domingo, 1 de junho de 2008

121 Buddha Espírito Kusa


121
Deixemos grande e pequeno...”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre o amigo verdadeiro de Anātha-Pindika. Pois seus conhecidos, amigos e parentes vieram a ele para tentar insistentemente parar amizade dele com um certo homem, dizendo que não era igual nem em nascimento nem em posses. Mas o grande mercador respondeu que amizade não deve depender de igualdade ou desigualdade de exterioridades.

 E quando saiu fora por seu zemindar, colocou o amigo encarregado dos seus bens. Tudo acontece como no Jātaka 83. Mas neste caso Anātha-pindika, relatando o perigo por que passara sua casa, o Mestre disse, “Leigo, um amigo, justamente assim chamado, nunca é inferior. O padrão é a habilidade em agir como amigo. Um amigo, justamente assim chamado, sendo igual ou inferior a esta pessoa, deve ser tido como superior, pois todos tais amigos não falham em agarrarem-se a problemas que ocorrem com uma pessoa. É seu real amigo que agora salva teus bens. Também em dias idos por um amigo verdadeiro semelhante salvou-se a mansão de um Espírito.” Então com o pedido de Anātha-pindika, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu um Espírito no jardim do rei e morava numa moita de grama kusa. Bem, no mesmo lugar próximo ao assento real, lá, crescia uma bela Árvore do Desejo ( também chamada Mukkhara ) com ramos altos e espalhados que recebia grande favor do rei. Nela habitava um que havia sido um poderoso rei-deva e renasceu um Espírito d’Árvore. E o Bodhisatva era amigo íntimo deste Espírito d’Árvore.

Bem, a moradia real tem só um único pilar para suportar o telhado e este pilar rachou. 

Sabendo disto, o rei chama marceneiros e ordena eles a colocarem um pilar forte e seguro.

 Os marceneiros portanto procuram uma árvore própria para isto e, não encontrando nenhuma em outro lugar, vão ao jardim e vêem a Mukkhara. Voltam direto para o rei. “Bem,” disse ele, “encontraram árvore apropriada?” “Sim, senhor,” eles disseram; “mas não gostaríamos de derrubá-la.” “Por quê não ?” disse o rei. Eles então contaram a ele como em vão procuraram por todo lado uma árvore e não ousaram cortar a árvore sacra. “Podem ir e cortá-la,” ele disse, “e fazerem um telhado seguro. Cuidarei para que haja outra árvore.”

Assim, eles saíram. Então tomaram um sacrifício e levaram para o jardim e ofereceram àrvore, dizendo entre eles mesmos que viriam dia seguinte e a botariam abaixo. Escutando as palavras deles o Espírito d’Árvore soube que sua casa seria destruída de manhã e explodiu em lágrimas enquanto segurava suas crianças ao seio, sem saber para onde fugir com elas. Suas amigas, ‘as espíritas’ da floresta, vieram e perguntaram qual era o problema. Mas nenhuma delas conseguiu imaginar um jeito de impedir a mão do marceneiro e todas a abraçaram em lágrimas e lamentos. Naquele momento subiu o Bodhisatva e chamou o Espírito d’Árvore e soube das novidades. “Não tema,” disse com alegria o Bodhisatva. “Farei com que àrvore não seja cortada abaixo. Apenas espere e veja o que farei quando os marceneiros vierem a-manhã.”

Dia seguinte quando os homens vieram, o Bodhisatva, tomando a forma de um camaleão, chegou n’árvore antes deles, entrando pelas raízes e trabalhando seu caminho até em cima nos galhos, fazendo àrvore parecer cheia de furos. O Bodhisatva então descansou nos galhos com a cabeça mexendo rapidamente para trás e para frente. Vieram os marceneiros ; e vendo o camaleão o líder deles bateu n’árvore com as mãos e exclamou que àrvore estava podre e que não olhara com cuidado dia anterior quando fizeram a proposta. E saíram fora desprezando a grande e forte árvore. Deste jeito o Bodhisatva salvou a mansão do Espírito d’Árvore. E quando todos seus conhecidos e amigos vieram para vê-la, ela alegremente cantou os louvores ao Bodhisatva, como salvador da casa dela, dizendo, “Espíritos d’Árvores, com todo o poder que temos não sabíamos o quê fazer ; enquanto o humilde espírito da grama-Kusa teve inteligência para salvar minha casa para mim. Verdadeiramente devemos escolher nossos amigos sem considerar se são superiores, iguais ou inferiores, sem distinção de rank. Pois cada um de acordo com sua força pode ajudar um amigo na hora da necessidade.” E ela repetiu esta estrofe sobre amizade e seus deveres:-

Deixemos, grande e pequeno, iguais, todos
Fazer cada qual seu melhor, se dor chegar,
Na ajuda a um amigo em apuro difícil,
Como fui ajudada pelo Espírito-Kusa.

Assim ela ensinou os devas reunidos, somando estas palavras, “Portanto aqueles que escapam de situação difícil não devem considerar se uma pessoa é igual ou superior mas devem fazer amigos sabiamente quaisquer que sejam suas condições de vida.” E ela viveu sua vida e com o Espírito-Kusa finalmente passaram sendo tratados de acordo com seus méritos.

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Sua lição terminada o Mestre identificou o Jātaka dizendo, “Ānanda era o Espírito d’Árvore, e eu o Espírito-Kusa.”