terça-feira, 17 de junho de 2008

137 Buddha e a mãe de Kana



137
Dê comida a um gato...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre o preceito relativo à mãe de Kānā. Ela era irmã leiga em Savatthi conhecida como a mãe de Kānā que entrara nos Caminhos da Salvação e Eleita era.

Sua filha, Kānā ( n. do tr.: o nome Kānā significa ['cicl-ops'], 'único olho' [pode ser também um grão, medida mínima, ( donzela, menina ), de luz mesma de onde o radical do adjetivo canus, branco, em latim que forma o verbo caneo, branquejar , tudo isto servindo também para candeo, incendiar e iluminar e candeia, luz, vela. ]) era casada com um esposo da mesma casta de outra vila, e uma errância e outra a fez ir ver a mãe. Passaram-se uns dias e seu esposo enviou mensageiro com recado de que gostaria que ela voltasse. A garota perguntou à mãe se podia ir e a mãe disse que ela não podia voltar de mãos vazias após ausência tão longa, e entrou a fazer um bolo. Justo então chegou um Irmão na sua coleta de ofertas, e a mãe o fez sentar e colocou diante dele o bolo que acabara de assar. Ele sai e fala a outro Irmão que chega no tempo justo de pegar o segundo bolo que fora cozido para a filha levar para casa com ela. Este fala a um terceiro e o terceiro a um quarto, e assim cada bolo fresco foi pego por um novo visitante. O resultado disso foi que a garota não partiu no seu caminho para casa e o marido enviou um segundo e um terceiro mensageiro atrás dela. E a mensagem com o terceiro era de que se a esposa não voltasse, ele tomaria outra esposa. E cada mensagem teve exatamente o mesmo resultado. Então o esposo tomou outra esposa e com a novidade a esposa anterior dele caiu aos prantos. 

Sabendo disto tudo, o Mestre colocando seu hábito cedo de manhã, saiu com sua tigela de ofertas para casa da mãe de Kānā e sentou num lugar preparado para ele. Ele então perguntou por quê a garota estava chorando, e, sendo informado, falou palavras de consolo para a mãe e se levantou e voltou ao Mosteiro.

Bem, os Irmãos vieram a saber de Kānā impedida três vezes de voltar a seu esposo devido atitude dos quatro Irmãos ; e um dia eles se encontraram no Salão da Verdade e falavam do assunto. O Mestre veio ao Salão e perguntou o quê conversavam e eles disseram a ele. “Irmãos,” disse, “não pensem que esta é a primeira vez que estes quatro Irmãos trouxeram dor à mãe de Kana por comerem o estoque dela ; eles fizeram o mesmo em dias idos também.” Assim falando ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu Cortador de Pedra, e crescendo tornou-se expert em cortar pedras. Bem, no país Kasi morava um mercador muito rico que juntou quarenta 'crores' em ouro. E quando sua esposa morreu, tão forte era o amor dela pelo ouro que ela re-nasceu camundonga e morava em cima do tesouro. E um a um toda a família morreu incluindo o mercador mesmo. Do mesmo modo a vila torna-se deserta e abandonada.

 No momento da nossa história o Bodhisatva estava polindo e moldando pedras num sítio desta vila deserta ; e a camundonga usava vê-lo quando corria atrás de comida. Por fim ela apaixonou-se por ele ; e, pensando com ela mesma como o segredo de todo seu vasto tesouro morreria com ela, ela concebe a ideia de dividi-lo com ele. Assim um dia ela veio até o Bodhisatva com uma moeda na boca. Vendo isto, ele fala com ela gentilmente dizendo, “Mãe, o quê a traz aqui com esta moeda ?” “É para ti para dispores, gastares, e comprares carne para mim, meu filho.” Sem relutância, ele tomou o dinheiro e gastou meio centavo dele em carne que trouxe à camundonga que saiu e comeu alegrando coração. E isto continuou, a camundonga dando ao Bodhisatva uma moeda por dia, e ele retornando com suprimento de carne para ela. Mas aconteceu de um dia a camundonga ser pega por um gato.

Não me mate,” disse a camundonga.
Por quê não ?” disse o gato. “Estou faminto tanto quanto pode se estar, e realmente devo matá-la para aliviar minhas dores.”
Primeiro me diga se você está sempre faminto, ou faminto só hoje.”
Ah, toda dia me acho faminto de novo.”
Bem então, se isto é assim, eu trarei para ti carne sempre ; se me deixares ir.”
Fica atenta então,” disse o gato, e deixou a camundonga ir.

Como conseqüência disto a camundonga teve que dividir o suprimento de carne que obtinha com o Bodhisatva em duas partes e dar metade ao gato, guardando a outra para si mesma.

Bem, por azar, a mesma camundonga foi pega noutro dia por um segundo gato e teve que negociar livramento nos mesmos termos. Então agora a comida diária era dividida em três porções. E quando um terceiro gato pegou a camundonga e arranjo semelhante teve de ser feito, o suprimento passou a ser dividido em quatro porções. E posteriormente um quarto gato pegou ela, e a comida passou a ser dividida em cinco, de modo que a camundonga reduzida a tão pouca comida, ficou magra em pele e osso. Notando como estava magra sua amiga, o Bodhisatva perguntou a ela a razão. A camundonga então contou a ele tudo o que aconteceu com ela.

Por quê não me dissestes antes ?” disse o Bodhisatva. “Anime-se, vou ajudá-la com os seus problemas.” Ele então procurou um bloco do mais puro cristal e esculpiu nele uma cavidade e fez a camundonga entrar nela. “Agora fique aí,” disse ele, “e não falhe em tratar ferozmente e insultar quem se aproximar.”

Arrasta-se a camundonga então para dentro da cela de cristal e espera. Logo monta um dos gatos e pede carne. “Fora, gata velha,” disse a camundonga ; “por quê te daria alimento? Vá para casa e coma seus filhotes !” Em fúria com estas palavras e sem suspeitar que a camundonga estava dentro de cristal, a gata ataca a camundonga para comê-la ; e tão furioso foi seu salto que quebrou suas costelas e seus olhos pularam para fora da cabeça. Assim aquela gata morreu e sua carcaça tombou fora de vista. E fado semelhante ocorre com cada um dos quatro gatos. E sempre depois a camundonga agradecida trazia duas ou três moedas ao invés de uma para o Bodhisatva, e aos poucos deu a ele todo o tesouro. Em amizade inquebrável os dois viveram juntos até que suas vidas terminaram e eles passaram sendo tratados de acordo com seus méritos.

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A história contada, o Mestre, como Buddha, pronunciou esta estrofe:-

Dê comida a um gato, Número Dois aparece:
Um terceiro e um quarto surgem em linha frutífera;
- Testemunhem os quatro que morreram no cristal.

Sua lição terminada, o Mestre identificou o jataka dizendo, “Estes quatro Irmãos eram os quatro gatos / gatas daqueles dias, a mãe de Kana era a camundonga e eu o Cortador de pedra.”

[n. do tr.: Ver Vinaya IV, 79 para a História Introdutória.]





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