sábado, 5 de janeiro de 2008

25 Buddha Conselheiro real





25
Mude o lugar...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um ex-ourives, que tornou-se Irmão e era co-residente do Capitão da Fé (Sāriputra).

Bem, somente um Buddha tem consciência dos corações e pode realmente ler os pensamentos das pessoas; e daí por falta deste poder, o Capitão da Fé tinha muito pouco conhecimento do coração e pensamentos do seu co-residente, ao prescrever impureza como tema de meditação. Isto não foi bom para aquele Irmão. A razão de não ter sido bom para ele foi que, de acordo com a tradição, ele invariavelmente nasce, por quinhentos nascimentos sucessivos, como ourives; e conseqüentemente, o efeito acumulativo de ver ouro absolutamente puro por tanto tempo, fez o tema da impureza sem sentido. Ele gastou quatro meses sem ser capaz de ter uma vaga alusão da ideia. Vendo-se incapaz de conferir Arahat(idade)ao seu co-residente, o Capitão da Fé pensou consigo mesmo, “Este certamente é um que apenas o Buddha pode converter; levarei-o ao Buddha.” Então, àurora, ele veio com o Irmão até o Mestre.

“O quê que pode ser, Sāriputra,” disse o Mestre, “que trouxe você aqui com este Irmão?” “Senhor, dei a ele um tema de meditação, e após quatro meses ele não atingiu nem uma vaga alusão da ideia; então trouxe-o para ti, pensando que aqui estava um que apenas o Buddha poderia converter.” “Que meditação prescreveste a ele, Sāriputra?” “A meditação sobre a impureza, Abençoado.” “Sāriputra, não é próprio seu ter consciência dos corações e ler os pensamentos das pessoas. Pode ir e à noitinha volte para buscar seu co-residente.”

Depois de assim dispensar o Ancião, o Mestre fez com que o Irmão vestisse uma bela túnica e um manto, mantendo-o a seu lado constantemente quando saiu para a coleta na cidade, e viu que ele recebeu comida fina de todos os tipos. Voltando ao Mosteiro, cercado pelos Irmãos, o Mestre retirou-se durante o resto do dia para sua câmara perfumada, e ao entardecer, enquanto andava pelo Mosteiro com aquele Irmão do seu lado, ele fez um lago aparecer e nele uma grande moita de lótus da qual saiu uma grande flor de lótus. “Sente aqui, Irmão,” ele disse, “e contemple esta flor.” E deixando o Irmão lá sentado, ele retirou-se para sua câmara perfumada.

Aquele Irmão contemplou e contemplou a flor. Bento fez ela decair. Enquanto o Irmão olhava-a, a flor, decaindo murchou; as pétalas despencaram, começando pela coroa até que logo tudo tinha ido; os estamentos caíram e só o pericarpo ficou. Enquanto olhava, aquele Irmão pensou consigo mesmo, “Mesmo agora, esta flor de lótus está bela e amável ; ainda que perdida da cor, de suas pétalas e com os estamentos caídos, e apenas com o pericarpo. Decaimento atingiu esta bela lótus; o quê não acontecerá com meu corpo? Transitória são todas as coisas compostas!” E com este pensar ganhou Insight.

Sabendo que o pensamento do Irmão elevou-se ao Insight, o Mestre, sentado como estava em sua câmara perfumada, emitiu um semblante radiante de si mesmo, e pronunciou esta estrofe:-

Arranque o amor-próprio, como se com a mão
arrancasses o lírio do outono. Coloque seu coração
em nada além disto, no perfeito Caminho da Paz,
e na Extinção que o Buddha ensina.

Ao término da estrofe, aquele Irmão ganhou Arahat(idade). Ao pensar que nunca nasceria novamente, nem teria problema existencial de nenhuma forma daí em diante, ele explodiu numa fala de coração começando com estas estrofes:-

Aquele que viveu sua vida, cujo pensar é maduro;
Aquele que, de todas poluições purgado e livre,
Veste seu último corpo; aquele cuja vida é pura,
Cujos sentidos submissos concedem-lhe independência;-
Ele, como a lua que ganha seu caminho, livrando-se
Das mandíbulas de Rāhu, ganha livramento supremo.
A sujeira que me envolvia, que obrou
A total escuridão da ilusão, eu dispersei;
- Como, habilitado com mil raios, o sol radiante
Ilumina o céu com uma torrente de luz.

