quinta-feira, 4 de junho de 2009

305 Em verdade não há...etc.


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305
Em verdade não há...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre a censura ao pecado. As circunstâncias serão estabelecidas no Jataka 459. O que segue é um breve sumário delas.
Quinhentos Irmãos vivendo em Jetavana por volta da meia noite, entram em discussão sobre o prazer dos sentidos. Bem, o Mestre em todas as seis divisões da noite e do dia mantem contínua vigilância sobre os Irmãos, como um caolho guarda seu olho único, um pai seu único filho, ou um iaque seu rabo. À noite, com sua visão sobrenatural em Jetavana, viu estes Irmãos, como estavam, como ladrões que encontraram seu caminho em algum grande palácio real. E abrindo sua câmara perfumada ele chamou Ānanda e o ordenou que reunisse os Irmãos na Casa do Piso Dourado e preparasse uma cadeira para ele na porta desta câmara perfumada. Ānanda fez como ordenado e chamou o Mestre. O Mestre então sentando no lugar preparado para ele, dirigiu-se aos Irmãos coletivamente e disse, “Irmãos, sábios antigos pensavam que não havia tal coisa como segredo no agir errado e portanto refreavam-se dele,” e contou a eles uma história dos tempos antigos.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida em uma família brahmin e quando já tinha idade, lhe foi ensinada ciência por um professor de fama mundial daquele cidade, que comandava uma classe de quinhentos alunos. Bem, este professor tinha uma filha crescida. E ele pensou : “Testarei a virtude destes jovens e a darei em casamento àquele que exceda em virtude.”
Então um dia ele assim se dirigiu aos pupilos : “Meus amigos, tenho uma filha crescida e tenho a intenção de dá-la em casamento mas preciso de vestidos e ornamentos apropriados para ela. Vocês portanto roubem alguns sem que seus amigos, conhecidos, o percebam e tragam-nos para mim. Aceitarei aquilo que ninguém perceba que foi tomado mas se deixares algo que tragas, ser visto, recusarei.” Eles consentiram dizendo, “Muito bem,” e a partir daquele dia furtaram vestidos e ornamentos sem que seus amigos percebessem e os trouxeram para ele. E o professor arrumou tudo que cada pupilo trouxera, em um lugar separado. O Bodhisatva contudo nada furtou.
Disse então o professor, “Você todavia, meu amigo, nada me trouxe.” “É vero, Mestre,” ele respondeu. “Por quê isto, meu amigo ?” ele perguntou. “Nada aceitas,” ele respondeu, “que não seja pego em segredo. Mas considero que não há tal coisa como segredo em agir errado.”
E para ilustrar esta verdade ele repetiu estas duas estrofes :-

Em verdade não há ato de transgressão, que neste mundo possa esconder-se,
Aquilo que o tolo, um segredo julga, os espíritos da floresta espiam.
Encobrimento em nenhum lugar pode ser encontrado, nem o vazio pode existir para mim,
Mesmo quando nenhum ser é visto, enquanto estou lá, nenhum vazio existe.

O Mestre, agradando-se dos versos disse, “Amigo, não há falta de bens na minha casa, mas ansioso por casar minha filha com uma pessoa de virtude, agi para testar estes jovens. Mas apenas você merece minha filha.” Ele então adornou a filha e a deu em casamento ao Bodhisatva, mas aos outros pupilos ele disse, “Levem de volta tudo que vocês me trouxeram, para as várias casas novamente.”
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Então o Mestre disse, “Foi assim, Irmãos, que os pupilos errados, devido a sua desonestidade, falharam em conquistar esta mulher, enquanto este jovem sábio por sua conduta virtuosa obteve-a como esposa.” E em sua Sabedoria Perfeita ele falou ainda duas outras estrofes :-

Mestres Bastardo, Baixo, Fácil e Alegre,
Com Bravo e Frágil por uma esposa, extraviaram-se ;
Mas nosso Brahmin, contemplando desde jovem a Lei,
Ganhou uma esposa pela coragem em sustentar a Verdade.

[ A Glosa explica que estes eram os nomes dos seis discípulos líderes entre aqueles que cederam à tentação.]

O Mestre, tendo terminado esta solene lição, declarou as Verdades e identificou o Jataka:- Na conclusão das Verdades estes quinhentos Irmãos atingiram Santidade :- “Naquele tempo Sariputra era o Professor e eu mesmo era o Jovem Sábio.”


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