quinta-feira, 19 de junho de 2008

138 Buddha Lagarto





 ( Pintura de teto de Ajanta vihara buddhista construída por Arhat Acharya, Índia ) 


138
Com cabelos em tranças...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um hipócrita. Os incidentes são semelhantes àqueles relatos acima (Cf. Jatakas 128 e 325).

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como um lagarto ; e em uma cabana próxima a uma vila da fronteira vivia um rígido asceta que obteve os Cinco Conhecimentos e era tratado com grande respeito pelos aldeões. Em um cupinzeiro no final do caminho em que o recluso caminhava para cima e para baixo, morava o Bodhisatva e duas ou três vezes por dia ele ia até o recluso e escutava palavras edificantes e santas. Depois com a obediência devida ao bom homem, o Bodhisatva partia para sua própria morada. Após um certo tempo o asceta deu adeus aos aldeões e partiu. Para seu lugar veio outro asceta, um sujeito tratante, para habitar no eremitério. Presumindo santidade no que chegava, o Bodhisatva agiu em relação à ele como com o primeiro asceta. Um dia uma tempestade inesperada na estação seca trouxe para fora as formigas de seus formigueiros, e os lagartos, saindo para comê-las foram pegos em grande número pelo povo da aldeia ; e alguns foram servidos em vinagre e açúcar para o asceta comer. Agraciado com prato tão saboroso, ele perguntou o quê era, e foi informado que era carne de lagartos. Aí ele refletiu que tinha um belo lagarto como seu vizinho, e resolveu jantá-lo. Conformemente aprontou a panela para cozinhar e temperos para colocar o lagarto dentro, e sentou à porta de sua cabana com um porrete escondido debaixo de seu hábito amarelo, esperando a vinda do Bodhisatva, com um ar estudado, fingido, de paz perfeita. À tarde o Bodhisatva veio e quando se aproximou notou que o eremita não parecia o mesmo mas tinha uma aparência que não indicava nenhum bem. Cheirando o vento que soprava em sua direção a partir da cela do eremita, o Bodhisatva cheirou o cheiro de carne de lagarto e imediatamente entendeu que o provar lagarto fez o asceta querer matá-lo com um porrete e comê-lo em seguida. Então retirou-se para casa sem chamar o asceta. Vendo que o Bodhisatva não vinha o asceta julgou que o lagarto adivinhara seu plano mas espantava-se em como ele podia ter descoberto.

 Determinado a não deixar o lagarto escapar, ele retirou o porrete e atirou-o, apenas atingindo a ponta do rabo do lagarto. Rápido como o pensamento, o Bodhisatva precipitou-se em seu reduto e colocando sua cabeça para fora através de um buraco diferente daquele que saíra antes, gritou, “Tratante hipócrita, seu hábito piedoso me levou acreditar em ti mas agora conheço sua natureza bandida. O quê um ladrão como tu tem a ver com roupa de eremita ?” Assim repreendendo o falso asceta, o Bodhisatva recitou esta estrofe:-

Com cabelos em tranças e hábito de pele
Por quê imitas a piedade ascética?
Um santo por fora, teu coração por dentro
Está entulhado de impureza suja.

[n. do tr.: Dhammapada v. 394].

Deste jeito o Bodhisatva expôs o mau asceta depois do que retirou-se para seu cupinzeiro. E o asceta ruim partiu daquele lugar.

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Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jataka dizendo, “O hipócrita era o asceta mau daqueles dias, Sariputra o bom asceta que vivia no eremitério antes dele, e eu mesmo o lagarto.”





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