Depois deste e de outros pronunciamentos felizes, ele foi ao Abençoado e o saudou. O Ancião também veio, e, após a devida saudação ao Mestre, saiu com seu co-residente.

Quando esta novidade toda chegou aos Irmãos, eles reuniram-se no Salão da Verdade e lá sentaram-se louvando as virtudes do Senhor da Sabedoria, e disse, “Senhores, por não conhecer os corações e pensamentos das pessoas, o Ancião Sāriputra era ignorante da disposição do seu co-residente. Mas o Mestre sabia, e em um único dia concedeu-lhe Arahat(idade) junto com conhecimento aperfeiçoado. Como são grandes os maravilhosos poderes de um Buddha!”

Entrando e tomando assento pronto para ele, o Mestre perguntou, dizendo, “Qual é o tema da discussão deste conclave, Irmãos?”
“Não outro que este, Abençoado,- que você apenas tinha conhecimento do coração e pode ler os pensamentos, do co-residente do Capitão da Fé.”
“Isto não é nenhuma maravilha, Irmãos; que eu, como Buddha, possa conhecer a disposição daquele Irmão. Em dias passados eu soube do mesmo jeito.” E, assim, ele contou uma história do passado.

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Certa vez Brahmadatra reinava em Benares. Naqueles dias o Bodhisatva era o conselheiro do rei nas coisas temporais e espirituais.
Nestes dias o cavalariço novo lavou um outro cavalo, besta lamentável, no lugar de banho do corcel real. E quando o cavalariço levou o corcel até a mesma água, o animal sentiu-se tão afrontado que não entrou na água. Então o cavalariço foi até o rei e disse, “Por favor sua majestade, seu corcel não quer tomar banho.”
Então o rei chamou o Bodhisatva dizendo, “Vá, sábio, e descubra por quê o animal não entra na água quando descem lá com ele.” “Muito bem, senhor,” disse o Bodhisatva, e seguiu caminho até o rio. Aí ele examinou o cavalo; e, vendo que não estava adoentado de modo nenhum, tentou adivinhar qual seria a razão. Por fim chegou a conclusão de que algum outro cavalo teria se banhado naquele lugar, e que o corcel melindrou-se com isto e não queria entrar na água. Então perguntou aos cavalariços que animal eles banharam primeiro ali. “Um outro cavalo, meu senhor, - um pangaré ordinário.” “Ah, é sua auto-estima que foi tão profundamente ofendida que ele não entrará na água,” disse o Bodhisatva para si mesmo; “a coisa a fazer é lavá-lo em outro lugar.” E então disse ao cavalariço, “Uma pessoa enjoa, meu amigo, mesmo da mais fina comida, se a tem sempre. E é o que acontece com o cavalo. Ele lavou-se aqui muitas vezes. Leve-o a outras águas, e lá banhe-o e lave-o.” E assim dizendo, repetiu a estrofe:-

Mude o lugar, deixe o cavalo beber
aqui, ali, mudando de cena constantemente
pois mesmo pessoa de arroz doce enjoa.

Depois de escutarem suas palavras, levaram o cavalo em outro lugar, e lá banharam-no e lavaram-no. E enquanto lavavam o animal depois de terem dado de beber, o Bodhisatva retornou ao rei. “Bem,” disse o rei; “meu cavalo bebeu e se lavou, meu amigo?” “Sim, senhor.” “Por quê não queria fazê-lo antes?” “Pela seguinte razão,” disse o Bodhisatva, e contou ao rei toda a história. “Que sujeito inteligente,” disse o rei; “pode até ler a mente de um animal.” E concedeu grande honra ao Bodhisatva, e quando sua vida fechou, passou, sendo tratado de acordo com seus méritos. O Bodhisatva também passou sendo tratado semelhantemente de acordo com seus méritos.

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Quando o Mestre terminou sua lição e repetiu o que dissera do seu conhecer, no passado como no presente, da disposição daquele Irmão, ele mostrou a conexão, e identificou o Jātaka dizendo, “Este Irmão era o corcel real daqueles dias; Ānanda era o rei; e eu mesmo era o sábio ministro.”

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