quinta-feira, 4 de setembro de 2008

182 Nanda Elefante


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                    Escultura de Mamalapuram / MahaBalipuram, Índia

182
Ó Elefante, tu um herói...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana, sobre Ancião Nanda.

O Mestre, no seu primeiro retorno a cidade de Kapila, recebeu na Comunidade, Príncipe Nanda, seu irmão mais novo e voltaram para Savatthi e ficaram lá. Agora Padre Nanda, lembrava como deixou sua casa e depois tomou a Tigela, na companhia do Mestre, e como Janapadakalyani olhava da janela, com seu cabelo meio escovado e dizendo -”Por quê, Príncipe Nanda sai com o Mestre ? - Volte logo, caro senhor !” - lembrando isto, eu dizia, ficou desanimado abatido e deprimido, amarelando e amarelando, e as veias saltaram para fora da pele.

Quando o Mestre se deu conta disto, pensou, “E se eu colocasse Nanda em santidade !” Seguiu para a cela de Nanda e sentou no assento que lhe era oferecido. “Bem, Nanda,” ele perguntou, “estás contente com nossos ensinamentos ?” “Senhor,” respondeu Nanda, “estou apaixonado por Janapadakalyani e não estou contente.” “Já estiveste em peregrinação no Himalaia, Nanda ?” “Não Senhor, não ainda.” “Então iremos.” “Mas, Senhor, não tenho poder taumatúrgico ; como irei ?” “Vou te levar Nanda.” Assim falando, o Mestre o levou pela mão e assim foram pelos ares.

No caminho passaram por cima de um campo queimado, terra gasta. Lá, no topo de uma árvore carbonizada, com rabo e nariz chamuscados, cabelos escorchados, vestindo cinzas, nada além da pele, toda coberta de sangue, sentada estava uma macaca. “Vês aquela macaca, Nanda ?” o Mestre perguntou. “Sim, Senhor.” “Olhe bem para ela,” disse ele. Depois ele apontou, estendendo-se por sessenta léguas, os planaltos de Manosilā, os sete grande lagos, Anotatta e o resto, os cinco grandes rios, todo o altiplano dos Himalaias com as magníficas montanhas chamadas Dourada, Prateada, de Gemas e centenas de outros lugares amáveis. Depois perguntou, “Nanda, alguma vez já viste a morada dos Trinta e Três Arcanjos ?” “Não, Senhor, nunca,” foi a resposta. “Vamos, Nanda,” disse ele, “e te mostrarei a morada dos Trinta e Três.” Com isto o levou até o Trono Amarelo ( o trono de Sakra / Indra ) e o fez lá sentar. Sakra, rei dos deuses em céus duplos, veio com sua hoste de deuses, saudando e sentando em um lado. Suas ajudantes que somavam vinte e cinco milhões e quinhentas ninfas com pés de pombas, vieram e saudaram, e sentaram de um lado. O Mestre fez Nanda olhar para estas quinhentas ninfas novamente e bastante, com desejo mesmo delas. “Nanda,” falou ele, “vês estas ninfas com pés de pombas ?” “Sim, Senhor.” “Bem, quem é mais bela - elas ou Janapadakalyani ?” “Oh, Senhor ! Como a macaca infeliz está para Janapadakalyani, proporcionalmente ela está para estas !” “Bem, Nanda, o quê farás ?” “Como é possível, Senhor, ganhar estas ninfas ?” “Vivendo como asceta, Senhor,” disse o Mestre, “pode-se ganhar estas ninfas.” O rapaz falou, “Se o Abençoado empenha sua palavra de que vida ascética faz ganhar estas ninfas, vida ascética eu vou levar.” “Concordo, Nanda, empenho minha palavra.” “Bem, Senhor,” disse ele, “não façamos deste negócio algo longo. Vamos e eu me tornarei um asceta.”

