segunda-feira, 23 de junho de 2008

139 Buddha Espírito d'Árvore




                   ( Veluvana, o Bosque de Bambu, Índia )

139
Ele cego, ela castigada...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto no Bosque de Bambu, sobre Devadatra. Escutamos que os Irmãos, reunidos no Salão da Verdade, falavam um com outro dizendo que como uma tocha de madeira, queimada em ambas as extremidades e imunda no meio, não serve de lenha seja na floresta ou no centro da vila, do mesmo modo Devadatra desistindo do mundo para seguir fé salvadora apenas alcançou imperfeição e derrota dupla, vendo que perdeu os confortos da vida leiga e também ficou distante de sua vocação como Irmão.

Entrando no Salão, o Mestre perguntou e soube sobre o quê os Irmãos conversavam juntos. “Sim, Irmãos,” ele disse, “e também em dias idos Devadatra teve justo a mesma derrota dupla.” Assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ) o Bodhisatva nasceu um Espírito d'Árvore, e havia uma certa vila onde pescadores de linha habitavam naqueles dias. E um destes pescadores pegando seus apetrechos saiu com seu filho pequeno e jogou seu anzol nas melhores águas conhecidas pelos companheiros pescadores. Bem, o anzol ficou preso em um tronco submerso e o pescador não conseguia puxá-lo para cima. “Que peixe grande !” ele pensou. “Seria melhor enviar meu filho para casa até minha esposa e pedir a ela que levante querela e mantenha os outros pescadores em casa , de modo que nenhum queira partes do meu prêmio.” Conformemente ele mandou o garoto correr para casa e contar para a mãe sobre o baita peixe que ele fisgou e como ela devia manter atenção dos vizinhos. Então, temendo que sua linha quebrasse, ele tirou seu casaco e mergulhou n'água para segurar seu prêmio. Mas enquanto ele tateava o peixe, bateu contra o tronco e teve ambos os olhos saltos para fora. Enquanto isto um ladrão roubava suas roupas na margem. Em dor agônica com as mãos apertando os cegos olhos, ele subiu para fora tremendo em todos os membros e tentou encontrar as roupas.

Enquanto isto sua esposa, para ocupar os vizinhos numa querela proposital, adornou-se com uma folha de palmeira atrás da orelha e pintou de preto um olho com fuligem da frigideira.  Deste jeito, acariciando um cão, ela sai chamando seus vizinhos. “Deus me abençoe, tu estais doida,” disse à ela uma mulher. “Não doida de toda,” respondeu a esposa do pescador ; “você me acusa sem razão com sua língua maledicente. Vamos juntas até o zemindar e eu te farei ser multada em oito peças por calúnia.” ( n. do tr.: A palavra Pali aqui, como no Jataka 137, é kahapana ; lá contudo mostra-se no contexto que é moeda de ouro ; enquanto aqui a pobreza do povo pescador sustenta a ideia de que a moeda era de cobre, como normalmente. O fato mostra que a palavra kahapana como outros nomes de moedas Indianas, primeiramente indicava um peso de qualquer moeda de metal, - seja de ouro, prata ou cobre.).

Então com palavras iradas elas foram ao zemindar. Quando porém a matéria foi discutida, a mulher do pescador é que foi multada ; e foi amarrada e castigada para pagar a multa. Bem, quando o Espírito d'Árvore viu quanta desfortuna caiu sobre ambos, a esposa na vila e o marido na floresta, ele ficou de pé na forquilha de sua árvore e exclamou, “Ah, pescador, n'água e na terra teu labor foi em vão e dupla foi tua derrota.” Assim falando ele pronunciou esta estrofe:-

Ele cego, ela castigada, claramente mostra
Dupla derrota e duplo castigo.


( n. do tr.: Cf. Dhammapada )

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Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jataka dizendo, “Devadatra era o pescador daqueles dias, e eu o Espírito d'Árvore.”



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