quinta-feira, 5 de junho de 2008

126 Buddha Romeu


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Nossos fados diversos...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana sobre um brahmin retido pelo Rei de Kosala devido a sua capacidade de dizer se as espadas eram fastas ou nefastas. Nos é dito que quando os ferreiros do rei forjavam uma espada, este brahmin podia só cheirando ela, dizer se era boa ou não. E ele estabeleceu uma norma de só aceitar o trabalho daqueles ferreiros que lhe presenteavam e de rejeitar o trabalho daqueles que o não corrompiam.

Bem um certo ferreiro fez uma espada e a colocou na bainha com pimenta fina e a trouxe deste jeito para o Rei, que logo a passou para o brahmin para testá-la. O brahmin desembainhou a lâmina e a cheirou. A pimenta subiu pelo nariz dele e o fez espirrar e de modo tão violento que ele cortou o nariz no fio da espada.

Este revés do brahmin chegou aos ouvidos dos Irmãos e um dia falavam sobre isto no Salão da Verdade quando o Mestre entrou. Escutando o tema da conversa deles, disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que este brahmin corta seu nariz cheirando espadas. O mesmo fado aconteceu com ele em dias idos.” Assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ) ele tinha a seu serviço um brahmin que professava saber dizer se espadas eram fastas ou nefastas e tudo se passa como na História Introdutória. E o rei chamou os médicos e colocou uma falsa ponta no nariz dele pintada habilmente para parecer a todos um nariz verdadeiro, real ; e o brahmin retomou suas obrigações com o rei. Bem, Brahmadatra não tinha filhos só uma filha e um sobrinho, a quem ele nutriu debaixo de seus olhos mesmos. E quando estes dois estavam crescidos, apaixonaram-se um pelo outro. O rei então chamou os conselheiros e lhes disse, “Meu sobrinho é o herdeiro do trono. S'eu lhe der minha filha como esposa, ele será ungido rei.”

Mas, pensando uma segunda vez, ele decidiu já que de todo modo seu sobrinho era como um filho, que seria melhor casá-lo com uma princesa estrangeira, e dar sua filha a um príncipe de outra casa real. Pois, ele pensou, este arranjo lhe daria mais netos e vestiria sua linhagem com cetros de casas reais diferentes. E, após consulta aos conselheiros, ele resolveu separar os dois, e foram conformemente apartados em moradias distintas um do outro. Bem, eles tinham dezesseis anos de idade e estavam muito apaixonados, e o jovem príncipe não pensava em nada além de em como tirar a princesa do palácio do pai. Por fim um plano surgiu de enviar uma mulher sábia para quem deu um punhado de dinheiro.

E para que é isto ?” ela disse.

Ele então contou a ela sua paixão, e implorou a sábia mulher que transportasse-o até sua querida princesa.

Ela prometeu a ele sucesso e disse que ela diria ao rei que sua filha estava sob influência de feitiço mas que, como o demônio a possuía há muito e ele estava fora de guarda, ela levaria a princesa um dia em uma carruagem ao cemitério com forte escolta armada, e lá em um círculo mágico deitaria a princesa numa cama com um homem morto embaixo, e com cento e oito duchas de água perfumada lavaria o demônio para fora dela. “E quando com este pretexto eu trouxer a princesa para o cemitério,” continuou a sábia mulher, “tenha o cuidado de apenas chegar no cemitério antes de nós em sua carruagem com escolta armada, levando pimenta fina contigo. Chegando ao cemitério, você deixará sua carruagem na entrada, e despachará seus homens para o bosque do cemitério, enquanto você mesmo irá para o topo do monte e deitará como se morto. Então eu chegarei e colocarei uma cama por cima de você na qual deitarei a princesa. Aí chegará o momento quando você deverá espirrar com a pimenta, até ter espirrado duas ou três vezes, e quando você espirrar nós deixaremos a princesa e sairemos correndo. Daí você e a princesa devem se banhar e você deve levá-la para casa contigo.” “Muito bom,” disse o príncipe ; “um artifício excelente.”

Saiu a mulher sábia então até o rei e ele concordou com a ideia dela, como também a princesa quando foi a ela explicado. Quando o dia chegou, a velha mulher contou à princesa a incumbência delas e disse aos guardas na estrada de modo a assustá-los, “Escutem. Debaixo da cama que levantarei haverá um homem morto ; e este homem morto espirrará. E marque bem que, logo que ele tiver espirrado, ele sairá de debaixo da cama e segurará a primeira pessoa que encontrar. Então estejam preparados, todos vocês.”

Bem, o príncipe já havia chegado no lugar e ficou debaixo da cama como combinado.

Em seguida a velha levou a princesa e a deixou em cima da cama, sussurrando para ela não ter medo. Logo o príncipe cheirou a pimenta e ficou espirrando. E assim que começou a espirrar diante da sábia mulher, ela deixou a princesa e com um grande grito saiu correndo, mais rápida que todos. Nenhum dos homens ficou no lugar ; - todos largaram as armas e temeram pela preciosa vida. Daí o príncipe saiu e carregou a princesa para sua casa, e como fora arranjado antes. E a velha mulher foi até o rei e contou a ele o quê aconteceu.

Bem,” pensou o rei, “eu sempre pretendi ele para ela, e eles cresceram juntos como ghee em pudim de arroz.” Ele então não caiu em paixão mas no curso de tempo devido fez seu sobrinho rei da terra, com sua filha como rainha.

Bem, o novo rei manteve em seu serviço o brahmin que professava saber dizer a têmpera das espadas, e um dia quando estava ao sol, a falsa ponta de nariz do brahmin caiu e perdeu-se. 

E lá ele ficou amparando a cabeça com muita vergonha. “Não se preocupe, não se preocupe,” riu o rei. “Espirrar é bom para uns e mal para outros. Um espirro fez você perder seu nariz ; enquanto eu agradeço ao espirro por ambos meu trono e minha rainha.” Assim falando ele pronunciou esta estrofe:-

Nossos fados diversos, mostram esta moral,
- O quê bem me traz, pode a ti fazer mal .

Assim falou o rei, e após vida gasta em caridade e outras obras boas, ele passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Com esta sabedoria o Mestre ensinou a lição que o mundo estava errado em pensar que as coisas são definitivamente e absolutamente boas ou más em todos os casos semelhantemente. Por fim, ele identificou o Jataka dizendo, “O mesmo homem que agora professa saber se espadas são fastas ou nefastas, professava a mesma habilidade naqueles dias ; e eu mesmo era o príncipe que herdou o reino do tio.”

[N. do Tr.: Uma vez que La Fontaine conheceu os Jatakas, por força dos Dois Pássaros, Shakespeare com certeza, também conheceu – 'Romeu e Julieta' aparece aqui em cena, o casamento e a união homem/mulher como uma morte ritual, sacramento.]





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