terça-feira, 1 de janeiro de 2008

6 Buddha Rama







              Ajanta, cave 1, Buddha vencendo os demônios

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Apenas aqueles que, etc” - Esta história foi contada pelo Bendito enquanto vivia em Jetavana sobre um Irmão com posses. A Tradição nos diz que com a morte da esposa, um escudeiro de Savātthi juntou-se à Ordem. Quando assim fazia, fez com que se levantasse para ele um quarto separado, um outro para o fogo, um armazém; e só após ter armazenado ghee, arroz, e semelhantes, é que ele finalmente se juntou. Mesmo depois que se tornou irmão, usava mandar chamar seus empregados e pedir que cozinhassem para ele o que gostava. Ele era ricamente provido dos requisitos (três hábitos, agulha, cinto, filtro, faca e tigela) ,- trocando a roupa toda de dia e à noite; e morava fora às margens do mosteiro.

Um dia quando ele tirara as roupas e as espalhara para secar no quarto, alguns Irmãos vindo do campo, peregrinantes de mosteiro em mosteiro, chegaram nesta sua cela e viram todos estes pertences. “De quem é isto?” perguntaram. “Meu, senhores,” responderam. “O que, senhor?” eles gritaram; “este manto e aquele; esta túnica e aquela; e aquela dobrada também, - é tudo seu?” “Sim, apenas meu e de mais ninguém.” “Senhor,” eles disseram, “O Abençoado só sanciona três hábitos; e, apesar do Buddha, a cuja doutrina te dedicas, ser tão simples em suas vontades, você em verdade juntou todo este estoque de requisitos. Venha! Devemos leva-lo diante do Senhor da Sabedoria.” E, assim dizendo, carregaram-no até o Mestre.

Dando-se conta da presença deles, o Mestre disse, “Por quê isto, Irmãos, de trazerem um Irmão aqui contra sua vontade?” “Senhor, este Irmão está muito rico e com estoque cheio de requisitos.” “É vero, Irmão, o que eles dizem, que estais cheio de requisitos ?” “Sim, Bento.” “Mas por quê, Irmão, juntaste tantos pertences? Não exalto as virtudes de querer pouco, contentamento, e assim em diante, solidão e determinação?”

Irado com as palavras do Mestre, ele gritou,- “Então vou ficar assim!” E, tirando a roupa exterior ficou só com a roupa da cintura, no meio de todos.

Então, como suporte moral para ele, o Mestre disse, “Não foste tu, Irmão, que em dias passados buscavas a vergonha que teme o pecado e naqueles dias eras um demônio da água que por doze anos buscou esta vergonha?” Como então, após votar-se a seguir a pesada doutrina de Buddha, retiras tua roupa exterior e ficas aí sem vergonha?”

Com as palavras do Mestre seu senso de vergonha foi restaurado; ele veste suas roupas novamente e saudando o Mestre, senta-se nas laterais. Os Irmãos tendo pedido ao Abençoado que contasse a história mencionada, o Abençoado torna claro o quê estava escondido deles pelo re-nascer.

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Certa vez Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ) em Kāsi. O Bodhisatva, que nasceu àqueles dias como filho do rei com a rainha, foi devidamente chamado de Príncipe Mahimsāsa. Quando ele já corria ao redor, um segundo filho nasceu ao rei, e o nome que deram a esta criança foi Príncipe Lua ; quando este também já corria morre a mãe do Bodhisatva. Então o rei tomou outra mulher, que era sua alegria e delícia; e este amor foi coroado com outra criança, a quem nomearam Príncipe Sol.

N’alegria do nascimento do menino, o rei promete conceder a ela qualquer benefício em favor do menino. Mas a rainha guarda a promessa para pedir quando ela achar apropriado. Mais tarde, quando seu filho cresceu, ela diz ao rei, “Senhor, quando meu filho nasceu, você concedeu-me um pedido. Que ele seja rei.” “Não,” disse o rei; “tenho dois filhos, radiantes como chamas de fogo; não posso dar o reino para seu filho.” Mas quando ele viu que, sem desanimar com a recusa, a rainha pedia-lhe o pedido de tempos em tempos, o rei, temendo que a mulher pudesse fazer um complô contra seus filhos, enviou-lhes dizendo, “Minhas crianças, quando Príncipe Sol nasceu, concedi um pedido; e agora sua mãe quer o reino para ele. Não tenho desejo de dar-lhe o reino; mas as mulheres naturalmente fraquejam, e ela fará um complô contra vocês. É melhor vocês se retirarem para a floresta, e retornarem quando eu morrer para reinarem na cidade que pertence por direito a sua casa.” Assim dizendo, com lágrimas e lamentos, o rei beijou seus dois filhos na cabeça e mandou-os embora.

Quando os príncipes estavam deixando o palácio após o adeus ao pai, quem os via senão o Príncipe Sol mesmo, que brincava no jardim? E logo que soube do que se tratava prontamente decidiu-se a ir com os irmãos. Então ele também foi embora com eles.

Os três foram para os Himālaias; e aí o Bodhisatva, que saíra da estrada e estava sentado ao pé de uma árvore, disse a Príncipe Sol, “ Desça àquele lago lá, caro Sol; beba e banhe-se ; e depois traga para nós na volta um pouco d’água numa folha de lótus.”

