quinta-feira, 21 de maio de 2009

296 Ancião Upananda


296
“Sobre as ondas do mar...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre Ancião Upananda. Este homem era um grande comedor e bebedor ; nada havia que o satisfizesse, mesmo carroças de provisões. Durante a estação chuvosa ele passava o tempo em dois ou três estabelecimentos, deixando seus sapatos em um, seu cajado em outro, sua tigela em um terceiro e em um quarto ele mesmo ficava. Quando visitou um mosteiro no campo e viu irmãos com todos os requisitos em mãos, ele passou a falar sobre as quatro classes de ascetas satisfeitos (n. do tr.: O recluso que está contente com as roupas dadas a ele, com a comida, com a cama e que se satisfaz na meditação) ; pegou as roupas deles, e os fez apanharem trapos no lixo ; os fez tomarem tigelas de barro e darem a ele todas as tigelas que tinham e as tigelas de metal ; então encheu uma carroça com eles e levou-aos para Jetavana. Um dia o pessoal começou a falar no Salão da Verdade. “Amigo, Upananda do clã Sakya, grande glutão, camarada guloso, fez pregação religiosa para outras pessoas e chegou aqui com uma carroça cheia de propriedades de padres !” O Mestre entrou e queria saber sobre o quê conversavam lá sentados. Eles disseram. “Irmãos,” falou ele, “Upananda errou antes discursando sobre este contentamento. Mas um homem deve primeiro de tudo tornar-se modesto em seus desejos, antes de louvar o bom comportamento das outras pessoas.

A si-mesmo primeiro estabeleça em correção,
Depois ensine ; o sábio não deve buscar auto-satisfação.

Indicando este verso do Dhammapada (verso 158) e censurando Upananda, prosseguiu, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Upananda foi ganancioso. Muito tempo atrás, ele pensou que até mesmo àgua do oceano devia ser poupada.” E contou um conto do mundo antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva tornou-se um Espírito-do-Mar. Bem, aconteceu de um Corvo-d'água estar passando pela superfície marítima. Ele seguia voando por cima e checando os cardumes de peixes e bandos de pássaros, gritando,
“Não bebam muita água-do-mar ! Cuidem dela !” Vendo-o, o Espírito-do-Mar repetiu a primeira estrofe :

Sobre as ondas do mar quem voa ?
Quem checa os cardumes de peixes e tenta
Os monstros do mar profundo parar,
Para que não bebam àgua do mar ?

O Corvo d'água escutou isto e respondeu com a segunda estrofe :-

Um bebedor nunca saciado
Assim todo mundo me chama,
Satisfeito tentaria beber o mar
E drenando, o senhor dos rios, secar.

Escutando isto o Espírito-do-Mar repetiu a terceira :-

Òceano sempre flui,
E novamente no mesmo dia reflui.
Quem já ouviu, d'oceano ter faltado ?
Ninguém conseguirá bebê-lo todo !

Com estas palavras o espírito assumiu uma aparência terrível e espantou para longe o Corvo d'água.
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Quando o Mestre terminou este discurso, identificou o Jataka : “Naquele tempo, Upananda era o Corvo d'água mas o Espírito era eu mesmo.”

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