segunda-feira, 30 de junho de 2008

143 Buddha Leão



                                 (  Bosque de Bambu, Índia )

143
Teu cadáver esmagado...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto no Bosque de Bambu, sobre os esforços de Devadatra em posar como um Buddha em Gayasisa. Pois quando seu Insight espiritual o deixou e ele perdeu a honra e a glória que antes fora dele, ele perplexo pediu o Mestre que lhe concedesse os Cinco Pontos. Isto sendo recusado, ele faz um cisma na Ordem, na Irmandade, e parte para Gayasisa com quinhentos Irmãos jovens, pupilos dos dois discípulos chefes do Buddha mas ainda não versados na Lei e na Regra.

 Com tal séquito ele realiza os atos como de uma Irmandade separada reunida ajuntada nos mesmos recintos. Sabendo bem a hora em que o conhecimento destes jovens Irmãos amadureceriam, o Mestre envia dois Anciãos até eles. Vendo estes, Devadatra alegremente passa a trabalhar expondo noite adentro (enquanto se gabava) sobre o poder magistral de um Buddha. Então posando de Buddha disse, “A assembléia, reverendo Sariputra, ainda está alerta e sem sono. Serias bondoso o suficiente a ponto de pensares em um discurso religioso direto aos Irmãos ? Minhas costas doem de tanto que trabalhei, devo descansar um pouco.”

 Assim falando ele saiu para deitar-se. Aqueles dois discípulos chefes então ensinaram aos Irmãos, iluminando-os quanto aos Frutos e aos Caminhos, até que no final ganharam-los de volta ao bosque de Bambu.

Encontrando o mosteiro vazio de Irmãos, Kokalika vai até Devadatra e conta a ele como os dois discípulos quebraram o séquito dele e deixaram o mosteiro vazio ; “e você aí deitado dormindo,” disse ele. Assim falando ele rasga a roupa de fora de Devadatra e chuta-o no peito com pouca dó como se chutasse um caibro em parede de argila. Cuspiu sangue Devadatra, e daí em diante passa a sofrer das conseqüências deste golpe.

Disse o Mestre a Sariputra, “O quê fazia Devadatra quando vocês lá chegaram ?” E Sariputra respondeu que apesar de posar de Buddha, o mal caiu sobre ele. Disse o Mestre, “Do mesmo modo que agora, Sariputra, em tempos anteriores também Devadatra me imita para desgraça própria. “ Então, ao pedido do Ancião, ele conta esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era um leão com juba e morava na Cova Dourada nos Himalaias. Saltando um dia para além dos limites de sua cova, ele olha para o Norte, Oeste, Sul e Leste, e ruge alto enquanto sai em busca de presa. Matando um búfalo grande, devora as primícias da carcaça após o que desce a um lago, e bebendo até saciar-se água cristalina vira para voltar para sua cova. Bem, um chacal faminto, encontrando de repente o leão, e sendo incapaz de escapar, atira-se às patas dele.

 Sendo questionado sobre o que queria, o chacal responde, “Senhor, deixe-me ser seu servo.” “Muito bem,” disse o leão ; “sirva-me e poderás comer das primícias da carne.” Assim falando, ele segue para a Cova Dourada com o chacal. Daí em diante as sobras do leão caíam para o chacal e ele ficou grande.

Deitado um dia em sua cova, o leão diz ao chacal para verificar os vales do topo da montanha, para ver se há algum elefante ou cavalo ou búfalo por perto, ou qualquer outro animal que ele chacal queira. Se houver algum a vista, o chacal deve relatar e dizer com obediência devida, “Brilhe em tua força, Senhor.” O leão então prometeu matar e comer, dando uma parte ao chacal. Assim o chacal usava subir às alturas e quando via embaixo bestas gostosas, relatava ao leão, e caindo às patas dele dizia, “Brilhe em tua força, Senhor.”

 Aí o leão com agilidade saltava fora e matava a besta mesmo se fosse um elefante berrante, e dividia as primícias da carcaça com o chacal. Gordo com sua carne, o chacal então retira-se para sua cova e dorme.

Bem, com o tempo passando, o chacal ficou grande e gordo até arrogância. “Não tenho eu também quatro pernas ?” perguntava-se a si mesmo. “Por quê vivo de pensão diária da bondade de outro ? De agora em diante eu matarei elefantes e outras bestas, para eu mesmo comer. O leão, rei das bestas, mata apenas por causa da fórmula , 'Brilhe em tua força, Senhor.' farei o leão me chamar dizendo 'Brilhe em tua força, chacal,' e então matarei um elefante por mim mesmo.” Conformemente ele foi até o leão, e indicando que já vivera muito as custas do leão, fala do seu desejo em comer um elefante que ele mesmo tenha matado, terminando com um pedido ao leão que deixasse ele, o chacal, deitar no leito do leão na Cova Dourada enquanto o leão subia a montanha para procurar um elefante. A presa, caça, encontrada ele pediu ao leão que viesse a ele na cova e dissesse, 'Brilhe em tua força, chacal.' Ele implora ao leão que não negue a ele este tanto. Disse o leão, “Chacal, só leões podem matar elefantes, nem nunca viu o mundo um chacal capaz de lutar e vencer com eles. Desista desta fantasia e continue a se alimentar daquilo que mato.” Mas dissesse o que dissesse o leão, o chacal não desistia e ainda pressionava pelo pedido. Por fim o leão deixou, e mandando o chacal deitar na cova, subiu o pico e com isto espiava um elefante berrante. Voltando à boca da cova, diz, “Brilhe em tua força, chacal.” Então da Cova Dourada o chacal com agilidade salta fora, buscando nas suas quatro direções, por três vezes soltando seu latido, e pulando sobre o elefante, tentando pegar a cabeça dele. Mas errando o alvo, acaba às patas do elefante. O bruto em fúria levanta sua pata dianteira e esmaga a cabeça do chacal, esmagando os ossos em pó. Socando a carcaça em uma massa única, cagando nela, o elefante corre berrante para a floresta. Vendo tudo isto, o Bodhisatva observa, “Brilhe agora em tua força, chacal,” e pronuncia a estrofe:-

Teu cadáver esmagado, teu cérebro estraçalhado como argila,
Mostra como brilhaste ho-je em tua força.

Assim falou o Bodhisatva, e vivendo até a boa anciedade passou na completude dos tempos sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jataka dizendo, “Devadatra era o chacal daqueles dias, e eu o leão.” // Jataka 335 com gathas diferentes.




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