sábado, 5 de janeiro de 2008

23 Buddha Cavalo Sindh





    ( Buddhist stupa na região de Sindh no Paquistão em Mohenjodaro )

23
Apesar de agora prostrado...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana sobre um Irmão que desistiu de perseverar. Pois foi então que o Mestre dirigiu-se a este Irmão e disse, “Irmãos, em dias passados o sábio e bom, perseverou mesmo entre inimigos no meio cercado, e, mesmo quando ferido, ainda assim não desistiu.” E, assim dizendo, contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como um cavalo puro-sangue Sindh e que foi feito corcel do rei, ao redor de toda pompa e status. Foi alimentado com arroz fino amadurecido por três anos, que sempre lhe era servido em um prato dourado que valia cem mil dinheiros; e o chão do seu estábulo era aromatizado com os quatro perfumes. Ao redor do estábulo penduravam-se cortinas carmim enquanto acima havia um pálio salpicado de estrelas douradas. Às paredes grinaldas e guirlandas de flores fragrantes; e uma lâmpada alimentada com óleo estava sempre brilhando lá.

Bem, todos os reis ao redor cobiçavam o reino de Benares. Uma vez sete reis cercaram Benares, e enviaram uma carta ao rei, dizendo, “Ou entrega teu reino para nós, ou dê batalha.” Reunindo seus ministros, o rei de Benares colocou a questão diante deles, e perguntou o que faria. Eles disseram, “Não deves ir pessoalmente à batalha, senhor, em primeiro lugar. Despacha tal e tal cavaleiro primeiro para lutar com eles; e depois, se ele falhar, decidiremos o quê fazer.”

Então o rei chamou o cavaleiro, e disse a ele, “Podes lutar com os sete reis, meu caro cavaleiro?” Ele disse, “Me dê apenas seu corcel, e então poderei brigar não apenas com os sete reis como com todos os reis da Índia.” “Meu caro cavaleiro, pegue o corcel ou qualquer outro cavalo que lhe agrade, e lute.” “Muito bem, soberano senhor,” disse o cavaleiro; e com o arco desce dos aposentos de cima para os de baixo do palácio. Fez o nobre corcel ser protegido em armaduras, armou-se também cap-à-pie, dos pés à cabeça, e cingiu a espada. Montado no nobre cavalo passou pelo portão da cidade, e numa rápida investida venceu o primeiro acampamento e tomando o rei vivo levou-o como prisioneiro para os soldados guardarem.

Retornando ao campo, venceu o segundo e o terceiro acampamentos, continuando até ter capturado vivos cinco reis. O sexto acampamento ele apenas venceu, e capturou o sexto rei, quando o corcel recebeu um ferimento, que fez correr rio de sangue e aguda dor ao animal. Percebendo que o cavalo estava ferido, o cavaleiro o fez descansar no portão real, tirando a armadura dele, e começou a armar outro cavalo. Enquanto o Bodhisatva descansava inteiro sobre um lado, abriu os olhos, e percebeu o quê o rei estava fazendo. “Meu cavaleiro,” pensou ele consigo mesmo, “está armando outro cavalo. Este outro cavalo nunca será capaz de vencer o sétimo acampamento e capturar o sétimo rei; ele fará com que se perca tudo que fiz. Este cavaleiro sem igual será morto; e o rei, também, cairá nas mãos dos inimigos. Só eu, e nenhum outro cavalo, pode vencer o sétimo acampamento e capturar o sétimo rei.” Então, enquanto lá jazia, chamou o cavaleiro, e disse, “Senhor cavaleiro, nenhum outro cavalo além de mim mesmo, pode vencer o sétimo acampamento e capturar o sétimo rei. Não jogarei fora o que já fiz; apenas ajude-me a levantar nas patas e vista-me com minha armadura. “ E assim dizendo, repetiu esta estrofe:-

Apesar de prostado agora, e atingido por flechas, jazendo,
Ainda assim nenhum pangaré pode competir com corcel.
Portanto não arreie outro que eu, ó auriga.

O cavaleiro fez o Bodhisatva levantar-se nas patas, cuidou do ferimento, e armou-o de novo. Montado no corcel, ele venceu o sétimo acampamento, e trouxe vivo o sétimo rei, a quem entregou em custódia aos guardas. O Bodhisatva também subiu ao portão real, e o rei saiu para vê-lo. Então disse o Grande Ser ao rei, “Grande rei, não mate a estes sete reis; com um juramento faça com eles um compromisso, e deixe-os irem. Que o cavaleiro desfrute de toda a honra devida a nós ambos, pois não é justo que um guerreiro que te presenteou com sete reis cativos deva ser tido em baixa conta. E quanto a ti, exercite-se em caridade, mantenha os Mandamentos, e governe seu reino com justiça e retidão.” Depois que o Bodhisatva assim exortou o rei, eles tiraram sua armadura; mas enquanto tiravam as peças, ele passou.
O rei fez o corpo ser queimado com todo o respeito, e conferiu grande honra ao cavaleiro, e mandou os sete reis para casa depois que tê-los feito jurar nunca mais o atacarem de novo. E ele legislou o reino com retidão e justiça, passando quando sua vida fechou sendo tratado depois disto de acordo com seus méritos.

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Então o Mestre disse, “Assim, Irmãos, em dias passados o sábio e o bom perseveram mesmo cercados de inimigos hostis, e, mesmo ferido gravemente, ainda assim não desiste. Portanto tu que devota-te a uma doutrina tão salvadora, - como pode desistir de perseverar?” Depois do que, ele pregou as Quatro Verdades, ao final das quais o Irmão desanimado ganhou Arahat(idade). Sua lição terminada, o Mestre mostrou a conexão, e identificou o Jātaka dizendo, “Ānanda era o rei naqueles dias, Sāriputra o cavaleiro, e eu mesmo o corcel puro-sangue Sindh.”

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