Bem, aquele lago fora designado a um certo espírito d’água por Vaisravana ( n. do tr.: este é outro nome de Kuvera, o Pluto hindu, meio-irmão de Rāvana, o rei-demônio do Ceilão no Rāmāyana [ cuja história como que repete-se aqui. Kuvera é o deus dos tesouros, Yama dos mortos, Varuna das águas e Indra dos céus ]), que a ele disse, “Com exceção daquele que saiba verdadeiramente o que é divindade, todos que entrem neste lago , podes devorar. Sobre aqueles que não entrem na água não tens poder a ti conferido.” E daí em diante o espírito d’água usava perguntar a todos que entravam no lago o quê era divindade de verdade, devorando aqueles que não sabiam.

Bem, foi neste lago que Príncipe Sol desceu, totalmente sem desconfiar de nada, com resultado que foi pego pelo espírito d’água, que perguntara a ele, “Sabes o que é divindade de verdade?” “Ah sei,” ele disse; “o sol e a lua.” “Você não sabe,” disse o monstro, e puxando o príncipe para baixo, para as profundezas da água, lá o amarrou, na sua casa mesmo. Vendo que seu irmão demorava, o Bodhisatva enviou Príncipe Lua. Ele também foi pego pelo espírito d’água e perguntado se sabia o quê era divindade de verdade. “Ah sim, sei,” ele disse; “são os quatro cantos do céu.” “Você não sabe,” disse o espírito d’água enquanto puxava a segunda vítima para a prisão na sua casa.

Vendo que seu segundo irmão também demorava muito, o Bodhisatva teve certeza que alguma coisa aconteceu com eles. E então foi atrás deles seguindo seus passos até a água. Logo dando-se conta de que o lago devia ser domicílio de um espírito d’água, cingiu sua espada, tomou o arco na mão e esperou. Bem quando o demônio percebeu que o Bodhisatva não tinha intenção de entrar na água, assumiu a forma de um mateiro, e com esta aparência dirigiu-se ao Bodhisatva assim: “Você está cansado da viagem, companheiro; por quê você não entra toma um banho e bebe, e orna-se com lótus? Depois viajarias mais confortável.” Reconhecendo logo ele como o demônio, o Bodhisatva disse, “Foi você que aprisionou meus irmãos.” “Sim, foi,” respondeu. “Por quê?” “Porque todos que entram no lago me pertencem.” “O quê? Todos?” “Não aqueles que sabem o que é divindade de verdade; menos estes, todos.” “E você quer saber o quê é divindade?” “Quero.” “Se é assim, vou te dizer o que é divindade de verdade.” “Faça isto, escutarei.”

“Gostaria de começar,” disse o Bodhisatva, “mas ‘tô sujo da viagem.” Então o espírito d’água banhou o Bodhisatva, e deu comida e bebida a ele, adornou-o com flores, borrifou perfume nele, e espalhou uma cama no meio de um belo pavilhão. Sentando-se nesta cama e fazendo o espírito d’água sentar-se a seus pés, o Bodhisatva disse, “Escute então e ouvirás o que é divindade de verdade.” E repetiu a estrofe:-

Apenas aqueles que encolhem-se ao pecado
[chamam-se ‘divindade’,
Os de-votos do Bem de alma tranqüila e pura.

Quando o demônio ouviu isto, ficou feliz, e disse ao Bodhisatva, “Homem de sabedoria, alegro-me contigo, e te darei um de seus irmãos. Qual devo trazer?” “O mais jovem.” “Homem de sabedoria, apesar de saberes o que é divindade de verdade, não ages conforme este saber.” “Como assim?” “Pois tomas o mais novo em preferência ao mais velho, sem considerar a ‘senioriedade’” “Demônio, não apenas sei como pratico a divindade. Foi por causa deste garoto que tomamos refúgio na floresta ; foi para ele que sua mãe pediu o reino a nosso pai, e nosso pai, recusando aceitar o pedido, anuiu nesta fuga em refúgio na floresta. Conosco veio este garoto, nunca pensando em voltar. Ninguém acreditaria em mim se dissesse que foi devorado por um demônio na floresta ; e é o temor ao ódio que me impele a te pedir a ele de suas mãos.”

“Excelente! Excelente! Ó homem de sabedoria,” gritou em aprovação o demônio; “você não apenas sabe como pratica a divindade.” E como presente ao seu prazer e aprovação trouxe os dois irmãos e deu ambos ao Bodhisatva.

Então disse este último ao espírito d’água, “Amigo, é apenas em conseqüência de seus próprios atos ruins em tempos passados que agora nasceste demônio, subsistindo de carne e sangue de criaturas vivas; e neste nascimento presente também continuas a fazer o mal. Esta vontade dirigida ao mal barra para sempre você de escapar do re-nascer nos ínferos e outros estados ruins. Por isto, de agora em diante renuncie ao mal e viva com virtude.”

Tendo operado a conversão do demônio, o Bodhisatva continuou a habitar naquele lugar sob a proteção dele, até que um dia ele leu nas estrelas que seu pai morrera. Então levando o espírito d’água com ele, retornou a Benares e tomou posse do reino, fazendo Príncipe Lua seu vice-rei e Príncipe Sol seu generalíssimo. Para o espírito d’água fez uma casa num lugar aprazível e providenciou que tivesse as melhores guirlandas, flores e comida. Ele mesmo reinou com justiça até passar sendo tratado de acordo com os seus méritos.

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Sua lição terminada, o Mestre pregou as Verdades, no final das quais, aquele Irmão ganhou o Fruto do Primeiro Caminho. E o Buddha Onisciente, tendo sido contada as duas histórias, fez a conexão juntando as duas, e identificando o Jātaka, disse, “O Irmão abastado era o caboclo-d’água daqueles dias; Ānanda era o Príncipe Sol, Sāriputra Príncipe Lua, e eu mesmo era o irmão mais velho, Príncipe Mahimsāsa.”






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