terça-feira, 13 de maio de 2008

105 Buddha Espírito d'Árvore


105
Temes o vento...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um Irmão que vivia em perpétuo estado de alarme nervoso. Sabemos que veio de uma boa família de Sāvatthi e foi levado a desistir do mundo, escutando a Verdade pregada, e que estava sempre temendo pela vida de dia e de noite. O zunido do vento, o sussurro do leque, ou grito de pássaro e besta inspiravam nele tal abjeção terrível que ele rejeitava e gritava. Nunca refletia que era certo a morte vir a ele ; ao invés, se houvesse praticado a meditação da certeza da morte, ele não a temeria. Pois só aqueles que assim não meditam, temem morte. Bem, seu medo constante de morrer ficou conhecido na Irmandade, e um dia em encontro no Salão da Verdade passaram a discutir o temor dele e a necessidade de todo Irmão tomar a morte como tema de meditação. Entrando no Salão, o Mestre perguntou, e escutou, sobre o quê discutiam. Então mandou chamar aquele Irmão e perguntou a ele se era verdade que vivia com medo da morte. O Irmão confessou que sim. “Não fiquem irados, Irmãos,” disse o Mestre, “com este Irmão. O temor da morte que enche o peito dele agora não era menos forte em dias idos.” Assim falando contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era um Espírito de Árvore perto dos Himālaias. E naqueles dias o rei colocou seu elefante de estado nas mãos dos hatthi-bandas, os treinadores de elefantes, para aprender a permanecer firme. E amarraram o animal apertado num poste, e com chicotes nas mãos começaram a treinar o animal. 

Incapaz de suportar a dor enquanto era obrigado a obedecer as ordens deles, o elefante quebrou o poste, fez os treinadores fugirem e escapou para os Himālaias. E as pessoas, incapazes de pegá-lo, voltaram de mãos vazias. O elefante viveu nos Himālaias em constante medo da morte. Um sopro de brisa era suficiente para enchê-lo de medo e para fazê-lo correr a toda velocidade, sacudindo seu tronco para cá e para lá. E era para ele como se ainda estivesse amarrado ao poste para ser treinado. Toda felicidade da mente e do corpo tendo-se ido, ele vagava para baixo e para cima em temor constante. Vendo isto, o Espírito da Árvore elevou-se na forquilha de sua árvore e pronunciou esta estrofe:-

Temes o vento que incessante
aos galhos ordinários lança em todos os sentidos?
Tal temor te desgastará todo!

Tais foram as palavras agradáveis do Espírito da Árvore. E a partir daí o elefante não ficou mais com medo.

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Sua lição terminada, o Mestre ensinou as Quatro Verdades (no final das quais o Irmão entrou nos Caminhos), e identificou o Jātaka dizendo, “Este Irmão era o elefante daqueles dias e eu o Espírito da Árvore.”



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