segunda-feira, 29 de junho de 2009

320 Ele poderia dar...etc.



320
“Ele poderia dar...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana com relação a um casal de fazendeiros. De acordo com a história eles foram a uma vila para resgatar uma dívida, e tomando um carro em satisfação do que lhes era devido, depositam na casa de uma certa família, pretendendo pegar depois. Enquanto na estrada para Savatthi viram uma montanha. A esposa pergunta ao marido,”Suponha que esta montanha se tornar-se toda de ouro, você me daria um pouco dele?”. Ele respondeu: “Quem é você?” “Não te daria nem um pedaço.” Ela chora dizendo: ”Ele é uma pessoa de coração duro. Apesar da montanha ser toda de ouro não me daria nem um pedaço.” E ela ficou muito triste.
Quando aproximaram-se de Jetavana, sentindo sede, entraram no monastério e tomaram um pouco d’água. Àurora, o Mestre vendo neles a capacidade de Salvação, sentou-se na cela de sua Câmara Perfumada, esperando chegarem e emitindo os seis raios coloridos de Buddhidade. E depois de aplacarem a sede, vieram até o Mestre, e o saudando com respeito, sentaram a seu lado. O Mestre, após saudações gentis usuais, pergunta a eles onde estiveram. “Estávamos, Reverendo Senhor, reivindicando uma dívida.” “Irmã Leiga,” disse, “espero que teu marido esteja ansioso pelo teu bem e pronto para te fazer uma gentileza.” “Reverendo Senhor,” ela respondeu, “eu amo ele mas ele não me ama. Ho-je quando fiz um pedido a ele, tendo contemplado uma montanha, 'Suponha que ela fosse de ouro puro, você me daria um pouco ?' ele respondeu, 'Quem és tu ? Não te daria nem uma pedaço.' De tão sem coração que é.” “Irmã Leiga,” disse o Mestre, “é jeito de falar. Quando contudo ele lembra das tuas virtudes, está pronto a te entregar o senhorio de tudo.” “Fale-nos sobre isto, Vossa Reverência,” eles gritaram, e ao seu pedido ele relatou esta lenda do passado.
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Certa vez quando Brahmdatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era seu ministro, prestando-lhe todo tipo de serviço. Um dia o rei viu seu filho, que atuava como vice-rei, vindo lhe prestar reverência. Ele pensou consigo mesmo, “Este sujeito pode me fazer mal, se tiver uma oportunidade.” Então mandou chamá-lo e disse, “Enquanto eu viver não poderás morar nesta cidade. Viva em algum outro lugar e com a minha morte mantenha a legislação no reino.” Ele concordou com estas condições e dando adeus a seu pai, partiu de Benares com sua esposa principal. Chegando numa vila da fronteira, construiu para si uma cabana de folhas na floresta e lá permanecendo, tinha como suporte de vida, raízes e frutos. Logo logo o rei morreu. O jovem vice-rei, a partir de suas observações das estrelas, soube da morte do pai, e enquanto viajava para Benares, apareceu diante de seus olhos uma montanha. Sua esposa disse a ele, “Suponha, Senhor, que aquela montanha lá fosse de puro ouro, me darias um pouco dele ?” “Quem és tu ?” ele gritou, “Não te daria nem um átomo.” Ela pensou: “Por amor a ele entrei nesta floresta, sem coragem de abandoná-lo, e ele fala deste jeito comigo. Ele é muito sem coração e tornando-se rei, que bem me fará ?” E ela ficou triste de coração.
Alcançando Benares ele foi estabelecido no trono e elevou-a a dignidade de rainha principal. Ele meramente deu a ela um título de rank, posto, não prestaando respeito ou honra além desta, e nem mesmo reconhecendo sua existência. Pensou o Bodhisatva, “Esta rainha foi companheira do rei, descontando as dores, e morando com ele na floresta selvagem. Ele, contudo, não se dando conta disto, segue, tendo prazeres com outras mulheres. Mas farei com que ela receba o senhorio de tudo.” E com este pensamento ele foi um dia saudá-la e disse, “Senhora, não recebemos de ti nem mesmo um pouco de arroz. Por quê és tão sem coração e nos neglige assim ?” “Amigo,” ela respondeu, “se eu mesmo recebesse algo, daria a ti, mas se não ganho nada, o que darei ? O quê, prego, o rei já me deu ? Na estrada, quando questionado, 'Se aquela montanha lá fosse puro ouro, me darias um pouco ?' ele respondeu, 'Quem és tu ? Não daria nada.' “ “Bem, repetirias tudo isto diante do rei ?” ele perguntou. “Por quê não, amigo ?” ela respondeu. “Então quando estivermos na presença do rei,” ele disse, “te questionarei e você repetirá.” “Concordo amigo,” ela disse. Assim o Bodhisatva, quando ele permancia junto ao rei prestando reverência, questionou a rainha, dizendo, “Não receberemos, senhora, nada de tuas mãos ?” “Senhor,” ela respondeu, “quando eu ganhar alguma coisa, te darei um pouco. Mas, prego, o quê o rei me daria agora ? Quando voltávamos da floresta e avistamos uma montanha, perguntei a ele, 'Se aquela montanha fosse de puro ouro, me darias um pouco dele ?' 'Quem és tu ? Ele respondeu, 'Não te daria nada.' E com estas palavras ele recusou o que era fácil de dar.” Para ilustrar isto, ela repetiu a primeira estrofe :-

Ele poderia dar à pouco custo
O que não perderia, se escapasse.
Montanhas douradas concedi ;
Ele a tudo que pedi disse: “Não”.

O rei escutando isto pronunciou a segunda estrofe :-

Quando você pode dizer “sim, eu darei”,
Sem poder, nada promete.
Promessas quebradas são mentiras ;
Mentirosos são desprezados pelos sábios.

A rainha, quando escutou isto, elevando aos mãos juntas em saudação respeitosa, repetiu a terceira estrofe :-

Permanecendo na retidão,
Tu, ó príncipe, humildemente abençoamos.
Fortuna pode a tudo destruir ;
Verdade é ainda tua única alegria.

O Bodhisatva, ouvindo o louvor do rei pela rainha, estabelece as virtudes dela e repete a quarta estrofe :-

Conhecida em fama como esposa sem mácula,
Dividindo o bem e o mal da vida,
Igual a ti no mesmo fado,
Mesmo com reis, adequada para casar.

O Bodhisatva com estas palavras cantou os louvores da rainha, dizendo, “Esta senhora, sua majestade, nos tempos de tua adversidade, viveu contigo e partilhou de tuas dores na floresta. Deves honrá-la.” O rei, com estas palavras, lembrou-se das virtudes da rainha e disse, “Sábio Senhor, com tuas palavras me lembrei das virtudes da rainha,” e assim falando, transmitiu todo poder para as mãos dela. E também concedeu grande poder para o Bodhisatva. “Pois foi por ti,” ele disse, “que me lembrei das virtudes da rainha.”
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O Mestre, tendo terminado sua lição, revelou as Verdades e identificou o Jataka :- Na conclusão das Verdades, o marido e a esposa atingiram a fruição do Primeiro Caminho :- “Naquele tempo este fazendeiro era o rei de Benares, esta irmã leiga era a rainha e eu mesmo era o sábio conselheiro.”

// jataka 223

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