segunda-feira, 22 de setembro de 2008

194 Anurudha Sakra


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                     ( Veluvana, o Bosque de Bambu, Índia )

194
Não há deuses aqui...etc.” - Esta história o Mestre contou durante sua estadia em Veluvana, de como Devadatra tentou matá-lo. Escutando que Devadatra planejava matá-lo, ele disse, “Irmãos, esta não é a única vez que Devadatra tenta matar-me ; ele tentou fazer o mesmo antes, e falhou.” Então ele contou a eles esta história.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como filho de um proprietário que vivia numa vila não longe da cidade.

Quando cresceu em anos, escolheram uma jovem senhora de família de Benares ( Varanasi ) para casar com ele. Ela era uma jovem bela e amável, linda como uma ninfa divina, graciosa como uma trepadeira envolvente, arrebatadora como uma sílfide. Seu nome era Sujātā ; ela era leal, virtuosa e zelosa. Cumpria sempre adequadamente seu dever para com seu senhor e seus pais. Esta garota era muita querida e preciosa ao Bodhisatva. Então eles dois moravam juntos em alegria, em unidade, e mente una.

Um dia Sujata disse a seu marido, “Tenho desejo de ver minha mãe e meu pai.”
Muito bem, minha esposa,” respondeu ele ; “apronte comida suficiente para a jornada.” Ele fez com que se cozinhasse comida de todos os tipos, e colocou as provisões numa carroça ; já que ele dirigia o veículo, ele sentou na frente e sua esposa atrás. Para Benares foram ; e já lá desatrelaram a carroça, se lavaram e comeram. O Bodhisatva atrelou então novamente os bois e sentou na frente ; e Sujata, que trocara de roupa e adornara-se, sentou atrás.

Enquanto a carroça entrava na cidade, o rei de Benares aconteceu de estar fazendo o circuito solene ao redor do lugar montado nas costas de um esplêndido elefante ; e ele passava naquele lugar. O rei a viu : a beleza dela atraiu tanto os olhares dele que ele ficou apaixonado por ela. Chamou um dos do seu séqüito. “Vá,” disse ele, “e descubra se aquela mulher lá tem marido ou não.” O homem fez como pedido e voltou para falar com o rei. “Ela tem marido, me disseram,” disse ele ; “você vê aquele homem sentado no carro lá ? É o marido dela.”

O rei não pode abafar a paixão e o pecado entrou na mente dele. “Encontrarei um jeito de me livrar deste sujeito,” ele pensou, “e então pegarei a esposa para mim.” Chamando um homem, disse, “Aqui, meu bom companheiro, pegue este elmo em jóias e finja que está descendo a rua. Enquanto desces, jogue isto na carroça daquele homem lá.” Assim falando, deu a ele o elmo em jóias e o despachou. O sujeito pegou e foi ; e enquanto passava pela carroça, jogou dentro dela ; então voltou e relatou ao rei tudo que fizera.

Perdi um elmo em jóias !” gritava o rei : todo o lugar ficou em alvoroço.

Fechem todas as portas !” deu a ordem o rei : “cortem as saídas ! Cacem o ladrão !” Os seguidores do rei obedeceram. A cidade ficou em grande confusão ! O outro homem, levando mais alguns com ele, foi até o Bodhisatva, gritando - “Alto! Pare seu carro ! O rei perdeu um elmo em jóias ; devemos vasculhar seu carro !” E começou a busca, até que encontrou a joia que ele mesmo lá colocara. “Ladrão !” ele gritou, segurando o Bodhisatva ; bateram nele e chutaram ele ; então amarrando os braços dele nas costas o carregaram para diante do rei, gritando - “Veja o ladrão que roubou sua joia !” “Cortem a cabeça dele !” foi a ordem do rei. Eles o açoitaram com chicotes e o atormentaram em cada esquina de rua , e o atiraram para fora da cidade pelo portão sul.

Bem, Sujata deixara a carroça e esticando os braços corria atrás dele, chorando enquanto ia - “Oh meu marido, fui eu que te trouxe este lastimável sofrimento !” Os empregados do rei atiraram o Bodhisatva de costas, com a intenção de cortar a cabeça dele. Quando ela viu isto, Sujata pensou em sua própria bondade e virtude, refletindo então consigo mesma ; “Suponho que não haja espírito nenhum forte o suficiente para parar a mão cruel e má dos homens, que causam dano ao virtuoso” ; e gemendo e chorando ela repetiu a primeira estrofe:-

Não há deuses aqui : eles devem estar longe;
Não há deuses que controlem todo o mundo:
Agora os homens selvagens e violentos podem fazer o que querem,
Pois aqui não há ninguém que possa lhes dizer não.

Enquanto esta virtuosa mulher assim se lamentava, o trono de Sakra / Indra, rei dos Deuses, ficou quente, quando ele sentou. “Quem é este que me faria cair da divindade ?” pensou Sakra. Então ele se deu conta do que acontecia. “O rei de Benares,” ele pensou, “está fazendo um gesto cruel. Ele está fazendo a virtuosa Sujātā sofrer ; devo ir lá agora !”

 Então descendo do mundo dos deuses, com seu próprio poder retirou o rei mau do elefante que dirigia e o colocou de costas no lugar da execução e ao Bodhisatva ele levou, colocando nele todos os ornamentos e fazendo com que a veste real fosse nele vestida e o colocando nas costas do elefante. Os empregados levantaram o machado e cortaram a cabeça fora – mas era a cabeça do rei ; e quando já estava fora é que entenderam que era a cabeça do rei.

Sakra assumiu corpo visível e veio para diante do Bodhisatva e o consagrou rei ; e fez que a rainha principal fosse Sujata. E quando os cortesãos, os brahmins e os proprietários e o resto, viram Sakra, rei dos deuses, eles se alegraram dizendo, “O rei injusto está morto ! Agora recebemos das mãos de Sakra um rei que é reto !” E Sakra ficou pousado no meio do ar e declarou , “Este seu rei reto de agora em diante legislará em retidão. Se um rei é injusto, Deus manda chuva fora de estação e na estação ele não manda chuva nenhuma : e medo de fome, medo de peste, medo de espada – estes três medos [ n. do tr.: cavaleiros do Apocalipse ] surgem diante das pessoas por causa dele.” Assim ele os instruía e falou a segunda estrofe:-

Para ele nenhuma chuva chove no tempo da chuva
Mas fora da estação chove e chove muito.
Um rei desceu do céu para a terra.
Contemplem a razão porque este homem foi morto.

Assim Sakra advertiu um grande multidão de gente e daí seguiu direto para seu domicílio celeste. E o Bodhisatva reinou com retidão e depois foi completar as hostes do céu.

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O Mestre, tendo terminado este discurso, assim identificou o Jataka:- “Neste tempo Devadatra era o rei mau ; Anurudha era Sakra ; Sujata era a mãe de Rahula ; e o rei por dom de Sakra era eu mesmo.”





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