segunda-feira, 15 de setembro de 2008

190 Caminhando sobre as águas


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Contemple o fruto do sacrifício...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana, sobre um leigo crente. Este era fiel, alma pia, e discípulo eleito. Uma noite, no seu caminho para Jetavana, chegou às margens do Aciravati, quando os pescadores que fazem a travessia, haviam puxado o barco p'r'areia de modo a atenderem algum chamado ; como nenhum barco podia ser visto no cais de atracação e a mente de nosso amigo estava cheia de bons pensamentos sobre o Buddha, ele entrou andando no rio. Seus pés não afundaram n'água. Ele chegou até o meio do rio andando como se estivesse em chão seco ; lá contudo notou as ondas. Seu ênstase então cedeu e seus pés começaram a afundar. Apruma-se novamente em alta tensão e anda por cima d'água. Assim chega em Jetavana, saúda o Mestre, e toma assento em um dos lados. O Mestre começa uma agradável conversa. “Creio, leigo bom,” disse ele, “que não tiveste percalço no caminho.” “Oh, Senhor,” ele respondeu, “no meu caminho estava tão absorvido em pensamentos do Buddha que coloquei o pé no rio ; e andei sobre ele como se fosse chão seco !” “Ah, amigo leigo,” disse o Mestre, “não és o único que se salvou, relembrando as virtudes do Buddha. Em dias idos leigos pios naufragaram no meio do oceano e salvaram-se relembrando as virtudes do Buddha.” Então, ao pedido do homem, ele contou esta história do mundo antigo.

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Certa vez, nos dias em que Kasyapa era o Supremo Buddha, um discípulo, que entrara nos Caminhos, comprou passagem à bordo de um navio em companhia de um barbeiro de posses consideráveis. A esposa do barbeiro encarregou-o ao nosso amigo, para protegê-lo, do melhor e do pior.

Uma semana depois o navio afunda no meio do oceano. Estas duas pessoas agarradas em uma mesma tábua foram jogadas em uma ilha. Lá o barbeiro matou alguns pássaros e os cozinhou, oferecendo uma parte da sua refeição ao irmão leigo. “Não, obrigado,” disse ele, “tenho suficiência.” Ele pensava consigo mesmo, “Neste lugar não há ajuda exceto nas Três Jóias [Buddha, Dharma, Sangha],” e assim ponderava sobre as bençãos das Três Jóias.

 Enquanto ponderava e ponderava, um rei-Serpente que nascera naquela ilha, transformou seu próprio corpo para a forma de um grande barco. O barco estava cheio dos sete tipos de coisas preciosas. Um Espírito do Mar era o guia, no leme. Os três mastros eram feitos de safira, a âncora de ouro, as cordas de prata e as pranchas, tábuas douradas.

O Espírito do Mar gritava em pé na prancha -: “Passageiros para a Índia?”. O leigo disse, “Sim, lá que nos penhoramos.” “Entrem então – a bordo com vocês !” Ele subiu e queria trazer seu amigo o barbeiro. “Você pode vir,” disse o guia do leme, “mas, ele não.” “Por quê não ?” “Ele não é pessoa de vida santa, daí porquê,” disse o outro; “Eu trouxe este barco para você, não para ele.” “Muito bem :- os dons que dei, as virtudes que pratiquei, os poderes que desenvolvi – dou a ele os frutos deles todos !” “Eu te agradeço, mestre !” disse o barbeiro. “Agora,” disse o Espírito do Mar, “Posso aceitá-lo à bordo.” Então, transportou ambos através dos mares e navegou por cima das correntes para Benares ( Varanasi ). Lá, com seu poder, ele cria um estoque de riquezas para ambos e depois fala assim para eles :

Guardem a companhia com o sábio e bom. Se este barbeiro não tivesse mantido a companhia deste pio leigo, teria perecido no meio das profundezas.” Então pronunciou estes versos em louvor à boa companhia:-

Contemple o fruto do sacrifício, da virtude e da piedade:
Uma serpente em forma de barco transporta pelo mar a pessoa boa.
Faça amizade só com o bem, e mantenha boa companhia;
Amigo do bem, este Barbeiro pôde ver a salvo sua casa.

Assim pregou o Espírito do Mar pousado no meio do ar. Finalmente foi para sua própria morada, levando o rei-Serpente junto consigo.

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O Mestre após terminar este discurso, declarou as Verdades e identificou o Jataka:- na conclusão das Verdades o leigo pio entrou no Fruto do Segundo Caminho: - “Naquela ocasião o irmão leigo converso, atingiu Nirvana ; Sariputra era o rei-Serpente e o Espírito do mar era eu mesmo.”



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