quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

29 Buddha Touro ( outro )




            ( Clique na imagem para vê-la ampliada : Sankassa nos dias atuais marcando o local da descida de Buddha dos céus )

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Com pesadas cargas...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre o Milagre Duplo, que, junto com a descida do Céu, serão relatados no Jātaka 483.

Depois que realizou o Milagre Duplo e passou um tempo no Céu, o Buddha Onisciente desceu na cidade de Samkassa no dia do Grande Festival Pavāranā (no fim das chuvas), e daí passou com largo séqüito para Jetavana.

Em reunião no Salão da Verdade, os Irmãos sentaram louvando as virtudes do Mestre dizendo, “Senhores, Buddha é ímpar; ninguém pode carregar o jugo pelo Buddha carregado. Os Seis professores, apesar deles protestarem tantas vezes que apenas eles, e eles apenas, realizariam milagres, ainda assim nem um único milagre realizaram. Ó! como é ímpar o Mestre!”

Entrando no Salão e perguntando qual o tema da discussão dos Irmãos em conclave, o Mestre foi informado que o tema não era outro que as virtudes mesmas dele. “Irmãos,” disse o Mestre, “quem carregaria a canga que eu carrego? Mesmo em dias passados, quando vim à vida como animal, fui incomparável.” E assim dizendo contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como um touro. E enquanto ainda era bezerro pequeno, seus donos, que hospedavam-se com uma senhora anciã, deram-no à ela em reconhecimento pela estadia. Ela o alimenta como um filho, com mingau de arroz e arroz e outras comidas boas. Tornou-se conhecido como o ‘Neguinho da Vovó.’ Crescendo, usava vagar com o resto do gado, e era negro como o âmbar negro. A garotada da rua usava segurar nos chifres dele, nas orelhas e nas papadas, e assim correr; ou seguravam no seu rabo para brincar, e montar nas costas dele.

Um dia ele pensou consigo mesmo, “Minha mãe é muito pobre; ela me alimentou com dificuldade, como se eu fosse um filho. E se eu ganhasse algum dinheiro para facilitar a vida dela?” Daí em diante passou a procurar por um trabalho. Bem, um dia um jovem mercador no comando de uma caravana com quinhentas carroças, carretos, chegou a uma passagem no topo da qual estava tão difícil que seus bois não puderam atravessar com a carga. E mesmo quando ele retirou os quinhentos pares de bois e juntou todos formando um único time, eles não conseguiram atravessar um único carro pelo rio. Junto daquela passagem o Bodhisatva estava, com o resto do gado da vila. E o jovem mercador, conhecendo gado, passou os olhos pelo rebanho para ver se havia um touro de raça no meio que pudesse puxar as carroças pela passagem. Quando seus olhos caíram sobre o Bodhisatva, ele teve certeza que ele o faria; e, para descobrir o dono do Bodhisatva, disse aos pastores, “De quem é este animal? Se eu pudesse amarrá-lo na canga e fazer o carreto passar, pagaria pelo serviço.” Eles disseram, “Pegue-o e amarre-o, então; ele não tem pastor por aqui.”

Contudo quando o jovem mercador passou uma corda pelo focinho do Bodhisatva e tentou dirigí-lo, o touro não se mexeu. Pois, nos é dito, o Bodhisatva não sairia sem fixar o preço antes. Entendendo-o, o mercador disse, “Mestre, se você puxar estes quinhentos carros, carroças, pela passagem, te pagarei dois dinheiros por carro, ou mil dinheiros no total.”

Não precisava esforço nenhum agora para fazer o Bodhisatva andar. Ele foi e as pessoas o amarraram nas carroças. A primeira ele arrancou com um único puxão, e a estacionou limpa e seca; e do mesmo modo com a longa fila de carroças.

O jovem mercador amarrou em volta do pescoço do Bodhisatva um saco contendo apenas quinhentos dinheiros, ou a taxa de apenas um por cada carro. Pensou o Bodhisatva consigo mesmo, “Este camarada não está me pagando de acordo com o contratado! Não o deixarei se mexer!” E assim ficou na frente da primeira carroça e bloqueou o caminho. E apesar de tentarem não conseguiram retirá-lo do caminho. “Suponho que ele saiba que pagamos pouco,” pensou o mercador; e embrulhou mil dinheiros no saco, que amarrou no pescoço do Bodhisatva, dizendo, “Aqui está seu dinheiro por puxar as carroças na passagem.” E lá se foi o Bodhisatva com mil dinheiros para sua “mãe.”

“O quê é aquilo no pescoço do Neguinho da Vovó?” gritou a criançada da vila, correndo até ele. Mas o Bodhisatva afastou-se deles dando uma galopada, e assim conseguiu que alcançar sua “mãe.” Não aparentava cansaço, com olhos vermelhos, de puxar todas aquelas quinhentas carroças pelo rio. A pia anciã, encontrando os mil dinheiros ao redor do pescoço dele, gritou, “Onde conseguiste isto, minha criança?” Escutando dos pastores o quê aconteceu, ela exclamou, “Tenho eu qualquer desejo de viver de seus ganhos, minha criança? Por quê passaste por todo este esforço?” Assim dizendo, ela lavou o Bodhisatva com água quente e o ungiu todo com óleo; ela deu-lhe de beber e comidas devidas. E quando a vida dela acabou, ela passou, com o Bodhisatva, sendo tratados de acordo com seus méritos.

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Quando ele terminou a lição para mostrar que o Buddha era ímpar no passado também, ele mostrou a conexão falando, como Buddha, esta estrofe:-

Com pesadas cargas para carregar, em caminhos ruins,
Amarraram ‘Neguinho’ ; ele logo puxou o carreto.

Após esta lição para mostrar que apenas ‘Neguinho’ podia puxar a carga, ele apresentou a conexão, e identificou o Jātaka dizendo, “Uppala-Vannā era a senhora anciã daqueles dias, e eu mesmo ‘Neguinho da Vovó.’”


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