terça-feira, 10 de junho de 2008

130 Buddha e a mulher fraca


130
Podes comer ou se afligir...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana sobre uma mulher de Savatthi. Ela era, é dito, esposa fraca de um brahmin virtuoso e bom, que era leigo. Ela passava as noites na vadiagem ; e de dia não trabalhava nada mas fingia que estava doente e jazia na cama gemendo.

Qual o seu problema minha querida ?” disse o marido
Vento me atazana.”
O quê posso trazer para você ?”
Doces, salgadinhos, comidas gostosas, mingau de arroz, arroz cozido, azeite, etc.”

Obediente esposo fez como ela queria, e esforçava-se como um escravo por ela. Ela ficava na cama só quando o marido estava em casa ; mas logo que ouvia a porta fechar atrás dele, ela passava para os braços dos amantes.

Minha pobre esposa não recebe vento bom,” pensou o brahmin por fim, e provido de ofertas, perfumes, flores, e semelhantes, foi ao Mestre em Jetavana. Feita obediência, permaneceu ao lado do Abençoado, que lhe perguntou por quê estava tanto tempo ausente.

Senhor,” disse o brahmin, “Te digo que minha esposa é atazanada pelo vento e eu me esforço em supri-la de todas a iguarias possíveis. E agora ela está forte e bela mas o vento atazana ela. Foi por estar servindo minha esposa, senhor, que não tive tempo de vir aqui.”

Disse o Mestre, que sabia da fraqueza da esposa, “Ah! Brahmin, o sábio e bom de dias idos te ensinaram como curar uma mulher que sofre como sua esposa de doença de teimosia. Mas re-nascer confundiu sua memória de modo que esqueceste.”

Assim falando, ele contou a seguinte estória do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu brahmin numa família muito distinta. Após formar-se em Takkasila ( Taxila ), tornou-se professor de larga fama em Benares. À ele reuniam-se como pupilos jovens kshatrias e brahmins de todas as famílias nobres e ricas. Bem, um brahmin do campo, que aprendera com o Bodhisatva os Três Vedas e as dezoito Ciências e que parara em Benares para cuidar da sua herança, veio duas ou três vezes todo dia para escutar os ensinos do Bodhisatva. E este brahmin tinha uma esposa má, mulher fraca. E tudo aconteceu como acima. Quando o brahmin explicou como não tinha tempo para escutar os ensinos do Bodhisatva, que sabia que a esposa do brahmin só fingia doença, pensou consigo mesmo, “Vou dizer a ele que remédio vai curar a criatura.” Assim disse ao brahmin, “Não busque mais doces, meu filho, colete urina de vaca e nela fermente cinco tipos de fruta etc, e deixe o pote virar pickles em cobre novo até que tudo cheire ao metal. Então pegue uma corda, vara, ou laço e vá até sua esposa, e diga a ela claramente que ou engula o remédio que você trouxe para ela, ou trabalhe para poder comer. ( E aqui você repetirá algumas linhas que te direi.) Se ela recusar o remédio, então a ameace com a corda ou vara ou laço, e puxe-a pelo cabelo um pouco. Você verá que mera ameaça a fará levantar e trabalhar. “

Assim saiu o brahmin e trouxe para a esposa a gosma preparada como o Bodhisatva mandou.
Quem prescreveu isto ?” disse ela.
O mestre,” disse seu marido.
Leve embora, não beberei isto.”
Então não beberás, né ?” disse o brahmin jovem, pegando a corda; “bem então, ou você engole este remédio ou trabalha por renda honesta.” Assim falando pronunciou esta estrofe:-

Podes comer ou se afligir; qual será?
Pois não podes os dois, cara Kosiya.

Aterrorizada com isto, a mulher Kosiya entendeu no momento em que o mestre interferia, como era impossível iludi-lo, e, levantando passou a trabalhar. E a consciência de que o mestre sabia de sua fraqueza, fê-la arrepender-se, e tornou-se tão boa quanto antes havia sido má.

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(Então, terminada a estória, a esposa do brahmin, sentindo que o Todo-iluminado Buddha sabia o quê ela era, ficou tão temerosa dele que não mais pecou.)

Sua lição terminada o Mestre identificou o Jataka dizendo, “A esposa e o marido de hoje eram a esposa e o marido da estória, e eu o mestre.”


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