domingo, 20 de janeiro de 2008

32 Buddha Rei dos Pássaros


32
Bela nota ...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre em Jetavana, sobre um Irmão com muitos pertences. O incidente é justo o mesmo do Jātaka 6 supra.

“É vero este relato, Irmão,” disse o Mestre, “que tens muitos pertences?” “Sim, senhor.” “Por quê vieste a ter tantos pertences?” Sem escutar nada além, o Irmão tirou todo o vestuário e rudemente ficou nu diante do Mestre, gritando, “Vou embora assim!” “Oh, fora!” exclamaram todos. O indivíduo correu embora, e reverteu para a estado baixo de leigo. Reunidos no Salão da Verdade, os Irmãos falaram da impropriedade em agir de tal modo diante do Mestre. Vindo o Mestre e perguntando qual o tema da discussão do conclave, “Senhor,” foi a resposta, “discutíamos a impropriedade do Irmão em fazer aquilo diante de sua presença e das quatro classes de seguidores (Irmãos. Irmãs, Irmãos-leigos, Irmãs-leigas) ele perdeu todo o sentido da vergonha ao ficar rudemente pelado como um moleque da vila, e detestado por todos por ser relapso em estado mais baixo e perder a fé.”

Disse o Mestre, “Irmãos, esta não é a única perda que sua impudência o causou; pois em dias passados perdeu uma joia de mulher justo como agora perdeu a joia da fé.” E assim falando contou uma história do passado.

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Certa vez, no primeiro ciclo da história, os quadrúpedes escolheram o leão como rei, os peixes uma baleia Ānanda, e os pássaros o Pato Dourado ( cf. Jātaka infra 270 quando da briga entre corujas e corvos ). O Rei Pato Dourado tinha uma amável jovem filha, e seu pai a concedeu dom que quisesse ela podia pedir. O dom que pediu foi poder escolher o marido próprio; e o rei no cumprimento da promessa junta todos os pássaros no país dos Himālaias. Todos os tipos de pássaros vieram, cisnes e pavões e todos os outros pássaros; e eles se juntaram num grande plateau de rocha nua. Então chama o rei sua filha e pede que escolha um esposo com o coração. Enquanto ela olhava a multidão de pássaros, seus olhos iluminaram-se com o pavão de pescoço lustroso e cauda de cor variada; e ela escolhe ele, dizendo, “Seja este meu esposo.” Então a assembléia dos pássaros foi até o pavão e disse, “Amigo pavão, esta princesa, escolhendo esposo entre todos os pássaros, fez de você escolha dela.”
Levado pela alegria, o pavão exclamou, “Até ho-je ainda não me viram;” e desafiando toda decência abriu as asas e começou a dançar; - e dançando expôs-se [Santi parva: Bhisma diz que é a ira do rei que é inconvenientemente exposta neste acontecimento histórico].

Repleto de vergonha, Rei Pato Dourado disse, “Este sujeito não tem nem modéstia no coração nem decência no comportamento; certamente não darei minha filha para alguém sem vergonha.” E lá no meio daquela assembléia de pássaros, repetiu a estrofe:-

Bela nota esta tua, cauda linda,
Um pescoço de cor lapis lazuli;
Uma braça alcançam as penas em extensão.
Tua dança te fez perder, meu filho.

Diante de toda a multidão Rei Pato Real ofereceu sua filha em casamento a um pato jovem, sobrinho dele. Coberto de vergonha com a perda da princesa pata, o pavão voou direto de lá e fugiu. E Rei Dourado Pato também voltou para sua casa.

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“Assim, Irmãos,” disse o Mestre, “não foi a única vez que brecha de modéstia causou a ele perda; justo como agora causou a perda da joia da fé, assim em dias passados perdeu a joia de esposa.” Quando terminou a lição, mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “O Irmão com muitos pertences era o pavão daqueles dias, e eu mesmo o Pato Real.”

   ( n.do tr.: há em Esopo Buddhista uma eleição dos rei dos pássaros, o gaio e os pássaros, que também não acaba bem. )




2 comentários:

TS disse...

Zé, li este, direto da tela; interpretei diferente o pavão e sua falsa modéstia.

obs.: respondi seu mail, c/ atraso.

ze disse...

Tinê, Bhisma sangrando, em cama de flecha no Mahabharata, Avô de todos, diante de Krishna e dos Rishis todos, fala desta cena, antiga, arcaica mesma, Bhisma sangrando em cama como de Cruz. Fala que é a ira do pavão que foi inconvenientemente mostrada.
Pode expor tua interpretação.