terça-feira, 24 de junho de 2008

140 Buddha Corvo




  ( Ornamento de Ajanta vihara buddhista construída por Arhat Acharya ) 

140
Em terror incessante...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um conselheiro sagaz. Os incidentes serão relatos no Jataka 465.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu corvo. Um dia o capelão do Rei saiu da cidade para o rio, lá se banhou e tendo se perfumado e posto guirlanda, vestiu sua cara veste e voltou à cidade. No arco do portão (da cidade) estavam pousados dois corvos ; e um deles disse a seu companheiro, “Quero cagar na cabeça deste brahmin.” “Não faça tal coisa,” disse ooutro ; “pois este brahmin é um grande homem, e é ruim incorrer na ira dos grandes. Se enraivecê-lo, ele pode destruir toda a nossa espécie. “Eu preciso,” disse o primeiro. “Muito bem, com certeza serás descoberto,” disse ooutro e rapidamente voou para longe. Justo quando o brahmin estava debaixo do arco, caiu a sujeira em cima dele, como se o corvo o engrinaldasse. O brahmin irado concebe a partir daí ódio contra todos os corvos.

Bem, neste momento aconteceu de uma mulher escrava encarregada do celeiro , espalhar arroz ao sol na porta da despensa e ficar sentada lá para vigiá-lo quando cai no sono. Justo então aproxima-se um bode peludo que passa a comer o arroz até que a garota acorda e o põe para fora. Duas ou três vezes volta o bode, tão logo ela cai no sono, e come o arroz.

 Quando ela então afasta a criatura pela terceira vez ela pensa consigo mesma que as visitas contínuas do bode consumiriam metade de seu estoque de arroz e que procedimentos deveriam ser tomados para espantarem para longe o animal e assim salvar-se de grande perda. Deste modo ela toma uma tocha acessa, e, sentando-se, finge que dorme como antes.

 E quando o bode começa a comer ela levanta-se de repente e bate com a tocha nas costas peluda dele. Logo as costas peluda do bode estavam em chamas, e para aliviar sua dor, ele mergulha num abrigo de feno do estábulo dos elefantes e rola no feno. O abrigo assim pega fogo e as chamas espalham para os estábulos. Como estes estábulos pegam fogo, os elefantes começam a sofrer, e muitos deles ficaram queimados para além da capacidade dos veterinários de elefantes poderem curá-los. Quando isto foi relato ao Rei, ele perguntou a seu capelão se ele sabia o quê curaria os elefantes. “Certamente eu sei, senhor,” disse o capelão, e sendo pressionado a falar, disse que seu remédio seria gordura de corvo. O Rei então ordenou que corvos fossem mortos e a gordura deles retirada. E com isto houve uma grande matança de corvos mas não se achou gordura neles, e portanto continuaram matando até que montes de corvos mortos fossem vistos em todo lugar. E grande medo abateu-se sobre todos os corvos.

Bem, naqueles dias o Bodhisatva morava em um grande cemitério, chefe de oitenta mil corvos. Um destes trouxe as novidades do medo que abatera-se sobre os corvos. E o Bodhisatva, sentindo que não havia ninguém a não ser ele que poderia incumbir-se da tarefa, resolveu livrar seu povo do grande terror. Revendo as Dez Perfeições e selecionando delas, Gentileza como guia, voou sem parar, direto, para o palácio do Rei, e entrou nele através de uma janela aberta, pousou debaixo do trono do Rei. Logo um empregado tentou pegar o pássaro mas o Rei entrando na câmara o impediu.

Recompondo-se em um momento, o Grande Ser, lembrando Gentileza, saiu de debaixo do trono do Rei e assim falou ao Rei ; -”Senhor, reis precisam se lembrar da máxima que reis não devem andar de acordo com luxúria e outras paixões más no legislar dos seus reinos. Antes de agir, deve-se primeiro examinar e conhecer todo o assunto e depois então somente fazer o quê é saudável. Se reis fazem o quê não é saudável, eles fazem com que milhares fiquem com medo, medo da morte mesmo. E ao prescrever gordura de corvo, seu capelão era estimulado pela vingança a mentir ; pois corvos não têm gordura.”

Com estas palavras o coração do Rei foi ganho e ordenou que o Bodhisatva se colocasse em um trono de ouro e lá ungido nas asas com os óleos mais finos e servido em vasos de ouro com as carnes mesmas e a bebida do Rei. Então quando o Grande Ser estava satisfeito e tranquilo, o Rei disse, “Sábio, dizes que corvos não têm gordura. Como aconteceu deles não terem nenhuma ?”

Deste jeito,” respondeu o Bodhisatva com voz que preencheu todo o palácio e proclamou a Verdade nesta estrofe:-

Em terror incessante, com toda a humanidade por inimiga,
Passam a vida ; por isto não têm gordura os corvos.

Dada esta explicação, o Grande Ser ensina o Rei, dizendo, “Senhor, reis não devem nunca agir sem examinar e conhecer toda a matéria.” Agraciado, o Rei deposita seu reino aos pés do Bodhisatva mas o Bodhisatva o restaura ao Rei, a quem estabelece nos Cinco Preceitos, rogando a ele que protegesse todo os seres vivos de dano. E o Rei foi movido por estas palavras a conceder imunidade a todos os seres vivos, e em particular ele foi incessantemente bondoso com corvos. Todo dia fazia com que fossem cozidos sessenta quilos de arroz e temperado com ervas finas, dado aos corvos. Mas ao Grande Ser foi dada comida que só o Rei comia.

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Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jataka dizendo, “Ananda era o Rei de Benares daqueles dias, e eu mesmo o rei dos corvos.”





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