quarta-feira, 17 de junho de 2009

315 Buddha e a veação


315
“Para alguém que pede...etc.” - Esta foi uma história contada pelo Mestre enquanto residia em Jetavana, em como o Ancião Sariputra arranjou comidas delicadas para aguns Irmãos doentes sob tratamento médico [remédio-alimento]. O fato é que alguns Irmãos naquela época em Jetavana, após tomarem óleo purgativo, necessitavam de comidas delicadas. Aqueles que os ajudavam na doença, foram a Savatthi buscar os alimentos e depois de terem saído na coleta de ofertas numa rua no quarteirão dos Cozinheiros, voltaram sem nada terem conseguido do que queriam. Tarde do dia, o Ancião saindo para colher suas ofertas na cidade, encontra com estes Irmãos e pergunta a eles por quê já voltavam. Eles falam o que acontece. Sariputra diz-lhes: “Venham comigo.” E voltaram àquela mesma rua naquele quarteirão. E o povo deu a ele uma medida cheia do alimento delicado. Os ajudantes trouxeram a comida para os Irmãos doentes e a dividiram. Um dia comentavam no Salão da Verdade como alguns ajudantes deixavam a cidade, incapazes de conseguir comida -remédio para seus mestres doentes, quando o Ancião os levou na sua coleta de ofertas numa rua no quarteirão dos Cozinheiros e os fez voltarem com abundantes alimentos. O Mestre entra e questiona o que estão conversando e sendo informado sobre o quê é, diz, “Não apenas agora, Irmãos, Sariputra unicamente consegue comida. Anteriormente também sábios com voz macia e conhecedores em como falar agradavelmente obtiveram o mesmo.” E então ele conta um conto de tempos antigos.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu como filho de um rico mercador. Um dia um certo rastreador de cervos (caçador) conseguiu veação (venison, carne de veado) e enchendo sua carroça com a carne, retornava para a cidade com a intenção de vendê-la. Neste momento quatro filhos de ricos mercadores que viviam em Benares saíram fora da cidade e conversavam sentados em uma encruzilhada sobre o quê viram ou ouviram. Um destes jovens vendo o carro cheio de carne, se propôs a ir e conseguir um pedaço de veação com o caçador. Os outros disseram para ele ir e tentar. Deste modo ele foi até o rastreador e disse, “E aí, Seu, me dê um pedaço de carne.” O caçador respondeu, “Um homem que pede algo de outro deve falar com voz gentil : receberás um pedaço de carne de acordo com seu jeito de pedir.” E pronunciou a primeira estrofe :-

Para alguém que pede um favor, meu amigo, tua linguagem é chula no tom,
Tal linguagem merece uma parte tosca, em resposta, ofereço, pele e osso.

Então umdos amigos perguntou que linguagem ele havia usado ao pedir um pedaço de carne. “Eu disse, 'E aí, Seu !' ” ele respondeu. “Eu também,” disse òutro, “pedirei a ele.” Foi então até o caçador, rastreador, e disse, “E aí, mano velho, me dê um pedaço de veação.” O caçador respondeu, “Deves receber o pedaço que mereces, referente as palavras que falaste,” e repetiu a segunda estrofe :-

No nome de irmão existe um forte elo de ligação, unindo semelhantes um ao outro,
Como tua palavra gentil sugere, presente de osso e carne dou ao meu irmão.

E com estas palavras pegou e atirou para ele um pedaço de carne com osso da veação. Então um terceiro jovem perguntou com que palavras o último pediu pela carne. “Me dirigi a ele como irmão,” ele respondeu. “Então, eu também pedirei a ele,” ele disse. Foi em seguida até ao caçador e gritou, “Querido pai, me dê um pedaço de veação.” O caçador respondeu, “Receberás um pedaço de acordo com as palavras que falaste,” e repetiu a terceira estrofe :-

Com coração orgulhoso de pai movido piedosamente, escutando o grito de ‘querido pai’,
Respondo também a seu chamado amoroso, dando-te o coração do veado.

E com estas palavras ele pegou e deu a ele um saboroso pedaço de carne, com coração e tudo. Então o quarto dos jovens perguntou ao terceiro jovem, com quais palavras pedira a veação. “ah, eu o chamei 'Querido pai',” respondeu ele. “Então eu também pedirei um pedaço,” disse òutro e foi até o caçador e disse, “Meu amigo, me dê um pedaço de carne.” Disse o caçador, “De acordo com as palavras que falaste, receberás.” E repetiu a quarta estrofe :-

Um mundo sem amigos, aventuro-me a pensar, certamente é um deserto.
Neste título de amigo está implicado tudo que é querido, então te dou todo o veado.

E com isto disse, “Venha amigo, levarei toda esta carroça cheia de carne para tua casa.” Assim este filho de mercador teve a carroça levada até sua casa, e foi e descarregou a carne. E tratou o caçador com grande hospitalidade e respeito, e mandando chamar a esposa e e o filho dele o retirou desta ocupação cruel e o estabeleceu na sua mesma ocupação. E se tornaram amigos inseparáveis e por toda a vida viveram amigavelmente juntos.
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O Mestre tendo terminado sua lição identificou o Jataka : “Naquele tempo Sariputra era o caçador e eu mesmo o Filho do Mercador que recebeu toda a veação.”




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