terça-feira, 6 de maio de 2008

98 Buddha Mercador


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Sábio retamente, O Mais Sábio erradamente...etc”.- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um mercador trapaceiro. Haviam dois mercadores em parceria em Sāvatthi, nos foi dito, que viajavam com suas mercadorias e voltavam com os lucros. E o mercador trapaceiro pensou consigo mesmo, “Meu parceiro se alimentou mal e ficou mal acomodado por tantos dias seguidos que morrerá de indigestão agora que volta para casa novamente e pode festejar com as mais variadas iguarias para contentar o coração. Meu plano é dividir o quê fizemos em três porções, dando uma para seus órfãos e mantendo duas para mim.” E com este objetivo ele foi dando desculpas um dia atrás do outro adiantando a divisão dos lucros.

Vendo que era vão apressar a divisão, o parceiro honesto foi para o Mestre no mosteiro, fez sua saudação, e foi recebido gentilmente. “Já faz bastante tempo,” disse o Buddha, “desde a sua última vinda aqui para me ver.” E daí o mercador contou ao Mestre o que aconteceu com ele.

Esta não é a primeira vez, seguidor leigo,” disse o Mestre, “que este homem é um mercador trapaceiro ; ele não foi menos trapaceiro em dias idos. Como tenta te defraudar agora, do mesmo modo tentou defraudar o sábio e bom de outros dias.” Assim falando, ao pedido do mercador, o Mestre contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu numa família de mercadores e no dia do batismo foi chamado ‘Sábio.’ Quando ele cresceu entrou em parceria com outro mercador chamado ‘O Mais Sábio,’ e fizeram comércio juntos. E estes dois levaram quinhentos carretos de mercadorias de Benares para os distritos do campo, onde dispuseram as mercadorias, retornando depois com os lucros para a cidade. Quando veio a hora de dividir, O Mais Sábio disse, “Devo ganhar o dobro.” “Por quê isso ?” perguntou Sábio. “Porque enquanto você é só Sábio, eu sou O Mais Sábio. E Sábio deve ter somente uma parte enquanto O Mais Sábio, duas.” “Mas nós dois tivemos investimentos iguais no estoque de troca, no gado e nos carretos. Por quê você deveria ter duas partes ?” “Porque sou O Mais Sábio.” E assim discutiram até brigarem.

Ah !” pensou O Mais Sábio, “tenho um plano.” E fez seu pai se esconder no oco de uma árvore, encarregando o velho homem de dizer, quando os dois viessem, “O Mais Sábio deve ter parte dobrada.” Isto arranjado, ele foi ao Bodhisatva e propôs a ele submeter o clamor de parte dobrada à decisão competente do Espírito-da-Árvore. Ele fez então seu apelo com estas palavras: “Senhor Espírito da Árvore, decida nossa causa !” Aí o pai, que escondia-se na árvore, com voz mudada pediu-os que expusessem o caso. O trapaceiro dirigiu-se à árvore como segue: “Senhor, aqui está Sábio, e aqui está O Mais Sábio. Somos parceiros no comércio. Declare qual a parte que cada um deve receber.”

Sábio deve receber uma parte e O Mais Sábio duas,” foi a resposta.

Escutando esta decisão, o Bodhisatva resolveu descobrir se havia um Espírito da Árvore ou não. Então encheu o oco do tronco com palha e colocou fogo. E o pai de O Mais Sábio ficou meio tostado pelas chamas que subiram e escalou a árvore segurando num galho. Caindo no chão ele pronunciou esta estrofe:-

Sábio retamente, O Mais Sábio erradamente tomou seu nome;
Através d’ O Mais Sábio, eu quase queimei nas chamas.

Então os dois mercadores fizeram uma divisão igual e cada um tomou metade e às suas mortes passaram sendo tratados de acordo com seus méritos.

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Assim você vê,” disse o Mestre, “que seu parceiro era um grande trapaceiro em dias idos como agora.” Tendo terminado a história, ele identificou o Jātaka dizendo, “O mercador trapaceiro de ho-je era o mercador trapaceiro da história e eu o mercador honesto chamado Sábio.”




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