quarta-feira, 6 de maio de 2009

284 sobre Anatha pindika




       
                     
                            ( Yakshas : o braço elevado é porque a Planta desce o galho para ajudar )
284
“Quaisquer riquezas que...etc.” - Esta história o Mestre contou sobre um brahmin que roubou boa sorte. As circunstâncias deste Jataka são dadas acima no Jataka 40. Como anteriormente, o espírito 'herético' que vivia na torre do portão da casa de Anatha pindika, fazendo penitência, trouxe cinquenta e quatro crores (quinhentos e quarenta milhões) em ouro, encheu os depósitos e tornou-se amiga do grande homem. Ele a levou para diante do Mestre. O Mestre discursou para ela. Ela escutou e entrou na corrente da conversão. Daí em diante a honra do grande homem se tornou tão grande quanto antes. Bem, vivia em Savatthi um brahmin, versado em sinais de sorte, que pensava deste modo : “Anatha pindika estava pobre e então ficou famoso. Que aconteceria s'eu fingisse que fosse vê-lo e roubasse a sorte dele ?” Assim foi até a casa dele, onde o receberam com hospitalidade. Após troca de civilidades, o hospedeiro perguntou por quê viera. O brahmin olhava ao redor procurando onde a sorte do homem descansava. Bem, Anatha pindika tinha um galo, branco como concha polida, que ele mantinha numa gaiola dourada, e na crista deste galo descansava a sorte deste grande homem.

 O brahmin olhou ao redor e espreitou onde a sorte descansava. “Nobre senhor,” disse ele, “ensino encantos mágicos para quinhentos jovens seguidores. Somos castigados por um galo que canta na hora errada. Teu galo canta na hora certa. Vim por causa dele ; você me daria o galo ?” “Sim,” disse o outro : e no mesmo instante que a palavra foi pronunciada , a sorte deixou a crista do galo e se estabeleceu numa joia deixada numa almofada. O brahmin observou que a sorte foi para a joia e pediu ela também. Assim que o proprietário concordou em dá-la, a sorte deixou a joia e se estabeleceu em um porrete para auto-defesa que também estava numa almofada. O brahmin viu isto e o pediu novamente. “Leve-o e se vá,” disse o proprietário ; e no mesmo instante a sorte deixou o porrete e se estabeleceu na cabeça da esposa principal do proprietário, que se chamava Senhora Puññalakkhana. O brahmin ladrão pensou, quando viu isto, “Este é um bem inalienável que não posso pedir.” Então ele contou ao grande homem, “Nobre senhor,” disse ele, “vim à tua casa para roubar tua sorte. A sorte estava na crista do teu galo. Mas quando me deste o galo, a sorte passou para esta joia ; quando me deste a joia ela passou para teu porrete ; quando me deste o porrete, ela saiu dele e passou para a cabeça da Senhora Puññalakhana. Com certeza isto é inalienável, nunca poderei ter. É impossível roubar tua sorte – guarde-a, então !” e levantando-se do seu assento, partiu. Anatha pindika decidiu contar ao Mestre ; e assim foi ao mosteiro e após saudá-lo respeitosamente, sentou em um dos lados e contou ao Buddha tudo que aconteceu. O Mestre escutou e disse, “Bom homem, atualmente a sorte de uma pessoa não vai para outra. Mas anteriormente a sorte pertencente àqueles com pouco entendimento, iam para os sábios;” e contou a ele um conto do mundo antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma família Brahmin no reino de Kāsi. Crescendo, foi educado em Takkasila ( Taxila ) e vivia com sua família ; mas quando seus pais morreram, muito triste, retirou-se para viver vida de recluso no Himalaia e lá cultivou as Faculdades e as Consecuções.

Um longo tempo se passou e ele desceu para as terras habitadas na busca de sal e temperos, e se alojou nos jardins do rei de Benares. Dia seguinte, em suas rondas de coleta, chegou na porta de um treinador de elefantes. Este homem agradou-se dos seus modos e caminhos, alimentou-o e deu a ele alojamento em seu próprio terreno, servindo-lhe continuamente.

Bem, aconteceu justo então que um homem cujo negócio era catar lenha , não conseguiu voltar da floresta para a cidade à tempo. Deitou para passar a noite em um templo, colocando um feixe de gravetos debaixo de sua cabeça como travesseiro. Neste templo havia um bando de galos livres, pousados perto em um'árvore. Já próximo do dia, um deles, que cantava alto, deixou pingar algo nas costas do pássaro de baixo. “Quem deixou cair isto em mim ?” gritou este. “Eu deixei,” gritou o primeiro. “E por quê ?” “Não ligue,” disse o outro ; e depois fez de novo. Daí os dois começaram a abusar um do outro gritando - “Que poder você tem ? Que pode você fazer ?” Por fim o de baixo disse, “Quem quer que me mate e coma minha carne assada em brasas, ganhará mil dinheiros pela manhã !” E o de cima respondeu - “Ora, ora, bravateias coisa pouca como esta ! Quem quer que coma minha carne se tornará rei ; se comer as extremidades, se tornará comandante-chefe ou rainha, conforme seja homem ou mulher ; se comer as carnes juntos dos ossos, conseguirá o posto de Tesoureiro real, se for dono de casa ; ou, se for sacerdote, se tornará o favorito do rei !”

