segunda-feira, 5 de maio de 2008

97 Buddha Professor em Taxila


97
Vendo Vivaz morto...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um Irmão que pensava que a sorte tinha a ver com nomes. Pois escutamos que um jovem de boa família, chamado ‘Vil,’ entregou o coração para a Fé, e uniu-se à Irmandade. E os Irmãos acostumaram a chamá-lo assim, “Ei, Irmão Vil !” e “Aqui, Irmão Vil,” até que ele resolveu que, como ‘Vil’ dava a ideia de maldade encarnada e má-sorte, ele trocaria seu nome para um de melhor agouro. De acordo com isto pediu a seus professores e preceptores que lhe dessem um novo nome. Mas eles disseram que um nome só serve para denominar, e não para imputar qualidades ; e disseram a ele que se conformasse com o nome que tinha.

 De tempos em tempos ele refazia o pedido, até que toda a Irmandade soube da importância que ele dava a um mero nome. E enquanto sentados discutiam o assunto no Salão da Verdade, o Mestre entrou e perguntou sobre o quê falavam. Escutando, ele disse, “Esta não é a primeira vez que este Irmão acredita que a sorte advém pelos nomes; ele era insatisfeito igualmente com o nome que carregava em uma época anterior.” Assim falando ele contou esta história do passado.

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Certa vez o Bodhisatva era um professor de fama mundial em Takkasilā ( Taxila ) e quinhentos jovens brahmins aprenderam os Vedas de seus lábios. Um deste jovens chamava-se Vil. E de tanto ouvir os companheiros dizerem, “Venha, Vil” e “Vá, Vil,” ele passou a desejar livrar-se do seu nome e arranjar um que tivesse menos mau agouro envolvido nele.

 Assim, foi até seu mestre e pediu que pudesse lhe ser dado um novo nome de caráter mais respeitável. Disse o mestre, “Vá, meu filho, e viaje através do país até encontrares um nome que gostes. Então volte e trocarei seu nome para você.”

O jovem fez como ordenado, e pegando provisões para a viagem, vagou de vila em vila até chegar numa certa cidade. Nela um homem chamado Vivaz havia morrido e o jovem brahmin vendo-o ser carregado para o cemitério perguntou qual era o nome dele.
Vivaz,” foi a resposta. “O quê ? Como pode Vivaz estar morto ?” “Sim, Vivaz está morto ; ambos Vivaz e Mortinho morrem do mesmo jeito. Um nome só serve para marcar quem é quem. Você parece doido.”

Escutando isto ele entrou na cidade, sem se sentir insatisfeito nem satisfeito com seu nome mesmo.

Bem, uma empregada-escrava foi atirada para fora pela porta de uma casa, enquanto seu patrão e sua patroa batiam nela com chicotes porque ela não trouxera seus ganhos para casa. E o nome da garota era Rica. Vendo baterem na garota, enquanto descia a rua, ele perguntou a razão, e teve como resposta que era porque ela não apresentou ganhos.
E qual o nome da garota ?”
Rica,” eles disseram. “E não consegue Rica fazer um reles dia de pagamento ?” “Chame-se ela Rica ou Pobre, o dinheiro não está vindo mais. Um nome só serve para indicar quem é quem. Você parece doido.”

Mais reconciliado com seu próprio nome, o jovem brahmin deixou a cidade e na estrada encontrou um homem que perdeu seu caminho. Tendo entendido que ele perdeu seu caminho, o jovem brahmin perguntou qual era o nome dele. “Guia,” foi a resposta. “E pode Guia perder seu caminho ?” “Guiado ou Desviado, pode-se perder o caminho do mesmo jeito. Um nome só serve para indicar quem é quem. Você parece doido.”

Bem reconciliado agora com seu nome, o jovem brahmin voltou para seu mestre.
Bem, que nome você escolheu ?” perguntou o Bodhisatva. “Mestre,” ele disse, “vi a morte chegando para ‘Vivaz’ e ‘Mortinho’ igualmente, que ‘Rica’ e ‘Pobre’ podem ser pobres juntas, e que ‘Guia’ e ‘Desviado’ perdem o caminho do mesmo jeito. Agora sei que um nome só serve para dizer quem é quem, e que não governa o destino de seu dono. Então estou satisfeito com meu nome, e não quero mais trocá-lo por outro.”

Daí o Bodhisatva pronunciou esta estrofe, combinando o quê o jovem brahmin fizera com os sinais que vira:-

Vendo Vivaz morto, Guia perdido, Rica pobre,
Vil aprendeu contentamento não viajando mais.

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Esta história contada, o Mestre disse “Então vocês vejam, Irmãos, que em dias anteriores como agora este Irmão imaginava que havia muita importância no nome.” E ele identificou o Jātaka dizendo, “Este Irmão que estava descontente com seu nome era o jovem brahmin descontente daqueles dias; os discípulos do Buddha eram os pupilos; e eu mesmo o mestre deles.”




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