sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

18 Buddha Fada d'Árvore




              ( moeda de Magadha com dharma chakra e as quatro nobres verdades
                                            representadas junto com outros símbolos )


18
Se o povo apenas soubesse...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana sobre Banquetes para os Mortos. Pois nestes dias o povo matava bodes, carneiros e outros animais, e os ofereciam em sacrifício, em ofertas, no assim chamado Banquete para os Mortos, para o bem dos parentes mortos. Encontrando as pessoas assim atarefadas, os Irmãos perguntaram ao Mestre, dizendo, “Justo agora, senhor, o povo está tirando a vida de muitos seres vivos e os oferecendo em sacrifício no que é chamado Banquete aos Mortos. Pode haver, senhor, algum bem nisso ?”
“Não, Irmãos,” respondeu o Mestre; “nem mesmo quando a vida é tirada para realizar um Banquete aos Mortos, qualquer bem advém. Em dias passados o sábio, pregando a Verdade pousado no ar, e mostrando as conseqüências ruins da prática, fez todo o continente renunciá-la. Contudo agora, quando suas existências prévias estão confusas nas mentes deles, a prática brotou novamente.” E, assim dizendo, contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, um brahmin, versado nos Três Vedas e famoso professor, tendo a intenção de oferecer um Banquete aos Mortos, pegou um bode e disse a seus pupilos, “Meus filhos, levem este bode até lá embaixo no rio e banhem ele; depois coloquem um guirlanda ao redor do pescoço dele, e dêem uma tigela cheia de grão para comer, passem a escova nele, e tragam-o de volta.”
“Muito bem,” eles disseram, e desceram com o bode até o rio, onde banharam e escovaram a criatura na margem. O bode, tendo consciência dos atos das vidas passadas, encheu-se de alegria ao pensar que naquele mesmo dia se livraria de toda a sua miséria, e riu alto como um pote que se quebra. Então ao pensar que o brahmin ao matá-lo carregaria a miséria que ele carregava, o bode sentiu uma grande compaixão pelo brahmin, e chorou em alta voz. “Amigo bode,” disseram os jovens brahmins, “sua voz elevou-se no rir e no chorar; o quê te fez rir e o quê te fez chorar?”
“Façam-me esta pergunta diante de seu mestre.”
“Então foram com o bode até o mestre e contaram a ele o quê aconteceu. Depois de escutar a história, o mestre perguntou ao bode porque ria e porque chorava. Em relação a isto o animal, relembrando seus atos passados pelo poder de lembrar as existências anteriores, assim falou ao brahmin:- “Em tempos passados, brahmin, eu, como você, era um brahmin versado em textos místicos dos Vedas, e eu, para oferecer um Banquete aos Mortos, matei um bode em oferta. Por ter matado aquele simples bode, tive minha cabeça cortada quinhentas vezes faltando apenas uma. Este é meu nascimento de número quinhentos e último; e por isto ri alto quando pensei que naquele dia mesmo me libertaria da miséria. Por outro lado, chorei quando pensei que, como eu, por matar um bode fiquei fadado a perder a cabeça quinhentas vezes, estava ho-je sendo liberto da miséria, você, como pena por matar-me fadaria-se a perder a cabeça, como eu, quinhentas vezes. Assim foi por compaixão por ti que chorei.” “Não tema, bode,” disse o brahmin; “não te matarei.” “O quê que você disse, brahmin?” disse o bode. “Mate-me você ou não, não escaparei à morte ho-je.” “Não tema, bode; vou te proteger.” “Fraca é tua proteção, brahmin, e forte é a força da minha ruindade.”
Libertando o bode, o brahmin disse a seus discípulos, “Não deixem ninguém matar este bode;” e, e companhia dos jovens, ele seguiu de perto o animal. No momento que o bode foi liberto, ele esticou o pescoço para pastar folhas de arbusto que cresciam perto de uma rocha. Naquele mesmo instante um raio atingiu a pedra, talhando-a um pedaço que por sua vez atingiu o bode na nuca e cortou a cabeça dele. E o povo reuniu-se em volta.
Naqueles dias o Bodhisatva era uma Fada da Árvore naquele lugar mesmo. Por seus poderes sobrenaturais ele agora sentava-se pousado no ar enquanto toda a multidão olhava. Pensando consigo mesma, ‘Se estas criaturas pelo menos soubessem qual o fruto do erro, talvez desistissem de matar,’ em voz doce ensinou a eles a Verdade nestas estrofes:-

Se o povo apenas soubesse que incorre na pena
De nascer em tristeza, de seres vivos cessariam
De tirar a vida. Duro é o fado de quem mata.

Assim o Grande Ser pregou a Verdade, assustando os ouvintes com medo do inferno; e o povo, escutando-a, ficou tão aterrorizado com medo dos ínferos que pararam de matar. E o Bodhisatva depois de estabelecer a multidão nos Mandamentos pregando a eles a Verdade, passou sendo tratado de acordo com seus méritos. O povo, também, permaneceu firme nos ensinos do Bodhisatva e passou a vida em caridade e boas obras, de modo que no fim lotaram a Cidade dos Devas.

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A lição terminada, o Mestre mostrou a conexão, e identificou o Jātaka dizendo, “Naqueles dias eu era a Fada da Árvore.”

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