quarta-feira, 3 de junho de 2009

304 Buddha Naga



304
“Ó Daddara, quem... etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre um certo companheiro colérico. As circunstâncias já foram relatadas antes. Nesta ocasião quando a discussão surgiu no Salão da Verdade sobre a natureza irada do indivíduo, o Mestre entrou e quando à resposta a sua pergunta foi dito pelos Irmãos o tema da conversa, e mandou chamar o homem e perguntou, “É verdade, Irmão, o quê eles dizem, que és irascível ?” “Sim, meu Senhor, é verdade,” ele respondeu. Então o Mestre disse, “Não apenas agora, Irmãos, mas antigamente também este companheiro foi muito colérico e devido a sua têmpera irada, sábios de dias anteriores, apesar de levarem continuamente vida perfeitamente inocente como príncipes Nāga, tiveram que morar três anos em uma esterqueira suja.” E aqui ele contou uma velha história.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, as Nāgas Daddaras moravam no sopé do Monte Daddara na região do Himalaia e o Bodhisatva veio à vida como Mahadaddara, o filho de Suradaddara, o rei daquele país, com um irmão mais jovem chamado Culladaddara. Este último era colérico e cruel e seguia abusando e batendo nas donzelas Naga. O rei Naga, escutando sobre a crueldade dele, deu ordens para que o expulsassem do mundo Naga. Mas Mahadaddara conseguiu de seu pai que o perdoasse e salvou seu irmão da expulsão. Uma segunda vez o rei ficou bravo com ele e novamente foi induzido a perdoá-lo. Mas na terceira vez o rei disse, “Você evitou qu'eu expulsasse este sujeito que-não-serve-para-nada ; agora vocês dois conseguiram ser exilados deste mundo Naga e devem viver por três anos em Benares numa esterqueira.”
Deste modo os mandou para fora do país Naga e eles foram e viveram em Benares. E quando os garotos da vila os perceberam olhando para a comida deles numa vala limite da esterqueira, bateram neles e atiraram paus, torrões de terra e outros 'mísseis' e gritaram, “O que temos aqui – lagartos d'água com cabeças grandes e rabos de agulha ?” pronunciando outras falas abusadas. Culladaddara contudo, devido a sua natureza feroz e colérica, sendo incapaz de aguentar tal desrespeito disse, “Irmão, estes garotos estão zombando da gente. Eles não sabem que somos serpentes venenosas. Não posso tolerar o desprezo deles para conosco. Vou destruí-los com o sopro da minha narina.” E então dirigindo-se a seu irmão, ele repetiu a primeira estrofe :-

Oh Daddara, quem tal insulto pode suportar ?
Ouça, eles gritam ‘pau comedor de sapo na lama’ :
Pensar que estas indefesas e pobres criaturas ousem
Desafiar uma serpente de presas venenosas !

Escutando estas palavras Mahadaddara pronunciou o resto das estrofes :-

Levado em exílio a um porto estranho
Deve-se de abuso recolher uma boa provisão ;
Pois onde seu rank e virtudes ninguém conhece,
Só o tolo cuidaria de mostrar seu orgulho.
Aquele que em casa pode ser uma “luz brilhante”,
Fora, de pessoas de baixo nível, deve sofrer.

Deste jeito eles moraram lá por três anos. Então o pai deles os chamou de volta para casa. E a partir dali o orgulho deles estava abatido.
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Quando o Mestre terminou seu discurso, proclamou as Verdades e identificou o Jataka : - Na conclusão das Verdades o Irmão colérico atingiu a Fruição do Terceiro Caminho : “Naquele tempo o Irmão colérico era Culladaddara e eu mesmo era Mahadaddara.”

[ Cf. Jataka 524 e 545 . No primeiro Buddha é novamente um Naga no mundo dos Nagas e por sua piedade em querer purgar esta existência, sofre do mesmo modo nas mãos dos homens, como neste jataka : lembra aquela serpente de papel levada por baixo por oito pessoas em festas chinesas porque oito pessoas o carregam com varas. No segundo Ele é um ser humano levado ao mundo das Nagas para lá ensiná-las. Depois volta. Não que tenha sido fácil. ]



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