O Mestre o trouxe de volta à Jetavana. O Ancião começa a seguir vida ascética. O Mestre conta a Sariputra, o capitão da Fé, como seu irmão mais novo o fez empenhar a palavra no meio dos deuses celestes no céu dos Trinta e Três sobre as ninfas. Do mesmo jeito contou a história para Ancião Maha Moggallana, ao ancião Maha Kassapa, ao Ancião Anurudha, ao Ancião Ananda, o Tesoureiro da Fé, ao todo oitenta grandes discípulos; e então, um após outro, contou aos outros Irmãos. O Capitão da Fé, Ancião Sariputra, perguntou ao Ancião Nanda, “É vero, como escutei, amigo, que fizeste o Buddha empenhar a palavra de que tu ganharias ninfas dos deuses no céu dos Trinta e Três, passando a vida como asceta ? Então,” ele continuou, “não está tua vida santa toda dedicada ao mulherio e as luxúrias ? Se vives casto apenas por causa das mulheres, qual a diferença entre você e um trabalhador que trabalha por salário ?” Esta fala temperou todo o fogo dele e o fez sentir vergonha de si mesmo. Do mesmo modo todos os oitenta discípulos chefes, e todo o resto dos Irmãos, fizeram este valoroso padre se envergonhar. “Tenho estado errado,” pensou ele ; com toda vergonha e remorso, ele tomou coragem e passa a trabalhar para desenvolver seu insight espiritual. Logo atinge santidade. Veio ao Mestre e disse, “Senhor, eu liberto o Abençoado da sua promessa.” O Mestre falou, “Se atingiste santidade, Nanda, estou portanto livre da minha promessa.”

Quando os Irmãos escutaram isto, começaram a conversar sobre no Salão da Verdade. “Como é dócil aquele Ancião Nanda lá, com certeza ! Pois, amigo, uma palavra de conselho despertou seu senso de vergonha ; e logo começou a viver como asceta e agora é Santo !” O Mestre entrou, e perguntou sobre o que falavam. Disseram a ele. “Irmãos,” ele falou, “Nanda foi dócil antes justo como é dócil agora;” e contou a eles uma história.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como um filho de treinador de elefantes. Quando cresceu, foi ensinado a ele com cuidado tudo o que pertence ao treinamento de elefantes. Ele estava ao serviço de um rei que era um inimigo do rei de Benares. Ele treinou o elefante de estado do rei até a perfeição.

O rei decide capturar Benares. Subindo no seu elefante de estado, conduziu uma grande hoste contra Benares e levantou cerco a ela. Então enviou carta ao rei da cidade: “Lute, ou se renda !” O rei escolheu lutar. Muros e portões, torres e ameias, a tudo guarneceu com grande hoste e desafiou o inimigo.

O rei hostil armado no seu elefante de estado, e vestido com armadura, pegou um chicote pesado na mão e direcionou seu animal para as guardas da cidade ; “Agora,” ele disse, “cairei como uma tempestade nesta cidade e matarei meu inimigo, e seus domínios cairão em minhas mãos !” Mas ao avistar os defensores, que jogavam lama fervendo e pedras de suas catapultas, e todos os tipos de mísseis, o elefante assustou-se para além do seu controle e não se aproximava do lugar. Com isto veio correndo o treinador, gritando, “Filho, um herói como você sente-se em casa no campo de batalha ! Em tal lugar é desgraça virar as costas !” E para encorajar o elefante, falou estes dois versos :

Ó elefante, um herói como tu, cuja casa está no campo (de batalha) :
Lá estão os portões diante de ti agora : por quê viras e foges ?

Apressa-te ! Quebre a barra de ferro e coloque abaixo os pilares !
Choque-se contra as portas, fixe-se na guerra e entres na cidade !

O Elefante escutou ; uma palavra de conselho era o suficiente para recolher-se. Serpenteando a tromba ao redor dos coruchéus dos pilares, os arrancou como se fossem moita de cogumelos : bateu-se contra os portões, quebrou as barras e forçando caminho entrou na cidade e a ganhou para seu rei.

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Quando o Mestre terminou este discurso, identificou o Jataka:- “Naqueles dias Nanda era o elefante, Ananda era o rei e o treinador era eu mesmo.”




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