sexta-feira, 15 de maio de 2009

291 A Tigela dos Desejos


291
“Um pródigo certa vez...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre um sobrinho de Anatha-pindika. Esta pessoa dissipou uma fortuna de quarenta crores (quatrocentos milhões) em ouro. Depois visitou seu tio que lhe deu mil dinheiros e mandou fazer comércio com este dinheiro. O sujeito dissipou também este e voltou novamente ; e uma vez mais recebeu quinhentos dinheiros. Tendo dissipado este como o resto, na vez seguinte seu tio lhe deu duas vestes grosseiras ; e quando já tinha gasto estas e mais uma vez solicitava, seu tio o tomou pelo pescoço e o colocou porta para fora. O homem era incapaz e caiu na sarjeta e morreu. Arrastaram-no para fora (da cidade) e o jogaram lá. Anatha-pindika foi e contou ao Buddha o que aconteceu com seu sobrinho. Disse o Mestre, “Como poderias ter satisfeito um homem que muito tempo atrás falhei em satisfazer, mesmo quando dei a ele a Tigela dos Desejos ?” e com pedido, ele continuou contando um conto(a) do mundo antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu como filho de um rico mercador ; e após a morte de seu pai, tomou seu lugar. Em sua casa estava enterrado um tesouro de quatrocentos milhões. Ele tinha apenas um filho, único. O Bodhisatva fez ofertas e obras boas até que morreu e então veio a viver novamente como Sakra, rei dos deuses. Seu filho continuou fazendo um pavilhão através da estrada e sentando com muitos amigos ao redor, para beber. E pagava mil dinheiros para corredores e acrobatas, cantores e dançarinas, e passava o tempo bebendo, comendo e debochando ; ele vagava, pedindo som apenas e música e dança, dedicado a seus companheiros de alegria, afundado na esbórnia. Assim em pouco tempo ele dissipou todo seu tesouro de quatrocentos milhões, toda sua propriedade, bens e móveis e ficou tão pobre e miserável que andava trajado em trapos.
Sakra, enquanto meditava, tornou-se cônscio de quão pobre ele estava. Tomado de amor por seu filho, deu a ele uma Tigela de Desejos, com estas palavras : Filho, cuidado para não quebrar esta tigela. Enquanto você a tiver, sua fartura nunca terminará. Portanto cuide dela !” e então retornou para o céu.
Após isto o homem nada fez a não ser beber dela. Um dia, estava bêbado e atirou a tigela nos ares, pegando-a enquanto caía. Mas certa vez deixou-a escapar. Caiu no chão e espatifou ! Então ele ficou pobre novamente e andava em trapos, mendigando, tigela na mão, ate que por fim deitou junto a um muro e morreu.
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Quando o Mestre terminou este conto(a), continuou :-

Um pródigo certa vez uma Tigela adquiriu,
Uma Tigela que lhe dava todos os desejos do coração.
E da Tigela, enquanto dela cuidou,
Sua fartura era satisfatória.

Quando, soberba bebedeira, numa hora de descuido,
Ele quebrou a Tigela que lhe dava todo este poder,
Nu, pobre tolo ! em andrajos e farrapos, ele
Caiu em grande miséria.

Não de outro modo quem grande fortuna tem
Mas em desfrutá-la entra em desmedida,
Logo resseca-se, como o velhaco - pobre alma! -
Que quebrou sua Tigela dos Desejos.

Repetindo estas estrofes em perfeita sabedoria, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo o sobrinho de Anatha-pindika era o velhaco que quebrou a Tigela dos Desejos mas eu mesmo era Sakra.”

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