terça-feira, 16 de junho de 2009

314 Buddha Asceta


         
                             Savatthi capital de Kosala

314
“Devida parte de riqueza...etc.” - Esta história o Mestre, contou enquanto residia em Jetavana, sobre o rei de Kosala (Pasenadi). Naqueles dias, dizem, o rei de Kosala uma noite ouviu gritos de quatro habitantes dos Ínferos – as sílabas de, si, na, lo, um grito para cada sílaba. Em existências prévias, a tradição diz, foram príncipes em Savatthi e culpados de adultério. Após errarem com as esposas dos vizinhos, não importando o quão bem guardadas estavam e indulgindo em suas tendências amorosas, suas vidas más foram cortadas curtas pela Roda da Morte, próximo à Savatthi. Vieram à vida novamente nos Quatro Caldeirões de Ferro. Após serem torturados por sessenta mil anos, chegaram em cima e vendo a borda da boca do Caldeirão, pensaram consigo mesmos, “Quando escaparemos desta miséria ?” E então todos os quatro gemiam em altos gritos, um após outro. O rei com o barulho ficou aterrorizado até a morte, e sentou na cama na cama esperando àurora incapaz de se mexer.
Àurora os brahmins vieram e a ele perguntaram sobre sua saúde. O rei responde, “Como, meus Professores, pode estar bem, quem haja escutado quatro tão terríveis gritos.” Os brahmins agitam as mãos [ N. do tr.: provavelmente para evitar mau presságio]. “O quê pode ser isto, meus Mestres ?” disse o rei. Os brahmins asseguram-no que o sons são agouro de grande violência. “Há remédio ou não ?” disse o rei. “Você pode dizer que não,” disseram os brahmins, “mas somos bem treinados nestas questões, Senhor.” “Por quais meios,” disse o rei, “vocês afastaram estes males ?” “Senhor,” eles responderam, “há um grande remédio em nosso poder e é oferecendo o sacrifício quádruplo de toda criatura viva que afastaremos este mal.” “Então sejam rápidos,” disse o rei, “e peguem quatro de toda criatura viva – pessoas, bois, cavalos, elefantes, descendo até as codornas e outros pássaros – e por este sacrifício quádruplo restaurem a paz à minha mente.” Os brahmins consentiram e tomando o que era necessário, cavaram um poço sacrifical e amarraram suas numerosas vítimas às estacas e ficaram altamente excitados com o pensamento de poderem comer esta carne toda e com as riquezas que ganhariam e iam e voltavam dizendo, “Senhor, devo ter tal e tal coisa.”
A rainha Mallikā vem e pergunta ao rei por quê os brahmins estão tão felizes e sorridentes. E o rei diz, “Minha rainha, o quê tens a ver com isto ? Estais intoxicada com tua própria glória e não sabes como sou infeliz.” “Que é isto, Senhor ?” ela respondeu.”Escutei gritos terríveis, minha rainha, e quando perguntei aos brahmins qual a causa de escutar tais gritos, eles me disseram que eu estava ameaçado de perigo no meu reino, na minha propriedade ou na minha vida mas ofertando o sacrifício quádruplo eles restaurariam a paz da minha mente, e agora em obediência à minha ordem, eles cavaram um poço sacrifical e buscam todas as vítimas necessárias”. A rainha Mallikā pergunta ao rei : “Meu senhor, já consultaste o brahmin chefe no mundo Deva sobre a origem destes gritos ?” “ Quem, senhora,” disse o rei, “é o chefe brahmin no mundo Deva ?” “O Grande Gautama,” ela responde, “o Supremo Buddha.” “Senhora,” ele disse, “não consultei o Supremo Buddha.” “Então vá,” ela respondeu, “e consulte-O.”
O rei escutou as palavras da rainha e após a refeição matinal, subiu em sua charrete de estado e dirigiu para Jetavana. Aí, após saudar o Mestre ele assim se dirigiu a ele : “Reverendo Senhor, à noite escuto quatro gritos e consultei os brahmins sobre isto. Eles se encarregam de restaurar a paz da minha mente pelo sacrifício quádruplo de todo tipo de vítima e estão ocupados agora preparando um poço sacrifical. Escutar estes gritos anunciam o quê para mim ?”
“Nada realmente,” disse o Mestre. “Certos seres no Inferno, devido àgonia que sofrem, gritam alto. Estes gritos,” ele continuou, “são escutados por você apenas. Reis antigos escutaram o mesmo. E eles também, após consultarem seus brahmins, estavam ansiosos em oferecer sacrifícios matando vítimas, escutando o quê sábios tinham para dizer, recusaram-se a fazer tal coisa. Os sábios explicaram a eles a natureza de tais gritos e pediram que soltasse a multidão de vítimas e assim restaurasse a paz da mente.” E ao pedido do rei ele contou uma história de dias idos.
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Certa vez qando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu em uma família brahmin, em uma certa cidade de Kasi. E quando em idade madura, renunciando os prazeres dos sentidos e abraçando a vida ascética desenvolveu poderes sobrenaturais da meditação mística e gozando das delícias da Contemplação habitava num bosque aprazível no Himalaia.
O rei de Benares neste tempo estava assustadoramente alarmado ao escutar estes quatro sons pronunciados por quatro seres que habitavam os Ínferos. E quando informado pelos brahmins exatamente do mesmo modo que um dos três perigos devia cair sobre ele, ele concordou com a proposta de dar um fim nisto através do sacrifício quádruplo. A família sacerdotal com a ajuda dos brahmins providenciou um poço sacrifical e uma grande multidão de vítimas foi trazida e amarrada nas estacas. Então o Bodhisatva, guiado pelo sentimento de caridade, contemplando o mundo com seu olho divino, quando viu o quê iria acontecer, disse, “Devo ir imediatamente e buscar o bem estar de todas estas criaturas.” E então com seu poder mágico flutuando nos ares, ele pousou no jardim do rei de Benares e sentou na laje de pedra real, semelhante à uma imagem dourada. O discípulo principal da família sacerdotal aproximou-se de seu professor e perguntou : “Não está escrito, Mestre, em nossos Vedas, que não há felicidade para aqueles que tiram a vida de qualquer criatura ?”. O sacerdote respondeu, “Você deve trazer para cá a propriedade real e teremos abundante comida gostosa para comer. Apenas permaneça quieto.” E com estas palavras ele manda o discípulo sair. Mas o jovem pensou, “Não terei parte nesta matança,” e foi e encontrou o Bodhisatva no jardim do rei. E após saudá-lo de maneira amigável, sentou-se a uma distância respeitosa. O Bodhisatva perguntou a ele, “Jovem, o rei legisla este reino com retidão ?” “Sim, Reverendo Senhor, ele legisla,” respondeu o jovem, “mas ele escuta quatro gritos à noite e ao questionar os brahmins, foi por eles assegurado que restaurariam a paz da mente dele oferecendo um sacrifício quádruplo. Assim o rei, estando ansioso em recuperar sua felicidade, está preparando um sacrifício de animais e um vasto número de vítimas foi trazida e amarrada em estacas sacrificais. Agora, não é certo santos como vós, explicar a causa destes barulhos e resgatar estasnumerosas vítimas das mandíbulas da morte ?” “Jovem,” ele respondeu, “o rei não nos conhece, nem nós conhecemos o rei, mas realmente sabemos a origem destes gritos e se o rei viesse e nos perguntasse a causa, esclareceríamos as dúvidas dele.” “Então,” disse o jovem, “apenas permaneça aí por um momento, Reverendo Senhor, e trarei o rei até ti.”
O Bodhisatva concordou e o jovem foi e contou ao rei tudo sobre e o trouxe até ele. O rei saudou o Bodhisatva e sentando em um lado perguntou a ele se era verdade que sabia a origem destes barulhos. “Sim, Sua Majestade,” ele disse. “Então diga-me, Reverendo Senhor.” “Senhor,” ele respondeu, “estes hoemns em existências anteriores foram culpados de grande má conduta com as cuidadosamente guardadas esposas de seus vizinhos próximos a Benares e daí re-nasceram nos Quatro Caldeirões de Ferro. Onde após serem torturados por trinta mil anos em um líquido grosso corrosivo aquecido em ponto de ebulição, afundavam até que atingir o fundo do caldeirão e depois elevavam-se até acima como espuma de bolha e após estes anos , encontram a borda do caldeirão e a buscando os quatro juntos desejavam falar as quatro estrofes completas, mas falhavam em fazer isto. E depois de pronunciarem apenas uma sílaba cada, afundam novamente nos caldeirões de ferro. Bem, um deles que afunda após pronunciar a sílaba 'de' estava ansioso de falar o seguinte :-

