sábado, 28 de junho de 2008

142 Buddha Chacal


                              
                              ( Bosque de Bambu,Veluvana, Índia ) 

142
Tua empunhadura segura...etc.- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto no Bosque de Bambu, sobre Devadatra tentar matá-lo. Pois, escutando os Irmãos juntos falarem disto no Salão da Verdade, o Mestre disse que como Devadatra agiu agora, do mesmo modo agiu em dias idos, e ainda assim falhou – para doloroso dano próprio – no seu propósito perverso. E assim falando ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu chacal, e morava em um bosque cemitério com grande séqüito de chacais dos quais era o rei. E naquele tempo havia um festival que era dado em Rajagaha, e era um festival muito regado, com todos bebendo tudo. Bem, uma parcela de bêbados pegou comida e bebida em abundância e colocando suas melhores roupas cantava e fazia fazia festa com sua porção. À meia-noite a carne acaba, apesar de bebida ainda ter. Então um deles pede mais carne e sendo informado que não há mais, diz o sujeito, “Carnes nunca faltam enquanto estou por perto. Irei até o bosque cemitério, matarei um chacal que ronda os cadáveres e voltarei com alguma carne.” Assim falando ele apanha um porrete e faz seu caminho para fora da cidade pela vala para o lugar, onde deita, porrete à mão, fingindo estar morto. Justo então, seguido por outros chacais, o Bodhisatva chega e nota o pretenso cadáver. Suspeitando da fraude, ele resolve examinar minuciosamente o caso. Então ele rodeia ficando a sotavento e sabe pelo cheiro que o homem não está realmente morto. Determinado a fazer o sujeito de bobo antes de deixá-lo, o Bodhisatva aproxima-se furtivamente e segura o porrete com os dentes e puxa-o com força. O farsante não deixou soltar : sem perceber àproximação do Bodhisatva, ele apertou a empunhadura. Aí o Bodhisatva recuou um passo ou dois e disse, “Meu bom homem, se estivesses morto, não apertarias a empunhadura de seu porrete quando eu o puxei e assim te traíste.” Então pronunciou esta estrofe:-

Tua empunhadura segura no porrete mostra
Tua grossa impostura – não és cadáver, eu asseguro.

Dando-se conta de que fora descoberto, o farsante fica de pé e atira o porrete no Bodhisatva mas erra o alvo. “Fora, animal,” disse ele, “não te peguei desta vez.” Virando-se, o Bodhisatva disse, “Verdadeiramente erraste mas esteja certo que não perderás os tormentos do Grande Ínfero e dos dezesseis Ínferos Menores.”

De mãos vazias, o tratante deixou o cemitério e, após banhar-se em um regato, voltou à cidade pelo caminho que viera.

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Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jataka dizendo, “Devadatra era o farsante daqueles dias e eu o rei dos chacais.”



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