sexta-feira, 5 de setembro de 2008

183 Buddha e os pagens


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( Pintura de teto de Ajanta, vihara buddhista construída por Arhat Acharya, Índia )

183
Um gole miserável...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana, sobre quinhentas pessoas que comiam resto de comida.

Em Savatthi, aprendemos, haviam quinhentas pessoas que largaram a pedra de tropeço da vida mundana a seus filhos e filhas e passaram a viver unidos escutando a pregação do Mestre. Destes, alguns estavam no Primeiro Caminho, alguns no Segundo, alguns no Terceiro : mas nenhum ainda abraçara a salvação. Aqueles que convidaram o Mestre convidaram a estes também. Mas estes tinham quinhentos pagens a servi-los, para trazer escova de dentes, água de lavar a boca, guirlandas de flores ; estes rapazes usavam comer os restos de comida deles. Após sua refeição e descanso costumavam correr até o Aciravati e às margens do rio brigavam como verdadeiros Mallians (tribo de lutadores profissionais), gritando todo tempo. Mas os quinhentos irmãos leigos eram quietos, faziam muito pouco barulho, curtindo, cortejando, solitude, soledad.

Aconteceu do Mestre escutar os pagens gritando. “Que barulho é este Ananda ?” ele perguntou. “Os pagens que comem os restos da comida,” foi a resposta. O Mestre disse : “Ananda, esta não é a única vez que estes pagens alimentam-se de restos de comida e fazem um grande barulho com isto ; eles usavam fazer o mesmo em dias idos ; e então também estes irmãos leigos eram tão quietos quanto são agora.” Assim falando, ao pedido dele, o Mestre contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como o filho de um dos seus cortesãos e tornou-se conselheiro do rei em todas as coisas temporais e espirituais. Veio a mensagem ao rei de uma revolta na fronteira. O rei ordena que sejam aprontados quinhentos cavalos de batalha e um exército completo em suas quatro partes ( elefantes, cavalaria, carros e infantaria ). Com estes partiu e acalmou o levante, após o quê voltou a Benares.

Quando chega em casa, dá uma ordem, “Como os cavalos estão cansados, que eles tomem um pouco de suco como alimento, mosto de uva para beber.” Os corcéis beberam este suco delicioso e então se retiraram aos estábulos e ficaram quietos cada qual em sua baia.

Mas havia uma massa de restos, com quase todo o sumo espremido dele. Os guardadores perguntaram ao rei o quê fazer com aquilo. “Misture tudo com água,” foi a ordem, “coe numa toalha e dê aos burros que carregam a forragem dos cavalos.” Este resto de bebida os burros beberam. Enlouquecendo-os, galopam pelo jardim zurrando alto.

De uma janela aberta o rei viu o Bodhisatva e o chamou. “Olha lá ! Como estão doidos os burros só com aqueles restos ! Como zurram e saltam ! Mas os puro-sangues que beberam a bebida forte, não fazem um barulho ; estão inteiramente quietos e nem se mexem. Qual o significado disto ?” e falou a primeira estrofe :-

Um gole miserável deste, com o de bom já bebido,
Levam estes jumentos em bêbada debandada :
Os corcéis que beberam o mosto
Stand silent, não pulam nem saltam por aí.
E o Bodhisatva explicou o assunto na segunda estrofe :-
O rústico, camponês, apesar de apenas testar e provar
Logo fica bêbado e brincalhão :
O gentil mantém a cabeça concentrada
Mesmo que beba até secar a bebida mais forte.

Quando o rei escutou a resposta do Bodhisatva, fez com que retirassem os burros do jardim. Então, conformando-se aos conselhos do Bodhisatva, ele fez ofertas e obras boas até que passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Quando este discurso estava terminado, o Mestre identificou o Jataka como segue :- “Naquele tempo os pagens eram os quinhentos jumentos, estes irmãos leigos eram os quinhentos puro-sangues, Ananda era o rei e o sábio conselheiro era eu mesmo.”




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