Devida parte de riqueza não demos ; levamos uma vida má :
Não encontramos salvação segura em alegrias que agora fugiram.

E quando falhou em falar isto, o Bodhisatva com seu conhecimento repetiu a estrofe completa. E de modo semelhante com o resto. O que pronunciou meramente a sílaba 'si' queria falar a seguinte estrofe :-

Sinistro destino daqueles que sofrem! Ah ! Quando virá a libertação?
Ainda depois de incontáveis eons, as torturas dos Ínferos não cessarão.

E novamente no caso daquele que pronunciou a sílaba 'na' esta era a estrofe que ele desejava falar :-

Não, sem fim são os sofrimentos dos condenados pelo destino;
Os males que fizemos na terra, cabe aqui expiarmos.

E aquele que pronunciou a sílaba 'lo' estava ansioso por falar o seguinte :-

Logo passaremos daqui, atingindo o nascimento humano,
E ricamente dotados de virtude levantaremos a muitos em atos de valor.

O Bodhisatva, após recitar estes versos um a um, disse, “Os habitantes dos Ínferos, Senhor, querem pronunciar uma estrofe completa mas por causa da grandeza de seus pecados, são incapazes disto. E quando assim experimentam o resultado de seu mau proceder, gritam alto. Mas nada tema ; nenhum perigo se aproxima de ti em consequência da escuta de tais gritos.” Assim ele tranquilizou o rei. Eo rei proclamou batendo o tambor dourado que a vasta hoste de vítimas seria liberta e o poço sacrifical destruído. E o Bodhisatva após deste modo assegurar o bem estar de numerosas vítimas, lá permaneceu por alguns dias e depois retornou para o mesmo lugar, sem nenhuma quebra em seu ênstase, nascendo no mundo de Brahma.
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O Mestre tendo terminado a lição, identificou o Jataka : “Sariputra naquele tempo era o jovem sacerdote e eu mesmo era o asceta.”

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