O catador de lenha escutou tudo isto e ponderou. “Bem, s'eu me tornar rei, não haverá necessidade nenhuma de mil dinheiros.” Mansamente subiu n'árvore, pegou o galo de cima e o matou : amarrou em uma dobra de sua roupa, dizendo a si mesmo - “Agora serei rei !” Logo que os portões foram abertos, ele entrou. Depenou o pássaro, o limpou e o deu a esposa, pedindo a ela que preparasse a carne para comer. Ela aprontou com um pouco de arroz e colocou diante dele, pedindo a seu esposo que comesse.

“Boa esposa,” disse ele, “há grande virtude nesta carne. Comendo-a me tornarei rei e você minha rainha !” Então eles levaram carne e arroz para baixo junto das margens do Ganges, pretendendo banharem-se antes de comê-la. Então, deixando carne e arroz no chão nas margens, entraram para se banhar.

Justo então uma brisa agitou àgua, que levou a carne. Descendo o rio ele flutuava, até chegar ser vista por um treinador de elefantes, um grande personagem, que banhava seus elefantes mais abaixo. “que temos aqui ?” disse ele e pegou a comida. “Carne de pássaro com arroz, meu senhor,” foi resposta.

Ele mandou que embrulhassem e selasse, e a enviou para casa para sua esposa, com uma mensagem para que abrisse quando ele retornasse.

O catador de lenha corria com sua barriga estufada de água e areia que engolira.

Bem, um certo asceta, que tinha visão divina, o capelão favorito do treinador de elefante, pensava consigo mesmo, “Meu patrão amigo não deixa este posto com os elefantes. Quando terá promoção ?” Quando ele assim ponderava, viu este homem com seu insight divino e percebeu o quê acontecia. Ele voltou antes e sentou na casa do patrão.

Quando o mestre retornou, ele o saudou respeitosamente e sentou em um dos lados. Então, mandando que viesse o embrulho, ordenou que comida e água fossem trazidas para o asceta. O asceta não aceitou a comida que era oferecida a ele ; mas disse, “Dividirei esta comida.” O mestre deu licença a ele. Então separando a ave em porções, deu ao treinador de elefantes a carne, as extremidades para a esposa e pegou a parte dos ossos como sua porção. Depois que a refeição estava terminada, ele disse, “No terceiro dia a partir de hoje, você se tornará rei. Cuidado com o quê fazes !” e saiu fora.

No terceiro dia um rei vizinho veio e cercou Benares. O rei mandou seu treinador de elefantes se vestir em vestes reais , montar seu elefante e lutar. Ele mesmo colocou um disfarce e se misturou às hostes ; rápida veio uma flecha e o perfurou, de modo que ele pereceu, lá e então. O treinador, entendendo que o rei estava morto, mandou vir uma grande quantidade de dinheiro e bateu o tambor proclamando, “Que aqueles que querem dinheiro, avancem e lutem !” A hoste de guerreiros em um piscar de olhos matou o rei inimigo.

Após as exéquias reais, os cortesãos deliberaram quem seria feito rei. Eles disseram, “Enquanto nosso rei ainda estava vivo, ele colocou as vestes reais no treinador de elefantes. Este mesmo homem lutou e salvou o reino. A ele o reino deve ser dado !” E o consagraram rei e sua esposa foi feita rainha. O Bodhisatva tornou-se seu confidente.
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Após este discurso o Mestre, em sua perfeita sabedoria, pronunciou as duas estrofes seguintes :-

Quaisquer riquezas que aqueles que se empenham vigorosamente
Sem a ajuda da sorte podem sempre ganhar,
Tudo isto, pelo favor da deusa Fortuna / Sorte,
Ambos hábeis e não hábeis, igualmente obtêm.
Todo mundo diante de muitos nossa vista encontra,
Não apenas bons, mas criaturas bem diferentes,
Cujo lote é a fruição possuir
De riquezas em estoque que não são delas por direito.

Após isto o Mestre adicionou, “Bom senhor, estes seres não têm outro recurso mas seus méritos ganhos em nascimentos prévios ; isto os habilita a obter tesouros em lugares onde não há nenhuma jazida.” Então ele recitou a seguinte escritura.

Há um tesouro em todas as coisas boas
Que realiza o desejo de pessoas e deuses.
Visões finas, vozes, figura, forma, e soberania
Com toda sua pompa, descansa neste tesouro.
Domínio e governo, benção imperial,
A coroa do céu, está dentro deste tesouro.
Toda a felicidade humana, as alegrias celestes,
O si-mesmo do Nirvana, é tirado deste depósito.
Laços verdadeiros de amizade, a liberdade da sabedoria,
Firme auto controle, descansa neste tesouro.
Salvação, entendimento, treinamento próprio
Para fazer Pacceka Buddhas vem dele.
Assim tem este mérito uma virtude mágica;
O sábio e constante louva-o inteiramente.

Por fim o Pássaro repetiu a terceira estrofe,explicando os tesouros em que descansava a sorte de Anatha pindika.

Um galo, uma gema, um porrete, uma esposa -
Tudo isto estava provido de sinais de sorte.
Pois todos estes tesouros, seja sabido,
Uma pessoa boa e sem pecado tinha.

Então ele identificou o Jataka : “Ancião Ananda era o Rei e o sacerdote da família era o Buddha Mesmo.”








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