quarta-feira, 4 de junho de 2008

123 Buddha e ancião Laludayi


123
Para aplicação universal...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre Ancião Laludayi que é dito inclinava-se sempre a dizer a coisa errada. Nunca sabia a ocasião certa dos vários ensinamentos. Por exemplo, se fosse festa ele resmungava o texto melancólico, “Fora dos muros se escondem e no cruzamento de quatro caminhos.” Se fosse funeral, gritaria “Alegria preencha os corações das pessoas e dos deuses,” ou então “Oh que tu possas ver cem, não, mil dias felizes como estes !”

Bem, um dia os Irmãos no Salão da Verdade comentavam sua singular infelicidade e sua inclinação em sempre dizer a coisa errada. Enquanto sentados conversavam, o Mestre entrou, e em resposta a sua pergunta, soube qual o tema da conversa. “Irmãos,” disse ele, “esta não é a primeira vez que a loucura de Laludayi o faz dizer a coisa errada. Ele sempre foi tão inepto quanto agora.” Assim falando ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu numa rica família brahmin e quando cresceu versou-se em todos os conhecimentos e tornou-se um professor renomado mundialmente com quinhentos jovens brahmins para instruir.

No momento da nossa história havia entre os jovens brahmins um que sempre guardava noções tolas na cabeça e dizia a coisa errada ; engajara-se com os outros em aprender as escrituras como um pupilo mas devido a sua loucura não conseguia dominá-las. Era um devoto ajudante do Bodhisatva e o servia como um escravo.

Bem, um dia após a janta o Bodhisatva deitou-se em sua cama e lá foi lavado e perfumado pelo jovem brahmin às mãos, pés e costas. E quando o jovem virava-se para sair, o Bodhisatva disse a ele, “Escore os pés da cama antes de ir.” E o jovem brahmin escorou os pés da cama certo de um lado mas não achou nada para escorar o outro lado.

 Conformemente usou sua perna para escorar e passou a noite assim. Quando o Bodhisatva levantou-se de manhã e viu o jovem brahmin perguntou o quê ele estava sentado lá. “Mestre,” disse o jovem, “não consegui achar um dos suportes da cama ; então coloquei ao invés minha perna como suporte.”

Mexido com estas palavras, o Bodhisatva pensou, “Que devoção ! E pensar que ele deve ser o mais tolo de todos os meus pupilos. Como então fazer com que ele aprenda ?” E o pensamento lhe veio que a melhor maneira era questionar o jovem brahmin na sua volta de catar lenha e folhas, de algo que ele tenha visto ou feito naquele dia ; e depois perguntar com que se parecia. “Pois,” pensou o mestre, “isto o levará a fazer comparações e a dar razões, e a prática contínua do comparar e raciocinar me possibilitará dar conhecimento a ele.”

Conformemente chamou o jovem e disse a ele para sempre no seu retorno de catar lenha e folhas comunicar o que viu ou comeu ou bebeu. E o jovem prometeu que assim faria. Então um dia tendo visto uma cobra quando fora com os outros pupilos catando lenha na floresta, ele disse, “Mestre, vi uma cobra.” “Com o quê ela parecia ?” “Ah, parecia um cabo de arado.” “Esta é uma comparação muito boa. Cobras parecem cabo de arado,” disse o Bodhisatva, que começa a ter esperança que possa por fim ter sucesso com seu pupilo.

Outro dia o jovem brahmin viu um elefante na floresta e contou a seu mestre. “E com o quê o elefante parecia ?” “Ah, como um cabo de arado.” Seu mestre nada disse pois como a tromba e as presas do elefante tinham uma certa semelhança com cabo de arado, talvez a estupidez de seu pupilo o tenha feito falar assim de modo geral (apesar de estar pensando na tromba em particular), por causa da sua inabilidade em dar detalhes acurados.

Um terceiro dia ele foi convidado a chupar cana, e obedientemente contou ao mestre. “E com o quê a cana de açúcar parece ?” “Ah, com cabo de arado.” “Esta dificilmente é uma boa comparação,” pensou seu mestre mas nada disse. Outro dia, novamente, os pupilos foram convidados a comer melado com yogurte leite e semelhantes, e isto também foi obedientemente relatado. “E com o quê são o yogurte e o leite parecidos ?” “Ah, com cabo de arado.” Então o mestre pensou consigo mesmo, “Este jovem estava perfeitamente certo em dizer que uma cobra era como um cabo de arado, e mais ou menos certo, apesar de sem acurácia, em dizer que elefante e cana têm a mesma similitude. Mas leite e yogurte (que são de cor branca) assumem a forma do vaso que os contêm ; e aqui ele errou a comparação completamente. Este tolo nunca aprenderá.” Assim falando pronunciou esta estrofe:-

Para aplicação universal ele
Emprega um termo de denotação limitada.
Cabo de arado e yogurte para ele, sabem, soam, semelhantes,
- O tolo diz que as duas coisas são iguais.

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Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jataka dizendo, “Laludayi era o tolo daqueles dias, e eu o professor de fama renomada.”




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