quinta-feira, 29 de maio de 2008

118 Buddha Codorna



118
A pessoa sem pensamentos...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre o filho de um Tesoureiro estimado. Este Tesoureiro estimado é dito ter sido um homem muito rico de Sāvatthi, e sua esposa tornou-se mãe de um ser correto do reino dos anjos de Brahma, que cresceu amável como Brahmā. Bem, um dia quando o festival Kattikā foi proclamado em Sāvatthi, toda a cidade entregou-se às festas. Seus companheiros, filhos de outros homens ricos, tinham todos esposas, mas o filho do Tesoureiro tinha vivido tanto no Reino de Brahma que havia se purgado da paixão. Seus companheiros planejaram conseguir para ele também uma paixão e fizeram que ficasse na festa com eles. Então indo até ele disseram, “Querido amigo, estamos na grande festa de Kattikā. Podemos arranjar uma esposa apaixonada para você também , e festejarmos juntos ?” Por fim seus amigos conseguiram uma garota charmosa e a enfeitaram e a deixaram na casa dele, indicando o caminho para o quarto dele. Mas quando ela entrou no quarto não conseguiu nem um olhar nem uma palavra do jovem mercador. Provocada com esta desfeita a sua beleza, ela expôs toda sua graça e carinho feminino, sorrindo enquanto mostrava seus belos dentes. A visão dos dentes dela, sugeriu ossos, e sua mente encheu-se da ideia de ossos até que todo o corpo da garota parecia à ele nada além de uma cadeia de ossos. Então ele deu a ela dinheiro e a mandou ir embora. Mas quando ela saía da casa um nobre a viu na rua e deu a ela um presente para acompanhá-lo até a casa dele.

No final de sete dias o festival estava terminado e a mãe da garota, vendo que sua filha não voltava, dirigiu-se aos companheiros do jovem mercador e perguntou onde ela estava, e eles então perguntaram ao jovem mercador. E ele disse que tinha pago ela e a enviado agasalhada logo que a viu.

A mãe da menina insistiu então em ter sua filha de volta, e trouxe o jovem para diante do rei, que passou a examinar o assunto. Em resposta às questões do rei, o jovem admitiu que a garota tinha passado por ele mas que não sabia onde ela estava nem como apresentá-la. O rei então disse, “Se ele não apresentar a garota, mate-o.” O jovem então foi aprisionado com as mãos amarradas às costas para ser executado, e toda a cidade se levantou com o alvoroço da notícia. Com mãos postas aos seios o povo seguia-o com lamentos, dizendo, “O quê significa isto, senhor? Sofres injustamente.”

Pensou o jovem então, “Todo este sofrimento acontece comigo porque vivo vida laica. Se puder escapar deste perigo, desistirei do mundo e me juntarei à Irmandade do grande Gautama, O Todo-Iluminado.”

Bem, a garota escutou o alvoroço e perguntou o quê era aquilo. Entendendo, correu rapidamente para fora, gritando, “Afastem-se senhores! Deixem-me passar! Que os homens do rei me vejam.” Logo que ela assim mostrou-se, foi devolvida à mãe pelos homens do rei, que libertaram o jovem e seguiram seu caminho.

Cercado por seus amigos, o filho do Tesoureiro desceu ao rio e se banhou. Voltando para casa, tomou café e comunicou aos pais a decisão de largar o mundo. Pegando pano para seu hábito de asceta, e sendo seguido de grande multidão, buscou o Mestre e com devida saudação pediu para ser admitido à Irmandade. Primeiro como noviço, e depois como pleno Irmão, ele meditava na ideia de Laço até ganhar Insight e não muito depois ganhou Arahat(idade).

Bem, um dia no Salão da Verdade os Irmãos reunidos falavam da virtude dele, lembrando como na hora do perigo ele reconheceu a excelência da Verdade e sabiamente resolveu desistir do mundo pelo bem dela, ganhando o mais alto fruto que é a Arahat(idade). E enquanto conversavam, o Mestre entrou, e com a pergunta dele, foi comunicado qual era o tema da conversa. E aí ele declarou que, como o filho do grande Tesoureiro, sábio em tempos anteriores, lembrando-se na hora do perigo, escapou da morte. Assim falando, ele contou esta história do passado.

--------------------------

Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva numa mudança de existência nasceu Codorna. Bem, naqueles dias havia um apanhador de codorna que costumava apanhar vários destes pássaros na floresta e levá-los para casa para engordá-los. Quando estavam gordos, usava vendê-los ao povo e disso vivia. E um dia ele apanhou o Bodhisatva e o trouxe para casa com numerosas outras codornas. Pensou o Bodhisatva consigo mesmo, “Se eu comer e beber o quê ele me oferece, serei vendido ; enquanto se não comer, ficarei tão magro que as pessoas notarão e não vão me querer, resultando que me salvarei. Isto então é o quê devo fazer.” Assim ele jejuou e jejuou até ficar tão magro que não era nada além de pele e ossos e ninguém iria querê-lo por nenhum preço.

Tendo vendido todos os outros pássaros exceto o Bodhisatva, o apanhador de pássaros tirou o Bodhisatva da gaiola e o colocou na palma da mão para ver o que doença atingia o pássaro. Olhando quando o homem estava fora de guarda, o Bodhisatva abriu as asas e voou para a floresta. Vendo-o retornar, as outras codornas perguntaram o que acontecera com ele por todo aquele tempo e aonde ele esteve. Ele então contou a eles que havia sido pego por um caçador, e, sendo questionado em como escapou, respondeu, que foi com um artifício que pensara, qual seja, não comer da comida nem da bebida que o caçador dava. Assim falando, pronunciou esta estrofe:-

A pessoa sem pensamentos não colhe frutos. - Mas veja
O Pensar frutifica-se em mim, livre dos laços e da morte.

Desta maneira o Bodhisatva falou sobre o quê tinha feito.

-------------------------

Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jātaka dizendo, “Eu era a codorna que escapou da morte naqueles dias.”





Nenhum comentário: