinho, “Venha em tal e tal hora e lhe darei aula.” Mas o sobrinho não aparecia à aula na hora marcada. E, como no primeiro dia, em sete dias seguidos ele faltou à aula e não aprendeu os truques dos cervos; e por fim, quando vagava, foi pego numa armadilha. Sua mãe veio e disse ao Bodhisatva, “Irmão, seu sobrinho não aprendeu os truques dos cervos?” “Não pense no farsante que não aprende,” disse o Bodhisatva; “seu filho falhou em aprender os truques dos cervos.” E assim dizendo, tendo perdido toda a vontade de instruir o patife mesmo em perigo de morte, repetiu esta estrofe:-

Pois enquanto um cervo tem duas vezes quatro patas para correr
E chifres galhardos armados com inúmeras pontas
E quando sabe os sete truques, ele se salva,
Não ensinei a quem faltou a aula sete vezes.

Mas o caçador matou o cervo de vontade própria que foi pego na armadilha, e foi embora com sua carne.

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Quando o Mestre terminou a lição justificando o que dissera do Irmão errado em dias passados como no presente, mostrou a conexão, e identificou o Jātaka, dizendo “Naqueles dias o Irmão relapso era o sobrinho cervo, Uppala-vannā (N. do Tr.: Ver a interessante Vida desta theri no artigo de Mrs. Bode ‘Women Leaders of the Buddhist Reformation’ (Ceylon R. A. S. Journal 1893, pp. 540-552) onde é explicado que Uppala-vannā “tem este nome porque sua pele tinha a cor do âmago da lótus azul escura.”) era a irmã, e eu mesmo o cervo que dava aula.”

  Duas vezes quatro patas explica-se pela divisão em duas das patas unguladas, com o casco separado em duas unhas .


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