sábado, 31 de maio de 2008

120 Buddha Capelão


120
Enquanto a palavra louca...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre a garota-brahmin Ciñcā, cuja história será contada no Jātaka 472 [ é a mulher que finge estar grávida de Gautama com uma pedra na barriga e diante de todos a pedra cai em cima do dedão do pé dela e jorra sangue, a terra abre-se e ela vai aos ínferos ]. Nesta ocasião o Mestre disse, “Irmãos, esta não é a primeira vez que Ciñcā me acusa falsamente. Ela fez o mesmo em dias idos.” Assim falando ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ) o Bodhisatva nasceu na família do capelão e com a morte de seu pai o sucedeu na capelania.

Bem, o rei prometeu agraciar sua rainha com qualquer dom que ela a ele pedisse, e ela disse,- “O dom que peço é um bem fácil ; de agora em diante você não deve olhar para nenhuma outra mulher com olhos amorosos.” No começo ele recusou, mas cansado com o importúnio incessante dela, foi obrigado a ceder no fim. E a partir daquele dia ele nunca mais olhou amorosamente para nenhuma das suas dezesseis mil garotas dançarinas.

Então levantou-se um distúrbio na fronteira do reino, e após duas ou três escaramuças com os ladrões, as tropas de lá enviaram carta ao rei dizendo que eram incapazes de dar conta da coisa. O rei então ficou ansioso para ir em pessoa e reuniu uma hoste poderosa. E ele disse a sua esposa, “Querida, vou para a fronteira, onde batalhas raivosas terminarão em vitória ou derrota. O campo de batalha não é lugar de mulher e deves ficar aqui atrás.”

Não posso ficar se você vai, meu senhor,” ela disse. Mas encontrando o rei firme na sua decisão ela fez o seguinte pedido em troca, - “Cada légua, me envie um mensageiro para perguntar como estou.” E o rei prometeu fazer isto. Conformemente, quando marchou para fora com sua hoste, deixando o Bodhisatva na cidade, o rei enviava mensageiros para trás no final de cada légua para deixar a rainha saber como ele estava, e para descobrir como ela passava. Cada homem quando chegava ela perguntava o quê o trazia de volta. E recebendo a resposta que era para saber como ela passava, a rainha chamava o mensageiro para ela e pecava com ele. Bem, o rei viajou trinta e duas léguas e enviou trinta e dois mensageiros, e a rainha pecou com todos eles. E quando ele já tinha pacificado a fronteira, para grande alegria dos habitantes, ele começou sua jornada de volta, despachando uma segunda série de trinta e dois mensageiros. E a rainha comportou-se com estes como com os anteriores.

 Estacionando seu exército vitorioso perto da cidade, o rei enviou uma carta ao Bodhisatva para preparar a cidade para sua entrada. Foram feitas as preparações na cidade e o Bodhisatva estava preparando o palácio para a chegada do rei, quando chegou nos aposentos da rainha. A visão da sua grande beleza mexeu com a rainha de modo que o chamou para satisfazer suas luxúrias. Mas o Bodhisatva pleiteou com ela, exortando a honra do rei, e protestando que ele encolhia-se a todo pecado e não faria o quê ela desejava. “Nenhum pensamento sobre o rei amedrontou os sessenta e quatro mensageiros,” ela disse; “e você pelo bem do rei teme fazer minha vontade ?”

Disse o Bodhisatva, “Pensassem estes mensageiros como eu, não agiriam assim. Quanto a mim que sei o quê é reto, não cometerei tal pecado.”

Nonsense, é o quê falas,” ela disse. “Se recusares, farei que cortem tua cabeça.”
Amém. Corte minha cabeça nesta e em cem mil existências ; e ainda assim não farei o quê queres.”

“’Tá certo ; vamos ver,” disse ameaçadora rainha. E retirando-se para seu quarto, arranhou-se toda, colocou óleo nos membros, vestiu-se com roupa velha e suja e fingiu estar doente. Então chamou seus escravos e e pediu que falassem ao rei, quando ele perguntasse sobre ela, dissessem que ela estava doente. Entrando no quarto com a cama real, o rei fez carinho na rainha e perguntou o quê a afligia. Ela ficou em silêncio ; mas quando o rei perguntou pela terceira vez , ela olhou para ele e disse, “Apesar de meu senhor o rei viver, ainda assim mulheres pobres como eu precisam de professor próprio.”

