sexta-feira, 5 de junho de 2009

306 Buddha e a vendedora de jujubas



306
“Que fruta é esta...etc.” - Esta história foi contada pelo Mesre enquanto residia em Jetavana sobre a rainha Mallikā.
Um dia, eles dizem, houve uma disputa na corte entre ela e o rei ( Pasenadi, rei de Kosala ). As pessoas ainda falam disso como 'A querela do harém.' O rei ficou tão irado que passou a ignorar a existência dela. Mallika pensou : “ Imagino que o Mestre não sabe a raiva que o rei está de mim”. Mas o Mestre sabia de tudo e resolveu fazer as pazes entre eles. Assim, cedo pela manhã colocou o manto e tomando a tigela e a capa entrou em Sāvatthi com quinhentos irmãos e foi para a porta do palácio. A rei tomou a tigela dele, trouxe-o para dentro de casa e o colocou numa cadeira apropriada, derramando a Água dos Dons, nas mãos da Irmandade com o Buddha de líder e trouxeram arroz e bolos para comer. Mas o Mestre cobriu sua tigela com as mãos e disse: “Senhor, cadê a rainha?”.
“O quê você tem a ver com ela, Reverendo Senhor ?” ele respondeu. “A cabeça dela ‘tá virada, está intoxicada com as honras que desfruta.”
“Senhor,” ele disse, “depois de você mesmo ter depositado estas honras na mulher, é errado agora afastar-se dela, e não perdoar a ofensa que ela cometeu contra ti.”
O rei escutou as palavras do Mestre e mandou chamar a rainha. E ela serviu o Mestre. “Vocês devem,” ele disse, “viver juntos pacificamente,” e cantando os louvores das doçuras da concórdia, seguiu seu caminho. E a partir daquele dia viveram felizes juntos.
Os Irmãos levantaram uma discussão no Salão da Verdade sobre como o Mestre reconciliou o rei e a rainha com poucas palavras. O Mestre, quando entrou, perguntou o quê os Irmãos conversavam, e ao ser informado disse, “Não apenas agora, Irmãos, mas antes também os reconciliei com poucas palavras de conselho.” E ele contou uma velha história.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva era seu ministro e conselheiro temporal e espiritual.
Bem, um dia o rei contemplava a corte (o cortejo, o pátio) do palácio em uma janela aberta. E justo naquele momento a filha de um verdureiro (fruteiro), uma linda donzela na flor da juventude, permanecia com sua cesta de jujubas na cabeça bradando, “Jujubas, jujubas maduras, quem quer comprar jujubas ?” [ n. do tr.: Jujuba é um fruto, etimologia de jujuba é zizyphon (gr.) e ziziphy (lat.), goma arábica, indiana, como tantas coisas que são arábicas]. Mas ela não se aventurava adentrar a corte real , ficando na margem.
E o rei logo que ouviu a voz dela, apaixonou-se e quando ele soube que era solteira, mandou chamá-la e elevou-a à dignidade de rainha principal e depositou nela grande honra. Bem, ela era cara e querida aos olhos do rei. E um dia o rei sentou-se a comer jujubas em um prato dourado. E a rainha Sujātā, quando viu o rei comendo jujubas , questionou-o dizendo, “Meu senhor, o quê estais comendo ?” E ela pronunciou a primeira estrofe :

Que fruta é esta em forma de ovo, meu senhor, tão bela e rubra de cor,
Neste prato dourado diante de ti ? Prego, diga-me, onde elas crescem.


O rei que ficou irado disse, “Ó filha de verdureiro, negociante de jujubas maduras, não reconheces as jujubas, o fruto especial de tua própria família ?” E ele repetiu duas estrofes :-

De cabeça descoberta e roupa velha, minha rainha, não te envergonhavas,
De preencher teu colo com frutos de jujuba e agora perguntas o nome dela ;
Estais consumida de orgulho, minha rainha, não encontrando prazer na vida,
Saia e colha jujubas novamente. Não deves ser mais minha rainha.


Então o Bodhisatva pensou, “Ninguém a não ser eu mesmo, será capaz de reconciliar estes dois. Apaziguarei a cólera do rei e evitarei que coloque ela para fora.” então ele repetiu a quarta estrofe :-

Estes são os pecados de uma mulher, meu senhor, promovidas a alto rank:
Perdoe-a e cesse com tua ira, Ó rei, pois foi tu que a fizeste grande.


Assim o rei com este conselho perdoou a ofensa da rainha e a restaurou a posição anterior. E daí em diante eles viveram juntos felizes.
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O Mestre, sua lição terminada, identificou o Jataka : “Naquele tempo o rei de Kosala era o rei de Benares, Mallika era Sujata e eu mesmo era o Ministro.”



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