O quê você quer dizer?”

O capelão a quem deixaste cuidando da cidade veio aqui na pretensão de vigiar o palácio ; e porque não aceitei o desejo dele, me bateu até ficar satisfeito e foi embora.”

O rei então soltou fumaça de ira, como o saltar de sal e açúcar no fogo; e saiu correndo do quarto. Chamando os empregados, mandou-os amarrarem o capelão com as mãos às costas, como alguém condenado à morte, e cortarem a cabeça dele no lugar de execução. Assim correram e amarraram o Bodhisatva. E os tambores tocaram para anunciar a execução.

Pensou o Bodhisatva, “Sem dúvida aquela rainha má colocou o coração do rei já contra mim e agora preciso me salvar deste perigo.” E assim disse a seus captores, “Levem-me à presença do rei antes de me matarem.” “Por quê ?” eles disseram. “Porque como empregado do rei trabalhei muito nos negócios do rei e sei onde grandes tesouros estão escondidos os quais descobri. S’eu não for levado diante do rei, todos estes bens se perderão. Então levem-me à ele e assim cumpram seu dever.”

Conformemente, eles o levaram para diante do rei que perguntou por quê sua reverência não o impediu de tal maldade.

Senhor,” respondeu o Bodhisatva, “nasci brahmin, e nunca tirei a vida de um formigo ou de uma formiga. Nunca peguei o quê não fosse meu, mesmo uma folha de relva. Nunca olhei com olhos luxurientos para a esposa de outro homem. Nem mesmo de brincadeira falo falsamente, e nunca nem uma gota de bebida forte bebi. Sou inocente senhor ; mas aquela mulher má me pegou luxuriosamente pela mão e sendo recusada me ameaçou, e não se retirou para seu quarto antes de me contar seu proceder pecaminoso. Pois houveram sessenta e quatro mensageiros que vieram à ela com cartas suas. Chame estes homens e pergunte a cada um deles se não fez como a rainha mandou.” Então o rei chamou os sessenta e quatro homens e a rainha. E ela confessou-se culpada de pecar com os os homens. O rei então mandou cortar a cabeça dos sessenta e quatro.

Neste momento o Bodhisatva gritou, “Não senhor, os homens não são culpados ; pois foram constrangidos pela rainha. Portanto perdoe-os. E quanto à rainha:- não deve ser culpada, pois as paixões das mulheres são insaciáveis, e ela apenas agiu de acordo com sua natureza interior. Portanto perdoe-a também, Ó rei.”

Com esta súplica o rei teve misericórdia e assim o Bodhisatva salvou as vidas da rainha e dos sessenta e quatro homens e deu a cada um lugar para morar. O Bodhisatva foi ao rei e disse, “Senhor, as acusações infundadas loucas colocam o sábio em laços, sem merecer, mas as palavras do sábio libertam, soltam, da loucura. Portanto loucura erradamente amarra, e sabedoria liberta de laços.” Dizendo isso, pronunciou esta estrofe:-

Enquanto a palavra louca amarra injustamente,
A palavra sábia livra o mesmo laço .

Quando ensinou ao rei a Verdade nestes versos, exclamou, “Todo este problema surgiu por eu ter vida leiga. Devo mudar meu modo de vida e anseio por sua permissão, senhor, para largar o mundo [ contemptus mundi ].” E com o consentimento do rei ele desistiu do mundo e largou suas relações com choro e suas grandes riquezas para tornar-se recluso. Sua morada era os Himālaias e lá, ganhou os Altos Conhecimentos e Consecuções e tornou-se fadado a renascer no Reino de Brahma.

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Sua lição terminada o Mestre identificou o Jātaka dizendo, “Ciñcā era a rainha má daqueles dias, Ānanda o rei, e eu seu capelão.”



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